Português detido em Lisboa planejou ataque a escola em SP, diz polícia

Um jovem português detido hoje em Lisboa é suspeito de disseminar ideais nazistas e de arquitetar pela internet o ataque a uma escola em São Paulo que deixou uma jovem morta em outubro de 2023.

O que aconteceu

Detido é suspeito de ter dado orientações a quatro ataques a escolas no Brasil pela internet. Segundo a investigação da polícia portuguesa, o jovem de 17 anos administrava um grupo na plataforma Discord para dar instruções a quem planejava os ataques. Entre eles, ao atirador de 16 anos responsável pelo ataque à Escola Estadual Sapopemba, na zona leste da capital paulista.

Atirador chegou a compartilhar no grupo imagens da arma e da máscara conhecida como balaclava, em que apenas os olhos ficam visíveis, que usaria no ataque. Ele também encaminhou na ocasião fotos da escola onde o crime iria ocorrer, disse a polícia portuguesa.

Jovem é suspeito de participação em homicídio qualificado. Ele também responderá por pornografia envolvendo menores, ofensas à integridade física qualificada e discriminação e incitamento ao ódio e à violência. Os crimes são de investigação prioritária, de acordo com a lei portuguesa. A investigação, conduzida pela Unidade Nacional Contraterrorismo de Portugal, contou com a colaboração da Polícia Federal brasileira.

Embora a maioridade civil esteja fixada aos 18 anos em Portugal, a maioridade penal atinge-se aos 16 anos. Com isso, o suspeito responderá criminalmente por seus atos.

"[O jovem] promovia o nazismo, incitando comportamentos extremistas", diz a polícia portuguesa. Segundo a investigação, ele usava o grupo na internet para incentivar pessoas que pretendiam cometer atos como automutilação grave de jovens com objetos cortantes e assassinato de animais.

Os investigadores analisam imagens coletadas de computadores após buscas autorizadas pela Justiça no endereço do suspeito. "A investigação prosseguirá, tendo como uma das principais linhas de investigação identificar, em termos internacionais, outros agentes dos crimes em que possam estar envolvidos nesta rede e neste tipo de condutas", diz a polícia de Portugal.

A plataforma Discord disse que identificou e colaborou com as autoridades policiais, no Brasil e em Portugal. "A segurança é uma prioridade para o Discord e estamos comprometidos em proporcionar um ambiente positivo e seguro para nossos usuários", disse a plataforma em nota enviada ao UOL.

[O jovem também era responsável pela] difusão de propaganda extremista nazi, instigação e prática da 'missão' de cometer massacres em escolas filmados e transmitidos através do telemóvel e, ainda, partilha e venda de pornografia infantil. Através de um ideário violento e extremista, o jovem detido prestava conselhos para preparação e prática dos crimes.
Trecho do documento da polícia portuguesa

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Temos políticas rigorosas contra atividades ilegais e compartilhamento de conteúdo prejudicial em nossa plataforma, incluindo políticas de tolerância zero contra extremismo violento e abuso infantil.
Trecho de nota da Discord

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