Com falhas em câmeras, presídio registrou apenas uma imagem de fuga, diz TV
Do UOL, em São Paulo
18/02/2024 23h53Atualizada em 19/02/2024 01h02
A má qualidade das câmeras de segurança do presídio de segurança máxima em Mossoró (RN) pode ter prejudicado o monitoramento da unidade na noite em que dois detentos fugiram. Há apenas um registro da saída de Rogério Mendonça e Deibson Nascimento, na quarta (14), segundo investigadores disseram à reportagem do Fantástico.
O que aconteceu
Na sequência que mostra a fuga dos dois detentos, a qualidade do vídeo é ruim. É possível ver que eles passam por baixo da tela de segurança para sair do presídio.
Sabonete foi usado para mascarar reboco da parede. De acordo com a reportagem, a investigação confirmou que os detentos usaram uma mistura de sabonete e papel higiênico para camuflar os buracos feitos nas paredes. Peritos do Instituto Nacional de Criminalística querem calcular quanto tempo eles levaram para retirar a luminária e abrir o buraco na cela. A estimativa é de mais de três dias.
Uma das linhas de investigação aponta que os detentos usaram pedaços de ferro para retirar a luminária. O material pode ter sido arrancado das paredes, do banheiro e até de uma mesa de concreto.
Câmeras inoperantes
Relatório de maio de 2021 revelou que 124 das 192 câmeras instaladas no presídio de segurança máxima em Mossoró (RN) estavam inoperantes. O documento obtido pela TV Globo diz ainda que as 68 câmeras que funcionavam apresentavam instabilidade.
Outro relatório, de agosto de 2023, feito pela divisão de inteligência da unidade prisional, apontou falhas na segurança das celas. A investigação feita alertou que se algum preso conseguisse retirar a luminária, ele teria acesso à área externa.
Houve outra falha em 2019. Um relatório sigiloso mostrou que um integrante do PCC fugiu do pátio do banho de sol e pegou a arma de um agente. A ação não foi registrada por câmeras de segurança.
Vistorias deveriam ser diárias, diz corregedor
Corregedor diz que vistorias diárias deveriam ocorrer diariamente nas celas. O juiz federal Walter Nunes, corregedor da Penitenciária Federal de Mossoró, deu a declaração em entrevista à GloboNews. "Precisa inspecionar a cela", defendeu. Ele acrescentou ainda que "se os procedimentos forem feitos regularmente, não vai aparecer ninguém correndo da cela".
O corregedor ressaltou que a gestão já teria conhecimento, desde 2019, sobre falhas nas câmeras de segurança no presídio. Ele também afirmou que as câmeras, por previsão legal, não podem ficar dentro das celas. "Mas as demais poderiam funcionar", disse.
Essa não foi a primeira tentativa de fuga de Rogério e Deibson. Eles tentaram fugir juntos de um presídio no Acre. Na ocasião, os dois serraram grades da cela. Em 2023, a dupla foi transferida para Mossoró após participarem de uma rebelião em Rio Branco.
A Polícia Federal também apura se houve participação de terceiros na fuga. A direção do presídio foi afastada após a fuga.