Batimento a 170: os sinais que fizeram enfermeiras descobrirem abuso de pai

Um homem foi preso no último mês por suspeita de abusar sexualmente da filha de 17 anos, que estava internada na UTI de um hospital em São Bernardo do Campo (SP).

As duas enfermeiras que denunciaram o caso à polícia conversaram, sob condição de anonimato, com o programa Profissão Repórter, da TV Globo. Elas contaram os sinais que as levaram a denunciar o pai.

Quais foram os sinais notados pelas enfermeiras?

Taquicardia, agitação, e choro. As funcionárias responsáveis pela denúncia, que preferiram não se identificar na reportagem da TV Globo, observaram que, durante o tempo que a jovem ficava com o pai, era o momento em que ela se agitava mais e tinha taquicardia.

Os batimentos dela chegavam a 170. Em condições normais de saúde e sem estímulos, nossa frequência cardíaca varia de 60 a 80 batimentos por minuto.

Carícias excessivas e comportamento suspeito. Uma das profissionais descreveu o comportamento do pai: ""Ele acariciou o seio dela. Eu vi por duas vezes na noite de sexta-feira. Ele abria a fralda dela por duas vezes e nós brigamos com ele, [dissemos] que não era para ele fazer aquilo. Ele mexia muito na perna, beijava meio que de canto de boca, se esfregava na beira da cama".

Ida ao banheiro após visitas. Geralmente, após o comportamento suspeito durante as visitas à filha, o homem ajeitava a roupa e ia ao banheiro, ainda de acordo com as testemunhas.

Sinais no corpo. A equipe de enfermagem do hospital também relatou ao programa que notou na paciente uma assadura anormal na região vaginal.

Após notarem os sinais e gravarem o pai da paciente, as enfermeiras questionaram a jovem sobre o assunto. Submetida a uma traqueostomia, a jovem não conseguia falar. Então, as profissionais perguntaram coisas como "você tem medo dele?" e "ele mexeu com você?", e pediram para a jovem piscar caso a resposta fosse positiva — e ela teria piscado em ambas as perguntas.

O que aconteceu

Caso foi registrado no 2° Distrito Policial como estupro de vulnerável. Funcionários que trabalham no hospital desconfiaram de lesões que apareceram em partes íntimas da jovem, que estava internada há cerca de 40 dias.

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Uma câmera escondida foi colocada no quarto. Na gravação, o homem aparece apalpando os seios e outras partes do corpo da jovem. As imagens foram levadas para a polícia.

Exame de corpo de delito confirmou abuso, disse delegada. "Tivemos a constatação, realmente, através do exame de corpo de delito, que é o documento mais importante, onde realmente se constatou o abuso sexual, as lesões provenientes desse abuso que esse pai cometia", declarou em entrevista ao programa Profissão Repórter, da TV Globo.

Pai foi preso no dia 14 de maio. Na ocasião, policiais civis do 2° DP realizaram diligências e prenderam o homem — que não teve a sua identidade divulgada — após ser constatado que ele cometeu abusos sexuais contra a filha. Um computador também foi apreendido. O homem permaneceu à disposição da Justiça.

Defesa de suspeito nega acusação e afirma que gravações foram realizadas clandestinamente. Em nota enviada ao UOL, o advogado Daniel Wallace, que faz a defesa do acusado, disse que as imagens foram feitas sem autorização judicial e que, portanto, elas não confirmam a prática do crime com exatidão.

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