Conteúdo publicado há 8 meses

Objeto luminoso no céu do RS pode ser pedaço de satélite 'secreto'

O objeto luminoso flagrado na madrugada de ontem pode ser um fragmento de um satélite "secreto", segundo a Bramon (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros), que analisa o avistamento.

O que aconteceu

As imagens foram capturadas pelas câmeras do projeto Bate-Papo Astronômico e do campus Santo Ângelo do Instituto Federal Farroupilha, no Rio Grande do Sul.

A captura das imagens do objeto ocorreu por volta das 5 horas de ontem pelas estações automáticas do projeto, que possuem softwares específicos, câmeras de alta sensibilidade, que ficam monitorando algumas regiões do céu durante toda a noite.

Segundo o diretor-executivo do Bate-Papo Astronômico, Fabricio Colvero, que opera as estações, pela característica da visualização, onde o brilho aumenta e diminui repetidas vezes, se trata de algum objeto girando no próprio eixo, na órbita baixa da Terra.

Isso ocorre normalmente com objetos que já estão fora de uso, fora de operação e até mesmo "fora de controle". "Então esse objeto entra em rotação e conforme ele vai girando, os painéis solares ou a própria estrutura do objeto terminam refletindo a luz solar em vários momentos", explicou Colvero ao UOL.

A primeira certeza dos pesquisadores foi de que o objeto era artificial, pois estava em uma órbita baixa da Terra, o que implica numa velocidade em torno de 28 mil quilômetros por hora, considerada insuficiente para um corpo celeste, como um meteorito, por exemplo. Todo objeto em órbita terrestre baixa acaba sofrendo o que se chama de deterioração orbital, por conta do atrito provocado por gases liberados pela atmosfera. É quando ele começa a "cair" sobre a Terra.

O que mais nos chamou a atenção é que a gente não conseguiu até o momento localizar esse objeto especificamente no nosso banco de dados. Isso porque ele pode ser um objeto já desatualizado no banco de dados e por algum tempo ninguém o observou ou ninguém o relatou. Ele também pode ser um objeto secreto de uso militar, por exemplo, de alguma nação.
Fabrício Colvero, diretor-executivo do Bate-papo Astronômico

A última hipótese de Colvero está prestes a ser confirmada pela Bramon, entidade responsável pela investigação do avistamento. Ao UOL, o pesquisador Marcelo Zurita afirmou que já é quase certeza de que se trata de um fragmento de um satélite operacional "secreto". O que resta fazer é identificar de qual dos inúmeros satélites sem catalogação e em ruínas na órbita terrestre esse fragmento faz parte.

Atualmente, existem mais de 30 mil objetos catalogados que vagam na órbita terrestre. Muitos circundam o planeta há décadas. Além disso, há um número impreciso de outros objetos, que não estão catalogados e suas coordenadas jamais foram informadas aos serviços de monitoramento espacial. São os satélites secretos. Mesmo operacionais e lançados por grandes potências, como Estados Unidos, China, Rússia e países do Oriente Médio, eles não são rastreáveis.

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São poucos os objetos que têm GPS, por exemplo. A grande maioria é catalogada por coordenadas anotadas por observadores na Terra, baseadas em parâmetros orbitais divulgados. Há empresas e governos que diariamente monitoram o comportamento dos objetos artificiais em órbita terrestre. No caso dos satélites secretos, ou espiões, esse parâmetro orbital não é divulgado.
Marcelo Zurita, pesquisador da Bramon

Riscos na queda

Colvero não descarta que existem riscos para a reentrada de objetos artificiais na atmosfera terrestre. Embora grande parte desses materiais seja consumida pela combustão causada pelo atrito, podem restar fragmentos que impactarão de alguma maneira o solo ou o que estiver entre o céu e o solo, como residências, por exemplo.

Segundo o especialista, o lixo espacial em órbita é sempre um risco, porque pode ocorrer um choque entre dois satélites, por exemplo, e os milhares de fragmentos resultantes gerariam um impacto com projéteis entrando na atmosfera a 28 mil quilômetros por hora, atingindo o que estiver no caminho.

Por sorte, temos um vasto oceano e muitas áreas desabitadas no planeta, então o risco com lixo espacial até o momento é baixo. A gente não tem relato de nenhum dano mais severo causado por lixo espacial. Mas é uma possibilidade, com aumento muito crescente, muito acentuado por conta da enorme quantidade em órbita.
Fabrício Colvero, diretor-executivo do Bate-papo Astronômico

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