Caso Gritzbach: diretor do Deic e corregedora da polícia deixam os cargos
O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, citou em outra delação ao MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) os nomes do delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Deic; do deputado estadual Olim (PP) e do advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves.
Fábio Pinheiro Lopes está de férias e quando voltar não ocupará o cargo. Foi afastado pela SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) justamente por conta dessa delação. Um delegado que trabalhava no 24º DP (Ermelino Matarazzo), citado no mesmo depoimento, também foi afastado.
A reportagem apurou que a corregedora-geral da Polícia Civil, Rosemeire Monteiro de Francisco Ibanez, também pediu afastamento por sentir-se desgastada. Ela é tia do investigador Eduardo Monteiro - como havia divulgado esta coluna anteriormente - um dos policiais delatados por Gritzbach e preso pela Polícia Federal na terça-feira (17).
Em 10 de setembro deste ano, Gritzbach foi ouvido por promotores de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado). Ele contou que foi apresentado ao advogado Ramsés em março de 2022 e que ele disse ser influente e resolveria todos os problemas dele com a polícia.
Na lista dos problemas estariam a devolução do passaporte de Gritzbach, apreendido por policiais com autorização judicial, o desbloqueio de todos os bens dele e, principalmente, poder responder em liberdade todos os processos pendentes, inclusive os de lavagem de dinheiro.
Segundo Gritzbach, o advogado teria feito uma reunião com um deputado do PP, com Fábio Pinheiro Lopes, conhecido como Fábio Caipira, diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e com outro delegado, à época lotado no 24º Distrito Policial (Ermelino Matarazzo).
Na delação, o empresário diz que Ramsés cobrou R$ 5 milhões, sendo R$ 800 mil de honorários para ele e o restante para a propina. Gritzbach contou que, como forma de pagamento, deu dois apartamentos, diversos cheques e R$ 300 mil em transferências bancárias realizadas em 24 de junho de 2022.
O delator entregou aos promotores de Justiça print de mensagem enviada por Ramsés para o WhatsApp dele, na qual o advogado informa que estaria no departamento contando parte da propina em dinheiro, e também outro print de uma foto de Ramsés na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Fábio Pinheiro acrescentou que "o delator não teve nenhuma vantagem e os imóveis citados por ele, usados para pagar a suposta propina, estão em nome de Ramsés e de uma filha do próprio advogado".
A nota informa ainda que Gritzbach foi indiciado no inquérito de lavagem de dinheiro, teve a prisão pedida pelo Deic e também os bens bloqueados e continuou com o passaporte apreendido.
Segundo a Polícia Civil, o advogado Ramsés tem antecedentes por estelionato, violência doméstica, ameaça e lesão corporal. A reportagem não conseguiu contato com Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves nem com a defesa dele. O espaço continua aberto para manifestação. O texto será atualizado se houver um posicionamento.
Corregedora também deixa o cargo
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi assassinado em 8 de novembro no aeroporto internacional de Guarulhos. Oito dias antes, ele tinha feito outra delação à Corregedoria da Polícia Civil e denunciou cinco policiais envolvidos em corrupção.
Quatro foram presos pela PF na terça-feira (17). São eles: o delegado Fábio Baena Martin e os investigadores Eduardo Monteiro, Marcelo Souza e Marcelo Ruggieri. Todos estão no Presídio Especial da Polícia Civil. O quinto agente, Rogério Almeida Felício, está foragido.
Eduardo Monteiro é sobrinho da corregedora-geral Rosemeire Monteiro de Francisco Ibanez. Antes de ser delatado e preso por corrupção passiva, ele comentava com amigos que dificilmente algo aconteceria com ele por conta do grau de parentesco com a chefe da Casa Censora. Rosemeire, no entanto, decidiu pedir afastamento e SSP aceitou.
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Quero receberAlém dos policiais, a PF prendeu o advogado Ahmed Hassan Saleh,o Mudi; os empresários Robinson Granger Moura, o Molly; e Ademir Pereira de Andrade. Eles são investigados por suspeita de envolvimento com o PCC.
O que disse o deputado Olim
O deputado estadual Delegado Olim afirmou que soube das informações pela imprensa. Ele afirmou que o nome dele foi usado, que a acusação é mentirosa e o advogado utilizou os nomes de várias autoridades para obter vantagens. O parlamentar acrescentou que vai tomar todas as medidas legais e cabíveis.
"É com profunda consternação que recebo notícias pela imprensa de meu envolvimento e de outras honradas autoridades em fatos nebulosos e sem qualquer vínculo com a realidade dos fatos.
Em nenhum momento intermediei ou tive qualquer gestão de procedimentos judiciais ou extrajudiciais relativamente a vítima de homicídio Vinícis Gritzbach e só soube que meu nome e de outras autoridades fora trazido, pois essa vítima pela imprensa e que um advogado de nome Ramses teria lhe cobrado um valor elevadíssimo sob a alegação de que eu, na qualidade de Deputado Estadual e outras autoridades, intercederíamos junto a feitos judiciais que ele respondia.
Além da veemência de minha negativa, é bem de ver que quando soube dessa questão, imediatamente me insurgira e proibira expressamente a utilização de meu nome de forma tão vil, gratuita e indevida. Como providência, estou tomando as medidas judiciais que o caso requer para esclarecimento dessa grave e indevida acusação para penalizar quem indevidamente me expôs.
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