'Fui atingida por pedra no rosto e estou perdendo a visão do olho esquerdo'

O incidente ocorreu no dia 8 de julho de 2023. Michaella, o pai e o irmão estavam no carro, seguindo para o Aeroporto de Vitória, onde embarcariam com destino a Minas Gerais para o velório do avô. A advogada estava no banco do passageiro quando foi surpreendida com uma pedra em sua direção. O paralelepípedo foi arremessado por um homem, que está preso.

A pedra atravessou o para-brisa e me acertou no rosto. Depois, descobrimos que o homem estava bêbado e drogado. Ele achou que meu pai jogou farol alto para ele, mas eram 5 horas da manhã.
Michaella Zukowski Reis

Ela teve um traumatismo craniano e precisou passar por cinco cirurgias. "Agora tenho titânio em toda a testa, órbita esquerda e nariz. Durante seis meses, tive uma ferida aberta na testa que não fechava, deixando o titânio exposto."

A quinta cirurgia foi para fechar a testa. "Retiraram gordura do meu abdômen para fazer um enxerto na cavidade da testa e nariz, trocaram a placa de titânio, fizeram um retalho com a membrana que reveste o crânio por cima da placa e fecharam com a pele."

'Vejo objetos distorcidos'

Em dezembro do ano passado, a advogada enfrentou uma outra batalha: os médicos descobriram que o olho esquerdo, que sofreu o trauma, estava com um edema (inchaço). Após alguns exames, foi constatado que a advogada já havia perdido a visão inferior e lateral do olho.

A única parte do olho em que havia sobrado visão, bem na parte central, estava com o edema. Ou seja, quando tampo meu olho direito e vejo somente com o esquerdo, as pessoas e objetos ficam distorcidos, tortos e embaçados. Não consigo focar nas coisas.
Michaella Zukowski Reis

Para que a advogada não perdesse a visão, os médicos pediram um tratamento com injeções oculares. Mas, segundo Michaella, o plano de saúde se negou a custear. "Cada injeção custa mais de R$ 6 mil e não sabíamos de quantas eu precisaria."

O edema da advogada piorou no mês passado, quando ela estava em São Paulo, fazendo um tratamento que ganhou para as cicatrizes do rosto. "Estava dirigindo quando passei mal. Minha visão ficou distorcida e senti tonturas, como se tivesse dado um 'bug' na visão. Assim que retornei ao Espírito Santo, consultei um oftalmologista, que me alertou que eu não tinha mais tempo a perder. O edema havia dobrado de tamanho e poderia se estagnar, tornando-se irreversível devido à demora no tratamento."

Hoje, a advogada é considerada uma pessoa com deficiência, com visão monocular. "O acidente tirou minha visão inferior e lateral esquerda. Na visão central, vejo tudo torto e ultimamente estou tendo visão duplicada. Meu olho direito compensa a visão do esquerdo, mas isso me deixa extremamente cansada e com muita dor de cabeça."

Em tratamento

Um primo de Michaella, que mora nos Estados Unidos, conseguiu uma consulta para ela no Hospital Mayo Clinic, em Minnesota. Sem condições financeiras para custear a viagem e o tratamento, Michaella decidiu criar uma vaquinha virtual —a meta de arrecadar R$ 200 mil foi atingida.

A jovem desembarcou nos Estados Unidos no dia 11. A viagem foi possível após Michaella ganhar as passagens aéreas de um doador anônimo. A advogada já passou pelas primeiras consultas. "Estou confiante, com medo, e hoje, feliz. Agradeço com todo o meu coração, a todos que ajudaram, repostaram. O hospital é considerado um dos melhores dos Estados Unidos. Estou muito confiante de que não vou perder minha visão", disse, às vésperas de embarcar para os Estados Unidos.

Ao UOL na quinta-feira (25), Michaella disse que continuava o tratamento na Mayo Clinic. "Ainda estou realizando exames e passando por consultas."