Conteúdo publicado há 21 dias

PMs vendiam veículos apreendidos no TO, diz MP; entenda como funcionava

Três policiais militares do Tocantins foram denunciados pelo MP por supostamente montarem um esquema para venda de carros e motos apreendidos. Segundo o órgão, donos de ferros-velhos integravam a associação criminosa.

O que aconteceu

O major Dianyr Jales da Silva "autorizou e ordenou" que o tenente Adelman Lustosa Neto e o sargento Cícero Gomes da Silva Neto negociassem os veículos com os ferros-velhos, diz a denúncia. Dianyr comandava a 4ª CIPM (Companhia Independente de Polícia Militar), responsável pelos pátios dos municípios de Lagoa da Confusão, Cristalândia, Pium, Fátima, Nova Rosalândia e Santa Rita.

A denúncia, enviada à Justiça em agosto, diz que os documentos de controle de veículos dos pátios de Fátima e Nova Rosalândia foram extraviados pelo grupo. Na época, o tenente Adelman seria o responsável pelo pátio do primeiro município.

Os policiais alegaram durante a investigação, aberta pela própria PM, que o dinheiro recebido seria destinado para obras nas unidades militares. Porém, um sargento que testemunhou no caso disse que as obras na sede da 4ª CIPM foram feitas com "patrocínio de colaboradores da cidade".

A Vara da Justiça Militar em Palmas aceitou a denúncia, informou o MP-TO nesta sexta-feira (1º). Os agentes foram denunciados por peculato, extravio e formação de organização criminosa.

Procurada pelo UOL, a defesa do major Dianyr Jales disse que não irá se manifestar. A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Adelman e Cícero..

Como o esquema funcionava

O major Dianyr é ligado à empresa de guincho Auto Socorro Real, segundo o MP-TO. Ela teria sido a responsável por levar um Gol de Nova Rosalândia para Paraíso do Tocantins.

A denúncia narra diferentes episódios em que os três policiais militares organizam a transferência de veículos entre os pátios da unidade. Segundo a denúncia, a movimentação levou a uma investigação interna, que terminou na prisão de três civis em Formoso do Araguaia. Eles estavam com 25 motos que deveriam estar com a PM-TO.

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Um homem que se apresentava como gerente da Auto Socorro Real vendeu veículos como sucata por R$ 10 mil ao dono de um ferro-velho. Ele também teria repassado cerca de R$ 7 mil ao tenente Adelman, que, por sua vez, repassou o dinheiro em espécie ao major Dianyr.

Todos os presos durante a investigação policial confirmaram que negociaram as compras dos veículos com o tenente Adelman e o sargento Cícero, diz a denúncia. Os receptadores dos veículos afirmaram que pagaram cerca de R$ 1 mil por cada moto e, após manutenção, eram revendidas por valores entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil.

Ao todo, a suposta quadrilha teria vendido nove carros e 30 motos que haviam sido apreendidas pela PM-TO.

A denúncia também revela transcrições de conversas entre os policiais. "Mesmo com o uso de expressões que tentam disfarçar, é clara a intenção de lucro dos militares", escreve o promotor Felício de Lima Soares.

"Temos de ganhar uns trocados", afirma um dos agentes, não identificado pelo MP-TO. "Já falei com o major, ele autorizou tirar seis daí, dessa de leilão", diz uma das conversas.

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