O dia em que cobra do vizinho invadiu apartamento: 'Saiu no ralo do tanque'
O anúncio do Instituto Butantan de que uma naja desapareceu de seu laboratório trouxe más lembranças para a analista comercial Vanice Brait Morais Di Giorgio, 42. Em junho de 2020, em meio a pandemia, a casa de sua mãe foi invadida por uma cobra.
Julie era um pet de estimação do vizinho, que morava dois andares abaixo do apartamento. Ela fugiu do aquário e subiu pelo encanamento até a lavanderia da casa onde estavam Vanice, a mãe, o marido e o filho de cinco anos.
Para a reportagem do UOL, Vanice narrou como foi essa experiência traumática.
"Minha mãe estava fazendo o jantar, já era tarde, cerca de 20h. Ela foi à área de serviço, mas nem acendeu a luz para pegar o que precisava. Contudo, algo se mexendo chamou sua atenção.
A princípio, ela pensou que era um brinquedo do meu filho, que na época tinha cinco anos. Ele tinha uma cobra à pilha que se mexia também. Mas resolveu chegar mais perto para ter certeza. Foi aí que o susto veio, porque ela percebeu que se tratava de um animal de verdade.
Minha mãe ficou apavorada. A cobra estava no tanque, quietinha e enrolada, quando ela pediu socorro para nós. No começo achamos que era brincadeira e nem demos atenção. Até que meu marido, mais corajoso, resolveu checar também.
Com a segunda comprovação que tínhamos, de fato, uma cobra em casa, todos ficamos assustados. Como o condomínio é próximo a Chácara do Jockey, imaginei que o bicho pudesse ter vindo de lá. Liguei para o Corpo de Bombeiro, relatei a situação, e eles falaram que viriam fazer a retirada do animal.
Nesse meio tempo, resolvi avisar também no grupo do WhatsApp do condomínio. Não queria que as pessoas ficassem assustadas com a movimentação dos carros de resgate que estavam vindo.
Cobra doméstica
Cinco minutos depois de eu mandar a mensagem no grupo, um condômino me chamou no privado e disse que poderia ser a cobra dele. Perguntou qual era meu apartamento e se podia vir checar. Ele morava dois andares abaixo de onde estávamos.
Nesse meio tempo, a cobra já tinha subido pelo azulejo e estava se escondendo no teto de gesso. Dava para ver só um pedacinho dela. O vizinho de baixo confirmou que, de fato, aquele era o seu pet, e se chamava Julie.
Todos estávamos nervosos e ele nos disse que a única maneira de capturá-la seria oferecendo comida, pois Julie estava sem se alimentar há alguns dias. Com isso, ele foi até o seu apartamento buscar o alimento da cobra. Voltou para a minha casa com um rato congelado.
Pediu para usar o nosso fogão para descongelar o ratinho e explicou como funcionaria para capturá-la: ele ofereceria a comida e, quando ela desse o bote para comer, seria necessário agarrá-la com força, pois após pegar o rato, ela poderia sumir e não conseguiríamos mais capturá-la.
O vizinho, dono da cobra, tinha experiência no manuseio e conseguiu capturá-la com a oferta do rato. Quando ela abocanhou, ele a puxou com força para baixo e pediu uma bacia para colocar a Julie dentro. Achávamos que tinha acabado, mas não foi bem assim.
Ele nos contou que não poderia sair com a cobra da minha casa naquele momento porque ela precisava de um tempinho para fazer a digestão. No total, acredito que toda essa aventura deve ter durado uma hora e meia."
Como Julie fugiu
Vanice não sabe muito sobre a espécie da cobra que invadiu a casa de sua mãe, mas lembra-se do dono avisar que Julie não era venenosa. "Foi tudo natural para ele, mas nós sofremos um susto enorme", conta.
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Quero receberO vizinho dono da cobra estava de mudança, viu que o aquário do seu pet estava vazio, mas achou que a Julie estava se escondendo por entre as caixas da casa. Não foi procurá-la.
"Ela subiu dois andares pelo encanamento e saiu no ralo do tanque da minha mãe. Ainda bem que foi ela quem achou. Meu filho tinha cinco anos na época e poderia ter se machucado", conta. Ela relatou o que aconteceu para o síndico, mas não sabe o que se passou com o condômino.
"Acredito que ele teve que prestar contas, porque não sei se ele tinha licença para criar a cobrar. Mas como já estava de mudança, imagino que não tinha muito a ser feito", diz Vanice. Sua mãe, que continua morando no condomínio, tem traumas até hoje. "Ela nunca mais deixou o ralo aberto."
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