Conteúdo publicado há 2 meses

Suspeito de matar delegada já foi detido e denunciado por outras mulheres

O homem preso no domingo (11) suspeito de matar uma delegada na Bahia, companheira dele, já havia sido detido acusado de agredi-la e responde a pelo menos outras três denúncias por violência contra a mulher.

O que aconteceu

Em maio, Tancredo Neves Feliciano de Arruda foi preso em flagrante por agredir Patrícia Neves Jackes Aires, confirmou a Polícia Civil ao UOL. Ele foi solto, e a Justiça concedeu medida protetiva, mas o casal se reconciliou.

Suspeito tem histórico de agressão. A delegada-geral da PC-BA, Heloisa Brito, disse em entrevista coletiva nesta segunda-feira (12), durante o velório da colega, que Tancredo responde a denúncias por suposta violência contra a mulher em Foz do Iguaçu (PR), Feira de Santana (BA) e Itamaraju (BA).

Ele também foi indiciado pela Polícia Civil por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. O inquérito, aberto em 2022 em Euclides da Cunha, no interior da Bahia, foi concluído e encaminhado ao MP-BA. O UOL entrou em contato com o órgão, mas não obteve resposta. O Conselho Regional de Medicina da Bahia disse que não localizou registro médico em nome do suspeito.

Tancredo chegou a registrar denúncia por suposto sequestro da delegada, mas a polícia descartou a hipótese. "A PC começou a trabalhar para tentar verificar se tinha acontecido, mas as informações que ele trouxe não batem, além da forma como ela foi encontrada sem vida dentro do carro", disse a delegada Rogéria da Silva Araújo, diretora do Depin (Departamento de Polícia do Interior).

O corpo de Patrícia foi encontrado no banco do carona do carro do suspeito, em São Sebastião do Passé (BA). Segundo a delegada-geral, eles estiveram em dois estabelecimentos comerciais em Santo Antônio de Jesus, onde a delegada atuava. Câmeras de segurança, incluindo de trechos das rodovias por onde os dois passaram, estão sendo analisadas.

O UOL não conseguiu localizar a defesa de Tancredo Neves. O espaço segue aberto para manifestação.

Quem era a delegada

Patrícia Neves Jackes Aires atuava como delegada plantonista em Santo Antônio de Jesus, no interior da Bahia. Agora apontada como vítima de violência doméstica, ela já comandou o Neam (Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher) da 4ª Coordenadoria de Polícia.

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Ela era especialista em direito penal e processual penal, além de formada em licenciatura para inglês e português. Nascida em Recife (PE), Patrícia também atuou como professora no estado de origem.

Patrícia Neves Jackes Aires trabalhava em Santo Antônio de Jesus, na Bahia
Patrícia Neves Jackes Aires trabalhava em Santo Antônio de Jesus, na Bahia Imagem: Redes Sociais

A mãe da delegada, Maria José Jackes Aires, disse que Tancredo Neves era ciumento e controlava até como a filha se vestia. "Ela pegou um áudio dele para a mãe: 'Mãe, vou pegar um remédio para me controlar porque lá vai ter muito homem. Não sei se vou conseguir me controlar'. Então, já era uma forma de ele mostrar a personalidade violenta. Esse áudio só chegou até ela (Patrícia) depois que eles tinham se separado", contou à TV Globo Pernambuco.

O sepultamento de Patrícia está marcado para acontecer nesta terça-feira (13), em Recife.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

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Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

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