Cemitérios lançam site com fotos de túmulos e acabam revelando vandalismo
Os cemitérios do Araçá e de Santo Amaro, em São Paulo, lançaram neste Dia de Finados um site com um catálogo fotográfico dos túmulos, com o nome do falecido e a localização. O objetivo era ajudar a encontrar os jazigos, mas as imagens acabaram revelando o estado de abandono e vandalismo de algumas sepulturas.
O que aconteceu
O site mostra fotos dos túmulos dos dois cemitérios, com nomes dos falecidos e rotas no Google Maps. Cada túmulo teve as coordenadas geográficas posicionadas na plataforma de mapas. A plataforma de busca é aberta ao público.
A iniciativa acabou revelando um cenário de vandalismo generalizado. Os portões de muitas sepulturas foram removidos e substituídos por tijolos — situação frequente nos cemitérios de São Paulo, que já foi denunciada pelo Tribunal de Contas do Município em 2017.
Placas de metal com identificações e fotos dos falecidos foram removidas. O furto das peças é comum.
Há ainda cenas de abandono, com túmulos destruídos. O mato alto tomou conta de alguns dos jazigos sem revestimento e a alvenaria de algumas sepulturas está quebrada.
Os dois cemitérios têm, somados, 26 mil jazigos. Segundo a concessionária Cortel, responsável pelos locais, o investimento no serviço de geolocalização foi de R$ 4 milhões.
O UOL questionou a concessionária dos cemitérios sobre o vandalismo, mas não teve resposta. O espaço será atualizado se houver posicionamento. Em nota sobre a geolocalização dos jazigos, a empresa cita que entregou reformas em "salas de velórios, banheiros e de acessibilidade".
Trabalho de geolocalização durou um ano
Ao todo, 350 mil documentos foram analisados pelas equipes da concessionária. As fotos dos túmulos, também feitas pela Cortel, foram comparadas com os dados dos documentos.
Expectativa é de que outros três cemitérios de São Paulo sejam catalogados até maio de 2025. Segundo a Cortel, as necrópoles São Paulo, Dom Bosco e de Cachoeirinha devem contar com o mesmo serviço até o Dia das Mães.
Há violações na parte externa do jazigo (molduras de fotos, placas de identificação, vaso e portões em bronze) e também na parte interna das sepulturas em busca de dentes e adornos de ouro - os chamados "garimpeiros".
Relatório do Tribunal de Contas do Município de São Paulo sobre o cemitério do Araçá, publicado em 2017
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