'Parei de comprar móvel. Agora só tenho cadeira', diz vítima da chuva no RJ

A aposentada Elci Fernandes de Oliveira, 60, precisou ser resgatada às pressas dentro de casa em Nova Iguaçu, devido às fortes chuvas na Baixada Fluminense do Rio.

O que aconteceu

A cadeirante conta que dessa vez não perdeu nada, porque já tinha perdido quase tudo nas chuvas anteriores. Ela mora em Nova Iguaçu há 48 anos.

"Parei de comprar as coisas. Já perdi móvel de quarto, guarda-roupa, sofá... Cansei de comprar", lamenta Elci. "A casa está praticamente vazia, dessa vez não temos mais nada a perder. Agora só tem cadeira para sentar na minha casa."

A chuva do último sábado (13) alagou novamente a casa da cadeirante, que estava sozinha no momento do temporal. Como a irmã mora na casa de cima, o sobrinho e amigos resgataram Elci e sua cadeira de rodas.

"Ninguém aguenta mais. Todo mundo quer sair daqui", desabafa. "Perder as coisas é horrível, porque é tudo comprado com tanto sacrifício. Mas o pior de tudo é ficar exposta, tendo problemas de saúde, já que as autoridades de Nova Iguaçu não fazem nada", disse a moradora ao UOL.

Foi um caos como sempre. Liguei para o meu marido voltar para casa correndo para tentar salvar as coisas. O pior é que não temos como sair daqui e pagar um aluguel. Ele não tem trabalho fixo porque precisa cuidar de mim, me acompanhar nas consultas, e minha aposentadoria é para pagar remédios e alguns exames.
Elci Fernandes de Oliveira, aposentada

"É assim todo ano, e dessa vez foi a pior que teve." Segundo a aposentada, "na chuva de 2021 foram uns 80 centímetros de água dentro de casa, e dessa vez chegou a um metro".

"Todo mundo aqui na rua perdeu tudo." Vizinhos também tiveram suas casas invadidas pela água e perderam seus bens.

De sábado para domingo, ela e seu marido, Alexandre Satyrio, 61, dormiram na casa da irmã de Elci, que fica no andar de cima. No dia seguinte, quando a água escoou, eles desceram para limpar os estragos das chuvas.

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Elci teve um AVC aos 34 anos, quando ficou cadeirante. Ela sofre de lúpus e tem um problema pulmonar, que pode ser agravado em contato com a água suja das enchentes.

O que diz a prefeitura

A Prefeitura de Nova Iguaçu informou que um gabinete de gerenciamento de crise foi criado para analisar os impactos provocados pela chuva até que a cidade volte à normalidade.

"O prefeito Rogério Lisboa se reuniu, em seu gabinete, com o governador em exercício Thiago Pampolha Gonçalves e demais autoridades para apresentar a situação do município e traçar estratégias para minimizar as consequências das chuvas. Equipes realizam a limpeza e desobstrução de bueiros, valões e rios, assim como a remoção de entulhos", diz a publicação de domingo (14).

A prefeitura também informou que, nos pontos de apoio montados pela Secretaria Municipal de Assistência Social, ocorre um levantamento das perdas das pessoas afetadas pela chuva. Também são fornecidos, em visita domiciliar, roupas, colchão, produtos de limpeza e cesta básica.

Pontos de apoio informados pela Prefeitura:

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  • Espaço Municipal da Terceira Idade (Av. Luis de Matos, 736 - Bairro da Luz);
  • Instituto Chrisan (Rua Frei Frederico Vier, 175 - Alto da Posse);
  • Ministério da Terra Prometida (Rua Barão de Tinguá, 88 - Centro);
  • Ministério da Terra Prometida (Rua Eduardo Fernandes, 130 - Caioaba);
  • CRAS Estação Morro Agudo - (Rua Formosa, 256 - Comendador Soares);
  • CRAS Fazenda Cabuçu (Rua Abílio Augusto Távora, s/ - Praça do Valverde);
  • CRAS Maxambomba (Av. Governador Portela, s/ - Praça Santos Dumont, Centro;
  • CRAS Monte Verde (Rua Pedro Cunha, 48 - Ponto Chic);
  • Casa da Juventude Iguaçuana (Rua Liberdade, 56 - Califórnia);
  • Colégio Estadual Milton Campos (Rua Tupinamba, 271 - Moquetá);
  • CRAS Bom Retiro (Estrada Luis de Lemos, 2556 - Nova América).

Em caso de emergência, ligue: 199 / 2667-5751 / 98160-9740.

Envio de alertas à população. O Corpo de Bombeiros informou que o Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden-RJ) está acompanhando as condições meteorológicas e os níveis pluviométricos em todo o território fluminense, enviando alertas para os municípios quando necessário.

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