Conteúdo publicado há 9 meses

Esquema de troca de bagagens tinha check-in falso e código: 'mandar a bola'

O esquema de troca de bagagens no Aeroporto Internacional de Guarulhos envolvia a simulação de check-in e conversas entre os integrantes do grupo em códigos. Os detalhes foram revelados em reportagem do Fantástico, da TV Globo, neste domingo.

O que aconteceu:

Uma das primeiras etapas do esquema criminoso era a suposta realização de um check-in. Nas imagens, uma funcionária da companhia aérea Gol simula fazer o procedimento com um homem que leva uma mala, mas nenhum comprovante é emitido. Depois do falso check-in, o esquema criminoso continuava na área restrita do aeroporto.

A funcionária da Gol era orientada a contar uma mentira caso alguém perguntasse algo para ela sobre o despacho da bagagem. O plano era dizer que o dono da mala só pediu informação sobre check-in e que ela não o conhecia.

O esquema também envolvia uso de códigos. Em áudio interceptado pela PF, a atendente Carolina Pennachiotti, 35, reclama do trabalho e diz que está com fome e esperando mandarem "a bola". A bola significaria despachar cocaína.

Gravações mostram como o esquema funcionava:

Imagens obtidas pelo Fantástico, de 23 de outubro do ano passado, mostram um carro chegando ao aeroporto e o motorista indo embora. Um homem aparece descendo com uma mala cheia de cocaína.

Tamiris Zacharias, 31, funcionária da Gol, é gravada com um telefone na mão, perto de uma área de check-in. O homem com a mala, também com celular na mão, se encontra com Tamiris e chegam juntos ao balcão de atendimento.

Ela recebe a bagagem como se estivesse fazendo o procedimento normal, mas apenas encena e não emite comprovante. A mala carregada com cocaína vai para a esteira e Tamiris sai do guichê, acompanhada do homem, que depois vai embora sozinho. Ele não foi identificado.

Segundo o programa, havia 43 quilos de cocaína naquela mala, que foram descobertos só no destino, Lisboa, em Portugal. Nenhum criminoso apareceu para pegar a droga.

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A TV obteve imagens de outra vez que o crime teria acontecido, em 3 de março deste ano. Nessas, o funcionário Deivid Souza Lima sabe que câmeras filmam o local e, por isso, coloca uma mala para que ninguém veja o que acontece atrás. Neste momento outro funcionário identificado como Pedro Venâncio pega a etiqueta de uma bagagem e coloca no bolso. Cerca de 15 minutos depois, a mala com drogas aparece.

É quando Pedro coloca a etiqueta que ele furtou na mala, que também tinha 43 quilos de cocaína. A cocaína despachada viajou até Paris, na França. Lá, dois criminosos tentaram pegar a droga, mas acabaram presos.

A PF identificou três criminosos acusados de chefiar a quadrilha do aeroporto. Um deles é Fernando Reis, apelidado de Brutus. Ele que teria dado a orientação para Tamiris sobre o que dizer caso a questionassem sobre o check-in.

A defesa de Carolina disse ao Fantástico que a prisão configura violação das normas legais e que vai demonstrar a improcedência das acusações. A WFS Orbital, empresa terceirizada que contratou Carolina para orientar passageiros nas filas, informou que colabora com as investigações e oferece treinamento aos seus colaboradores.

Tamiris foi demitida e, em depoimento à polícia, confessou participação no esquema. A Gol informou que, desde abril deste ano, quando soube das investigações, se colocou à disposição das autoridades e que repudia tais ações criminosas.

Os advogados de Deivid, Pedro Venâncio e Brutus preferiram não se manifestar.

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