Porto que recebeu 1 milhão de escravizados será reinaugurado no Rio

O Cais do Valongo, na região portuária do Rio, será reinaugurado no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), do Ministério da Cultura.

O que aconteceu?

O IDG (Instituto de Desenvolvimento e Gestão) realiza obras de revitalização no Cais do Valongo desde julho deste ano.

As obras incluem instalação de guarda-corpo, nova iluminação, módulos expositivos, placas e totens de sinalização.

A proposta é que as mudanças melhorem o acesso ao local e que ele seja referência no resgate da história negra no Brasil.

O Cais representa o principal porto de desembarque de africanos escravizados em todas as Américas e foi o único que se preservou materialmente.

Estima-se que tenham passado por ele cerca de um milhão de pessoas traficadas da África. Desde 2017, ele é declarado pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade.

As obras de revitalização fazem parte de uma série de ações que foram anunciadas em março, diante da retomada do Comitê Gestor do local - instrumento exigido pela Unesco para a preservação do sítio arqueológico.

Na ocasião, as ministras da Cultura, Margareth Menezes, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, a primeira-dama, Janja Lula da Silva, e o presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, visitaram o local.

Um museu também está previsto para ser construído até 2026.

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Local emblemático da história negra brasileira, o Cais do Valongo também foi uma das regiões visitadas pelo chef João Diamante no documentário Origens, um chef brasileiro no Benin, que retrata a sua experiência inédita pelo país africano, segunda região de onde mais pessoas foram raptadas.

Redescoberto

Em 1843, o Cais do Valongo foi aterrado pelo Império e só foi redescoberto durante as obras do Porto Maravilha, em 2011.

Na época, arqueólogos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) passaram a trabalhar por lá.

A escavação abriu um pedaço de terreno de quatro mil metros quadrados. De lá saíram centenas de artefatos de matrizes africanas, o que deu início a um amplo processo de resgate histórico na região.

Em 2012 a Prefeitura do Rio de Janeiro acatou a sugestão de organizações dos movimentos negros que acompanhavam a recuperação dos objetos e transformou o espaço em um monumento preservado e aberto à visitação pública.

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O Cais também passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana.

*Colaboração Daniele Dutra, do Rio de Janeiro.

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Acarajé ou akará? Só tem feijoada no Brasil? E quem são os "brasileiros-africanos" do Benin? Pela primeira vez na África, o chef João Diamante mergulha entre passado, presente e futuro da história e do sabor brasileiro. Assista agora "Origens - Um chef brasileiro no Benin":

Sabor da Tradição - EP #2

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