Conteúdo publicado há 7 meses

Bolsonarista réu por matar petista será transferido de prisão, diz defesa

A defesa de Jorge Guaranho, acusado de assassinar o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores Marcelo Arruda, em julho de 2022, em Foz do Iguaçu (PR), informou que a Justiça determinou a transferência do ex-policial penal para outra unidade prisional no Paraná.

O que aconteceu

Guaranho está preso na Cadeia Pública Laudemir Neves em Foz do Iguaçu, cidade onde ocorreu o crime. Ele será levado ao Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A distância entre as unidades prisionais é de 650 quilômetros.

Complexo de Pinhais é unidade destinada à custódia de condenados e provisórios (mulheres e homens). Segundo a Polícia Penal do Paraná, a prisão costuma abrigar detentos que estão em tratamento de saúde, condenados a cumprir medida de segurança ou com prerrogativas especiais para a prisão previstas na lei.

Defesa diz que ressaltou por diversas vezes condições inadequadas enfrentadas pelo acusado na prisão em Foz. Em nota, o advogado de Guaranho, Samir Mattar Assad, afirmou que os argumentos da defesa para não manter o preso no local foram corroborados por um relatório da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR (Ordem dos Advogados do Brasil do Paraná). O defensor não informou os detalhes do documento.

"Esta medida [transferência] foi tomada em virtude da suspensão do julgamento. Ressaltamos nosso total compromisso com o devido processo legal e confiamos plenamente na justiça", finalizou Assad. Não há informação sobre quando Guaranho será transferido de unidade.

Suspensão de julgamento

O júri popular de Guaranho estava marcado para 2 de maio, mas foi suspenso. A decisão acata um pedido da defesa do ex-policial penal, que alegou à Justiça que o julgamento deveria ser transferido da comarca de Foz do Iguaçu pela repercussão do caso na cidade e pelo cargo que a vítima, o guarda municipal Marcelo Arruda, ocupava na gestão municipal.

O juiz entendeu que poderia haver "influência na decisão dos jurados". Além da carreira da vítima, o juiz substituto Sergio Luiz Patitucci, que assina a decisão, cita o fato da mulher da vítima, Pamela Suellen Silva, ter um cargo em Itaipu Binacional e o corpo de jurados ser composto por sete funcionários da usina e 21 funcionários municipais de Foz.

Ainda não há data para um próximo júri. O primeiro julgamento do caso foi marcado para dezembro de 2023, depois remarcado para o dia 4 de abril deste ano e, pela terceira vez, para 2 de maio.

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Decisão não bate martelo sobre a transferência de comarca do julgamento. Patitucci afirma que a suspensão ocorre para que seja "possível o aprofundamento dos argumentos trazidos pelo autor" para assim decidir sobre a transferência do julgamento. A decisão foi publicada na sexta-feira (26).

A transferência foi solicitada pela necessidade de "garantir a plenitude do direito de defesa do acusado e a imparcialidade do julgamento", diz nota assinada pela defesa.

Acusação afirma que independentemente do local, há fatores que indicam a "possibilidade de um juízo condenatório do réu". Daniel Godoy, advogado da assistência de acusação, disse ao UOL que a decisão cabe recurso e que vão conversar com a família para tomar qualquer iniciativa.

Relembre o caso

Vítima foi morta quando comemorava 50 anos. No dia 9 de julho de 2022, Arruda celebrava o aniversário com amigos em Foz do Iguaçu em uma festa temática do PT — o guarda municipal era eleitor de Lula.

Guaranho invadiu a festa aos gritos de "Bolsonaro" e "mito", segundo relataram testemunhas. O homem ameaçou os presentes e saiu. Depois, ao reencontrar Arruda, atirou no aniversariante, que também estava armado e revidou — mas não sobreviveu.

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Arruda era casado e tinha quatro filhos. Ele era diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz, tesoureiro do PT municipal e foi candidato a vice-prefeito.

Defesa descarta motivação política e vai pedir absolvição. Os representantes legais de Guaranho alegam que o policial penal agiu em legítima defesa, já que Arruda estava com a arma em punho quando o atirador invadiu a festa onde ocorreu o crime.

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