Adolescente escalpelada em kart: 'Tinha minha vida, agora vivo em hospital'

A vida da goiana Heloísa Heliodoro, de 17 anos, virou de ponta a cabeça após ter sido escalpelada enquanto andava de Kart com o namorado, no Distrito Federal. O acidente ocorreu em 10 de dezembro do ano passado. O cabelo da jovem ficou preso no motor do veículo e ela teve uma perda de 80% do couro cabeludo. Depois de quase 60 dias no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília, a jovem recebeu alta e falou com a reportagem

Era aniversário do meu namorado e ele queria muito andar de kart. Eu não estava muito animada, mas decidimos ir. Eu consigo lembrar um pouco do dia e do acidente, mas, depois disso, não me lembro de muita coisa. É como se virassem flashes, sabe? Fiquei todo o tempo consciente, e estava sentindo uma dor muito forte.

A jovem passou por oito procedimentos cirúrgicos para recuperar o tecido na região do crânio, além de enxertos. O acidente ocorreu em uma pista de corridas de kart na região do Paranoá. O casal recebeu uma roupa e capacetes, além de orientações básicas sobre como dirigir o automóvel. Mas, segundo Heloísa, não houve alerta sobre o risco do cabelo ficar preso e ser puxado.

Cabelo preso em carrinho de Kart
Cabelo preso em carrinho de Kart Imagem: Arquivo Pessoal

Todos os dias são um desafio. Não tem sido fácil. Eu tinha minha vida, muitos planos e estava terminando o Ensino Médio. Agora, parei. Vivo em hospital, com muitas dores, mas sei que é passageiro. O apoio da minha família, namorado e amigos tem sido fundamental. Tudo mudou! Até a forma de viver será diferente. Mas, estou ansiosa para terminar essa fase de cirurgia, curativos e viver. Quero fazer faculdade e trabalhar. Sempre tive muita expectativa, muitos planos. É um pouco difícil conviver com essa pausa.

Sonho de ter o cabelo recuperado

A adolescente tinha longos cabelos loiros e fazia questão de manter uma rotina e cuidado diário. O impacto da notícia trazida pelos médicos, de que os cabelos não voltariam a crescer, a deixou em choque.

Tento entender o propósito e o motivo disso estar acontecendo. De cara, fiquei em choque. Fiquei muito mal! Não quis demonstrar isso para as pessoas que estavam comigo para não preocupar ninguém. Mas, sinto falta do meu cabelo.

Cabelo preso em carrinho de Kart
Cabelo preso em carrinho de Kart Imagem: Arquivo Pessoal
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Ao ser questionada sobre sua maior vontade, a adolescente respondeu:

É ter a chance de ter um cabelo grande novamente, do jeito que eu gosto, para poder cuidar e me sentir bem. Depois de tudo isso, comecei a pesquisar bastante e vi que tem várias opções. laces, próteses. Sei que vou conseguir e inspirar muitas pessoas com a minha história.

Tratamento

Heloísa é submetida a um tratamento alternativo conhecido como matriz de fibrina, que desempenha um papel crucial no processo de regeneração da área afetada.

Priscilla Sckarlat de Souza, enfermeira pós-graduada em dermatologia, destaca que esse tratamento é pioneiro em Brasília e, possivelmente, inédito no Brasil.

"A matriz de fibrina pode ser utilizada em diversos tratamentos que beneficiam a regeneração tecidual. No caso da Heloisa, o objetivo é regenerar tecidos de uma ferida", explica.

Segundo a especialista, o tratamento tem quatro etapas. Na primeira, é feita a coleta de sangue venoso do paciente. Essa quantidade de sangue varia de acordo com tamanho da lesão, técnica de obtenção e condição clínica do paciente.

Depois, o sangue é levado para uma centrífuga, onde são separadas as células do sangue. Na parte superior do tubo, fica o material mais adequado para processos de regeneração. O material é levado para uma cerâmica, onde vira uma membrana grande. Essa membrana é colocada na ferida e funciona como um enxerto temporário. O paciente pode ficar com esse material, em média, por sete dias. Nesse tempo, acontece a regeneração dos tecidos no local aplicado. Priscilla Sckarlat de Souza, enfermeira pós-graduada em dermatologia.

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