Pastelaria denuncia racismo: 'Sou maior do que essas palavras', diz vítima

Gabriel Fernandes da Cunha, dono e entregador da pastelaria de Campo Bom, Rio Grande do Sul, que foi alvo de racismo de uma cliente que exigiu um ''motoboy branco" para entregar uma encomenda, afirmou ao UOL News se considerar "maior do que essas palavras".

É importante a gente relatar o caso, mas sou muito maior que algumas palavras que uma pessoa que nem sei quem é colocou no pedido para me afetar, sou muito maior do que isso. Tanto que minha atitude inicialmente seria amassar o pedido e jogar fora e ela ficar sem o produto que a gente faz com carinho.

Segundo Gabriel, a Polícia Civil disse estar investigando quem seria a pessoa responsável pela mensagem. Até o momento, o que foi descoberto é que a conta foi criada exclusivamente para enviar esse pedido.

A gente sabe que não é fácil descobrir um perfil falso que está na internet, depende de vários setores. O delegado e a equipe de investigação já estão indo atrás disso. A gente gostaria que a pessoa fosse identificada porque, além e toda repercussão, ela prejudicou um condomínio onde muitas pessoas pedem para a gente e hoje estão se sentindo oprimidas e com medo de pedir uma entrega.

O que aconteceu

O caso aconteceu na noite da última terça-feira (14). A loja fica em Campo Bom e 90% de seus pedidos são por delivery.

Em um dos pedidos, uma cliente exigiu que sua entrega fosse feita por um ''motoboy branco''. "Última vez veio um motoboy negro, peço a gentileza que mande um branco, não gosto de pessoas assim encostando na minha comida", escreveu a mulher no campo das observações do aplicativo.

Daniela Oliveira, dona do local, contou que a ofensa foi dirigida a seu marido Gabriel Fernandes da Cunha, também proprietário e que realiza entregas em dias de muito movimento. "Eu estava na cozinha quando saiu aquela nota, eu li e na hora não entendi muito bem'', relata Daniela ao UOL.

A proprietária respondeu a cliente pela plataforma e entrou em contato com o aplicativo, que forneceu orientações iniciais sobre a denúncia. Em seguida, o esposo foi à delegacia para registrar um boletim de ocorrência.

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Investigações

O síndico do condomínio informado pela cliente disse que o número do apartamento não existe e que não há nenhuma moradora com o nome que constava na plataforma, segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.

A polícia investiga o caso para descobrir a verdadeira autoria do crime. "Se a intenção foi ofender alguém especificamente, responderá pelo crime de injúria racial. Se foi para discriminar um grupo de pessoas em razão da cor da pele, então deve responder por um dos tipos penais de racismo", explicou o delegado Rodrigo Camara, que garantiu tratar o caso como prioridade.

A rede de pastelaria prestou solidariedade à franquia gaúcha. ''Tamanha agressão não passará impune'', escreveu.

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