Além de MC Daleste: a 'era das chacinas' de MCs no litoral de SP

Entre 2010 e 2012, cinco funkeiros —quatro MCs e um DJ— foram assassinados em uma onda de ataques contra artistas na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. A Justiça não descobriu a autoria de todos os crimes do período que ficou conhecido como "Era das Chacinas", ou se eles têm alguma ligação —apesar de todos terem acontecido no mês de abril.

Outro crime que segue sem solução é a morte de Daniel Pellegrine, o MC Daleste, ocorrida em Campinas, no interior de São Paulo, em julho de 2013. O caso foi arquivado em 2015, sem nunca ter apontado um suspeito.

Relembre os homicídios na Baixada Santista:

MC Felipe Boladão e DJ Felipe da Praia Grande

Primeiros homicídios aconteceram no dia 10 de abril de 2010. Felipe Wellington da Silva Cruz, o MC Felipe Boladão, e Felipe da Silva Gomes, o DJ Felipe da Praia Grande, estavam na Praia Grande se preparando para ir para Guarulhos, onde fariam uma apresentação.

A dupla aguardava uma carona em frente a uma casa no Jardim Glória, quando um homem desceu de uma moto e disparou contra os dois. Eles chegaram a ser levados ao pronto-socorro, mas não resistiram aos ferimentos.

MC Duda do Marapé

Um ano depois, no dia 12 de abril de 2011, Eduardo Antônio Lara, o MC Duda do Marapé, foi assassinado no centro de Santos.

Continua após a publicidade

Segundo testemunhas, homens de moto passaram sob o elevado da rodoviária, onde estava Duda, e dispararam à queima-roupa. Ao menos nove tiros acertaram o MC. O caso foi relatado à Justiça como homicídio com autoria desconhecida.

MC Primo

Terceiro homicídio na Baixada. Mais um ano depois, em 19 de abril de 2012, Jadielson da Silva Almeida, o MC Primo, foi morto ao ser atingido 11 vezes por disparos feitos por um homem que estava em um Fiat Uno branco no bairro Jóquei Clube, em São Vicente. De acordo com informações do jornal "A Tribuna", de Santos, ele foi morto na frente dos filhos de cinco e nove anos.

Em 2022, uma investigação feita pela Polícia Civil identificou que a arma utilizada no homicídio era de posse da Polícia Militar. Quem a portava no momento do crime era o cabo Anderson de Oliveira Freitas.

MC Careca

Alguns dias depois, em 28 de abril de 2012, Cristiano Carlos Martins, conhecido como MC Careca, foi assassinado no Conjunto Habitacional Dale Coutinho, no bairro Castelo, também em Santos. Segundo outros funkeiros, ele recebeu ameaças antes do crime.

Continua após a publicidade

O artista tinha 33 anos quando foi assassinado com 15 tiros, após ter trabalhado durante todo o dia em um salão de cabeleireiro —que era uma das suas principais fontes de renda. O MC costumava trabalhar como cabeleireiro durante o dia e cantar em casas de show à noite, o que demonstra que ele não enriqueceu, nem se enveredou por práticas criminosas.

Careca fez sucesso no início do século, principalmente quando fez dupla com MC Pixote. Com letras ácidas, a dupla relatava as disputas territoriais que existiam na Baixada Santista entre o crime organizado e a polícia. Pixote foi preso duas vezes. Na segunda vez, Careca se dissociou e iniciou carreira solo —nunca houve qualquer relação de Careca com Pixote para além das músicas que cantavam juntos 20 anos atrás.

MC Neguinho do Kaxeta

Sobrevivente de emboscada. Um dos principais nomes da cena da Baixada Santista no final dos anos 2000, MC Neguinho do Kaxeta também foi alvo de um atentado em junho de 2012.

Ao todo, foram 11 tiros: três ficaram na porta do carro de Kaxeta, três atingiram o cantor de raspão e quarto acertaram o cantor em cheio. Ele foi baleado enquanto dirigia na cidade de São Vicente.

*Com reportagens publicadas em 12/07/2013 e 10/11/2022

Deixe seu comentário

Só para assinantes