Família de empresário que matou policial diz que ele era 'pessoa do bem'
A família do empresário Rogério Saladino, que matou uma policial civil e morreu após uma troca de tiros com um colega dela, divulgou uma nota dizendo que ele era uma "pessoa do bem" e criticando a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
O que aconteceu
Família diz que Saladino pensou que abordagem dos policiais era um assalto. Segundo a nota, o empresário recebia amigos em casa, no Jardim América, bairro nobre de São Paulo, quando foi alertado por um de seus funcionários "que tudo indicava que estavam sendo alvo de um assalto". A família diz que ele estava alarmado porque a casa vizinha havia sido alvo de um roubo no dia anterior — o caso foi justamente o que motivou a presença da equipe policial na rua.
Empresário pensou se tratar de situação de legítima defesa, acrescenta a nota. Ainda conforme a versão da família, Saladino atirou duas vezes para o alto, abriu o portão da garagem e disparou contra a policial Milene Bagalho Estevam. Na sequência, ele foi atingido pelo policial que estava com a investigadora e caiu no interior da garagem. O funcionário da casa, identificado como Alex, "também em situação de legítima defesa", pegou a arma que estava no chão para reagir, mas também foi atingido pelo policial e morreu.
Saladino e funcionário não eram pessoas violentas, conforme a família. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o empresário tinha passagens por homicídio, crime ambiental e lesão corporal. Sobre o homicídio, a nota informa se tratar de um atropelamento ocorrido na estrada de Natividade da Serra (SP) há 25 anos no qual ele prestou "imediato socorro à vítima e assistência à família". Já em relação ao crime ambiental, a família diz que o caso foi resolvido por meio de um ajuste de conduta com a Justiça da cidade de Natividade da Serra. Não houve menção ao registro de lesão corporal.
Família pede que Secretaria de Segurança reveja "seus controles". Eles reclamam que o medo de assaltos na região "não é novidade". Milene e o colega usavam uma viatura descaracterizada, mas estavam identificados como policiais ao chegarem à casa do empresário. Eles tocaram a campainha para pedir imagens das câmeras de segurança para tentar elucidar o crime na casa vizinha.
Leia a nota na íntegra:
A família do empresário Rogério Saladino vem a público prestar alguns esclarecimentos relativos à trágica ocorrência de sábado,16, que lamentavelmente, ceifou a vida da policial Milene Estevam, do colaborador Alex James e do próprio Rogério.
Como já foi amplamente divulgado, no dia dos fatos , Rogério recebia seis amigos em sua residência para um pequeno almoço de confraternização. Determinado momento, por volta das 18h30, Rogério foi alertado por um de seus colaboradores que tudo indicava que estavam sendo alvo de um assalto.
Alarmado com o fato de que a residência do seu vizinho havia sido assaltada no dia anterior, Rogério, supondo situação de legítima defesa, desferiu dois tiros para o alto, abriu o portão da garagem, e desferiu o tiro que veio a vitimar fatalmente a policial Milene. Na sequência, o próprio Rogério foi atingido e caiu no interior da garagem. Em seguida, segundo relatos, o colaborador Alex, também em situação de possível legítima defesa, se apropriou da arma que se encontrava no chão com intuito de defender Rogério, os amigos que se encontravam no interior da casa e sua própria vida; porém, acabou sendo ele próprio o alvo de outros disparos efetuados pelo policial que acompanhava Milene na operação, culminando com a morte de ambos.
O medo de assaltos instaurado na região tampouco é novidade. O funcionário Alex tinha suas razões para imaginar que seria mais um caso. Rogério acreditou que seria ele a nova vítima do roubo e procurou proteger a si mesmo e seus convidados, mesmo diante do perigo que estaria por vir.
Nem Rogério e nem Alex eram conhecidos como pessoas violentas, pelo contrário. As ocorrências pretéritas noticiadas não esclarecem os casos como deveriam. Uma se refere a um atropelamento ocorrido há mais de 25 anos, no qual Rogério prestou imediato socorro à vítima e assistência à família; a outra, um suposto crime ambiental solucionado por meio de um ajuste de conduta com a justiça do município de Natividade da Serra, interior de São Paulo.
Rogério sempre foi um empresário respeitado na área de medicina de diagnóstico, um grande empregador admirado por todos seus colaboradores, fornecedores e clientes.
De boa-fé, acreditamos que as circunstâncias não foram favoráveis a nenhum dos envolvidos. Esperamos, com a mesma sinceridade, que a Secretaria de Segurança Publica possa avaliar com costumeiro cuidado e diligência o caso, revendo seus controles para que episódios tão lamentáveis como este, que acabaram por vitimar pessoas do bem, não se repitam. Fica nosso luto por Milene, Alex e Rogério.
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