Anatomia de um lanche: sucuri come capivara e fica 'inchadona'; como pode?
Uma sucuri com mais de quatro metros de comprimento foi flagrada por um produtor rural em Mato Grosso do Sul com a "barriga inchada" após engolir uma capivara, no último sábado (1º).
O que aconteceu
Matheus Oliveira, de 36 anos, testemunhou a cena. Durante uma pescaria com amigos, ele viu uma sucuri digerindo uma capivara. O episódio ocorreu em Rio Negro, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, e o vídeo mostrando a cobra viralizou nas redes e em grupos de WhatsApp.
Adaptações
Sucuris podem chegar a seis metros de comprimento e pesar 100 quilos. Segundo o biólogo e doutor em medicina tropical Cláudio Machado, sucuris são serpentes da família boidae, têm mandíbula flexível e pele elástica que permitem engolir grandes presas.
A digestão das sucuris é um processo complexo e demorado. O processo pode levar de três a quatro semanas, dependendo do tamanho da presa.
A mandíbula flexível da sucuri permite abrir a boca em até 180 graus para engolir grandes presas.
Cláudio Machado, biólogo
Suas costelas móveis e pele elástica aumentam o espaço interno do corpo. A sucuri passa por mudanças fisiológicas durante a digestão. A pele e os órgãos envolvidos na digestão, como o esôfago e o estômago, podem se dilatar até três vezes mais do que o normal. Isso acomoda a grande presa dentro do corpo da cobra.
O ambiente e o tamanho da presa influenciam na digestão. Em temperaturas mais quentes, a digestão ocorre mais rapidamente. "Ela pode demorar de três a quatro semanas para digerir completamente uma presa grande como uma capivara", explica Cláudio.
Sucuris enfrentam riscos durante a digestão. Elas podem ser atacadas por outros animais ou molestadas por humanos. Isso pode obrigá-las a vomitar a presa para fugir.
As sucuris têm uma dieta variada e não engolem seres humanos. Alimentam-se de porcos-do-mato, cervos, antas e jacarés, mas não de bois adultos e nem de seres humanos. "Não há registros científicos de sucuris se alimentando de seres humanos", diz Cláudio.
Hábitos semiaquáticos
Sucuris ocorrem em várias regiões do Brasil. A sucuri verde é a mais comum e ocorre nas regiões Norte e Centro-Oeste, em estados do Nordeste, além de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. A sucuri amarela vive em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e sul do Brasil, enquanto a sucuri malhada é encontrada no Amapá.
Essas serpentes têm hábitos semiaquáticos. Elas são ágeis na água, mas se movem lentamente em terra. Habitam principalmente as margens de rios e igarapés, nas bacias dos principais rios brasileiros, como as do Paraguai e Paraná.
Preservar as sucuris é fundamental para o ecossistema. Elas ajudam a controlar a população de mamíferos e herbívoros no Pantanal. "Temos de aprender sobre as cobras para protegê-las e evitar acidentes", afirmou Cláudio.
Cláudio Machado enfatiza a importância do conhecimento e da preservação. "Temos de preservar nossa fauna e a melhor forma é aprender sobre as cobras."
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