Conteúdo publicado há 10 meses

Mossoró: Juiz diz que cela estava deteriorada e não havia defeito em postes

O juiz federal Walter Nunes, corregedor da Penitenciária Federal de Mossoró, afirmou neste domingo (18) que não havia defeito na iluminação da unidade prisional. A declaração foi feita em entrevista à GloboNews.

O que aconteceu

O juiz disse que havia postes de luz desligados no momento da fuga de dois detentos, na madrugada de quarta (14). Ele relatou que esteve na penitenciária e conversou com peritos. "Inclusive, ele [o perito] me disse que um poste estava desligado por causa do interruptor. Não era que estava com defeito", afirmou.

O corregedor contou que visitou as duas celas vizinhas onde ficavam os fugitivos e que uma delas estava "bastante deteriorada". "Eu estive lá na cela. Realmente, uma das celas tinha uma certa deterioração. Eu conversei com o perito e observei a cela". Nunes defendeu que não deveria ter deterioração no local. "É questão de manutenção", disse. Imagens exibidas pela GloboNews mostram que parte da parede estava danificada.

Ele voltou a dizer que as barras de ferro usadas pelos presos podem ter sido entregues a eles nas celas. "Eu gostaria muito que, realmente, a barra utilizada tivesse sido tirada de dentro da cela pelo interno. Mas como eu já disse, em uma entrevista anterior, não foi isso que aconteceu". Segundo o juiz, o perito teria garantido que a barra de ferro encontrada no local não foi a utilizada para fazer a abertura na parede. "Era maior do que essa", teria dito o profissional.

Para Walter Nunes, deveria ocorrer vistoria diária nas celas. "Precisa inspecionar a cela", defendeu. Ele acrescentou ainda que "se os procedimentos forem feitos regularmente, não vai aparecer ninguém correndo da cela". "Se não fazia [vistoria todos os dias], tem que rever esse procedimento. Eu insisto. Não necessariamente a gente está falando em corrupção. A gente está falando da ausência de procedimentos que deveriam ser tomados. Não sou juiz corregedor a partir de hoje, sou desde 2011, frequento presídios todos os meses", argumentou.

O corregedor ressaltou que a gestão já teria conhecimento, desde 2019, sobre falhas nas câmeras de segurança no presídio. Ele também esclareceu que as câmeras, por previsão legal, não podem ficar dentro das celas. "Mas as demais poderiam funcionar", disse.

Há uma evolução de tecnologia muito grande. Tem havido substituições [de câmeras]. Não posso precisar, mas houve uma licitação no ano passado. As câmeras foram adquiridas. Em uma inspeção que eu fiz lá, um policial penal responsável pela área me mostrou uns lotes das câmeras adquiridas pela licitação. Ele falou que a empresa entregou as câmeras diferentes do pedido na licitação, de menor qualidade. Por isso, foi feita a devolução.
Walter Nunes, juiz corregedor

Lula fala em possível conivência

Mais cedo, durante viagem à Etiópia, o presidente Lula (PT) disse que "parece que teve conivência com alguém do sistema lá dentro". Ele, no entanto, não apresentou provas. "Só faltou contratarem uma escavadeira", afirmou.

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A Federação Nacional dos Policias Penais nega e diz que a fuga foi "oportunidade aproveitada". Segundo o grupo, é cedo para concluir que houve auxílio de servidores e comentários dessa natureza são "irresponsáveis".

"Findadas as apurações, se tiver algum policial penal federal envolvido, cortaremos a própria carne sem qualquer corporativismo", diz a nota. A federação afirma que o "maior orgulho sempre foram os números estatísticos de zero fuga, zero rebelião, zero celular".

Essa foi a primeira fuga em um presídio de segurança máxima no país. Segundo o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, houve falha em uma série de protocolos.

Estamos à procura dos presos e esperamos encontrá-los. E obviamente queremos saber como esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu.
Lula

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