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Ouvidoria confirma 10 mortes e apura denúncias de abuso policial no Guarujá

Dez pessoas morreram durante operação policial em busca de suspeitos de matar um soldado da Rota no Guarujá (SP) na última quinta-feira (27), segundo a Ouvidoria da Polícia de São Paulo.

O órgão também apura denúncias moradores que apontam abuso e tortura cometidos em intervenções policiais. Um dos suspeitos foi preso na noite deste domingo (30).

O que aconteceu

O UOL teve acesso a áudios em que moradores do Guarujá afirmam que agentes da Rota entraram encapuzados nas comunidades, inclusive invadindo residências. Segundo os relatos, os policiais também teriam torturado um dos mortos, que estaria com marcas de queimaduras de cigarro no corpo.

Moradores acusam ainda os policiais de terem forjado flagrantes. Outro relato é de que uma das vítimas seria uma pessoa com esquizofrenia.

As denúncias estão sendo acompanhadas pela Ouvidoria das polícias, pela Comissão de Direitos Humanos da Alesp e pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP.

Oficialmente, a Secretaria de Segurança Pública só confirmou três mortes. No entanto, segundo a Ouvidoria, dez pessoas morreram e ao menos oito corpos já foram identificados.

Nas redes sociais, o perfil de um soldado da PM faz posts com um suposto saldo de mortes: "Atualizando o placar até o momento: 12x1", "mais um vagabundo para a pedra", escreveu o policial.

No Instagram, as publicações em que ele exibe comentários ou informações sobre as operações no Guarujá são acompanhadas de uma trilha sonora com uma música que diz "hoje as pessoas vão morrer". O perfil tem mais de 27 mil seguidores e pertence a um policial da ativa.

Perfil de soldado comemora supostas mortes nas redes sociais
Perfil de soldado comemora supostas mortes nas redes sociais Imagem: Reprodução Instagram
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Sobre o policial, a Ouvidoria afirma que vai solicitar a devida apuração e providências cabíveis para a Corregedoria da Polícia Militar.

O UOL solicitou um posicionamento da Secretaria de Segurança Pública sobre as publicações do agente, mas o órgão não comentou o caso. texto informa que dois suspeitos foram presos, um morreu e um estava foragido. A nota diz ainda que "até o momento não foram constatados abusos por parte da polícia, que segue, na Operação Escudo, os mesmos protocolos de ação preconizados pela corporação. As denúncias de abuso serão devidamente investigadas pela corporação."

De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alesp, o deputado Eduardo Suplicy, houve uma reunião de representantes das comissões de Direitos Humanos da OAB, da Alesp e da Ouvidoria das polícias na tarde deste domingo. As equipes planejam fazer uma visita às comunidades do Guarujá ainda esta semana para verificar as denúncias. Uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública também foi marcada.

Estamos preocupados com eventuais abusos que possam estar acontecendo, no sentido de moradores da favela estarem sendo tratados de uma maneira desrespeitosa, inadequada. Vamos procurar esclarecer esses episódios Eduardo Suplicy

Morte do policial

O soldado Patrick Bastos Reis foi morto durante patrulhamento na comunidade Vila Zilda. O caso aconteceu na noite da última quinta-feira (27). "Os PMs do 1º Batalhão de Choque faziam patrulhamento pela comunidade quando foram atacados por criminosos armados que efetuaram disparos de arma de fogo", informou a SSP, em nota.

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Um cabo de 39 anos que o acompanhava também foi atingido e levado a uma UPA. A vítima ferida está em observação e não corre risco de morrer.

Ainda na quinta (27), a PM deflagrou operação para identificar os autores do crime. A ocorrência foi encaminhada para a Polícia Civil para o registro dos fatos.

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