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Rogério de Andrade usou matadores de aluguel com tática militar em crime

Matadores de aluguel usaram táticas militares para assassinar o rival do contraventor Rogério de Andrade, preso na manhã desta terça-feira (29) após ser denunciado pelo MP como o mandante do crime.

Fuzis 'camuflados' e monitoramento

Crime cometido por ex-PMs a serviço da contravenção. Cinco dos outros seis denunciados pelo MP pelo assassinato do também contraventor Fernando Iggnacio Miranda têm passagens pela PM. Segundo a investigação, eles usaram táticas militares para cometer o crime. A vítima foi atingida por cinco tiros de fuzil a uma distância de 5 metros em novembro de 2020 em um heliporto na zona oeste do Rio.

O responsável por "recrutar" os matadores de aluguel. De acordo com o MP, o sargento reformado Márcio Araújo de Souza foi o responsável por ter contratado os atiradores a mando de Rogério de Andrade. Preso em fevereiro de 2023, ele acabou sendo solto oito meses depois por decisão do STF. O ex-PM já teria sido chefe da segurança pessoal do bicheiro.

Carro do contraventor Fernando Iggnácio atingido pelos tiros
Carro do contraventor Fernando Iggnácio atingido pelos tiros Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Outro PM reformado foi o encarregado por monitorar os deslocamentos da vítima. Segundo o MP, Gilmar Eneas Lisboa, também preso ontem, foi o responsável por acompanhar a rotina de Fernando Iggnacio, auxiliando Rogério de Andrade a arquitetar o crime. O UOL não encontrou a defesa dos presos até o momento. Em abril, o advogado de Andrade, André Callegari, formalizou o abandono da defesa dele.

O monitoramento incluiu o retorno de helicóptero de uma viagem a Angra dos Reis (RJ). Iggnácio desembarcou sozinho, foi conduzido em um veículo elétrico até o estacionamento e deu os últimos passos até o seu carro após percorrer cerca de 100 metros, onde foi baleado.

Rodrigo Silva das Neves, ex-PM suspeito de participar do assassinato
Rodrigo Silva das Neves, ex-PM suspeito de participar do assassinato Imagem: Reprodução

Quatro matadores de aluguel aguardaram a chegada da vítima por quatro horas em cima de um muro, segundo a denúncia. Entre eles, estava Rodrigo Silva das Neves, que era cabo da PM do Rio na época do crime e foi flagrado por câmeras de segurança no local do crime. A Polícia Civil rastreou um trajeto de 40 km na fuga até a casa de Rodrigo.

Polícia Civil apresentou 4 fuzis e farda do PM suspeito de participar do assassinato do contraventor Fernando Iggnácio
Polícia Civil apresentou 4 fuzis e farda do PM suspeito de participar do assassinato do contraventor Fernando Iggnácio Imagem: Reprodução
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Em uma operação no imóvel, policiais civis apreenderam dois fuzis com uma espécie de camuflagem com grama usados no crime, indica a investigação. Rodrigo Silva das Neves acabou sendo preso em janeiro de 2021 em uma pousada no interior da Bahia.

Câmeras mostraram os quatro suspeitos de assassinar o contraventor Fernando Iggnácio
Câmeras mostraram os quatro suspeitos de assassinar o contraventor Fernando Iggnácio Imagem: Reprodução/TV Globo

Irmãos com passagens pelas PMs do Rio e SP. Otto Samuel Andrade Silva Cordeiro era soldado da corporação de São Paulo na época do crime e acabou sendo excluído em meio às investigações sobre o assassinato. Já Pedro Emanuel Cordeiro era ex-PM no Rio. Ambos são considerados foragidos pela Justiça.

Matador de aluguel envolvido no crime foi encontrado morto. Suspeito de integrar um grupo de matadores de aluguel, Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o Farofa, também era investigado por envolvimento em assassinados entre 2015 e 2021. Era era considerado foragido da Justiça quando foi encontrado morto na zona oeste do Rio. Com ele, agentes encontraram uma carteira falsa da Polícia Civil.

Rodrigo, Otto, Pedro e Ygor, o Farofa, figuraram em cartaz do Disque-Denúncia
Rodrigo, Otto, Pedro e Ygor, o Farofa, figuraram em cartaz do Disque-Denúncia Imagem: Reprodução/Twitter/Portal dos Procurados

Rastro de mortes em 'guerra da contravenção'

A disputa pelo controle da contravenção na zona oeste do Rio teve início após a morte de Castor de Andrade, em 1997. No ano seguinte, o assassinato de Paulo Andrade, o Paulinho, escolhido como herdeiro do jogo do bicho, fez com que Fernando Iggnacio, genro de Castor, assumisse o lugar dele na disputa. Na época, Rogério de Andrade foi o acusado de ter mandado matar Paulinho, mas acabou sendo absolvido posteriormente.

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Segundo investigações da Polícia Federal, mais de 50 assassinatos até 2007 são atribuídos à "guerra da contravenção". A disputa envolvia o controle do jogo do bicho e de máquinas de caça-níqueis.

Contraventor Rogério de Andrade é preso no Rio de Janeiro
Contraventor Rogério de Andrade é preso no Rio de Janeiro Imagem: SBT Rio/Reprodução de vídeo

Rogério de Andrade sobreviveu a um atentado com granada que matou o seu filho. Devido à explosão de bombas instaladas no seu carro, o bicheiro passou por cirurgias no rosto. Mas seu filho Diogo, que tinha apenas 17 anos na época e também estava no veículo, morreu na ocasião.

O "senhor do crime". No documentário "Vale o Escrito", Rogério de Andrade é descrito como "senhor do crime" por Bernardo Bello, ex-marido de Tamara Garcia, que faz parte de outra família importante no jogo do bicho carioca.

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