Caso Marielle: veja como foi o 1° dia do julgamento
O primeiro dia do júri popular dos ex-policiais militares Ronnie Lessa, 54, e Élcio de Queiroz, 51, réus confessos pelo duplo homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes, durou mais de 13 horas.
A juíza Lúcia Glioche, do 4º Tribunal do Júri da Justiça do RJ, responsável pelo julgamento dos réus, suspendeu a sessão por volta das 23h50 desta quarta-feira (30). O júri será retomado às 8h de hoje e estão previstas as sustentações orais e a leitura da sentença.
No início da manhã, sete jurados -todos homens- foram sorteados para compor o Conselho de Sentença. Depois, nove testemunhas depuseram.
Foram elas, na sequência:
- Fernanda Chaves, assessora de Marielle;
- Marinete da Silva, mãe de Marielle;
- Monica Benicio, viúva de Marielle;
- Ágatha Arnaus, viúva de Anderson;
- Carlos Alberto Paúra Júnior, agente da Polícia Civil do Rio;
- Luismar Cortelettili, agende da Polícia Civil do Rio;
- Carolina Rodrigues Linhares, perita criminal;
- Marcelo Pasquaetti, agente federal;
- Guilhermo Catramby, delegado da PF.
Os dois réus confessos também foram ouvidos, mas por videoconferência. Enquanto Lessa admitiu os crimes e pediu desculpas aos familiares, Queiroz disse que só soube que Marielle seria assassinada no momento que já levava o atirador.
Fernanda Chaves é a principal testemunha, ela era assessora de imprensa de Marielle e única sobrevivente do crime. "Ouvi uma rajada, percebi que estava na nossa direção. Num reflexo eu me encolhi", contou, lembrando ter ouvido "um suspiro de dor" emitido por Anderson Gomes.
Marinete da Silva, mãe de Marielle, foi a segunda testemunha. Emocionada, ela afirmou que "essa dor não tem nome": "Ninguém, a não ser quem tenha passado pelo mesmo, pode avaliar a dor que estou sentindo".
Os depoimentos mais emotivos foram os das viúvas de Marielle e de Anderson. Ambas as mulheres choraram muito durante seus depoimentos, gerando comoção na plateia.
A vereadora Monica Benicio (PSOL), viúva de Marielle Franco, prestou depoimento com longas pausas, choro e voz embargada.
"A única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter a Marielle e o Anderson vivos. Para além disso, dentro do que é possível, eu espero que se faça a justiça que o Brasil que o mundo esperam há seis anos e sete meses", declarou Monica Benicio.
Ágatha Arnaus, viúva do motorista Anderson Gomes, contou em seu depoimento que Arthur, filho do casal portador de uma síndrome associada à onfalocele, uma doença de má formação do intestino, "perdeu a pessoa que dizia que tudo ia dar certo, a pessoa que queria ser pai. Era a pessoa que falava que estava orgulhoso do filho."
A ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, Anielle Franco, afirmou que a ida com a família ao Tribunal de Justiça do Rio para acompanhar o júri a fez reviver o dia do velório. A ministra assistiu à sessão na primeira fileira do plenário entre o pai, Antonio Francisco da Silva, e a sobrinha Luyara Santos.
Marcelo Freixo (PT), que era amigo pessoal de Marielle, disse em entrevista ao UOL News nesta terça-feira (30), que o julgamento acontece apesar do esforço de "muita gente poderosa".
Freixo também fez referência às investigações da Polícia Federal apontarem como mandantes do crime os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, com o apoio do ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa.
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