Operação mira ONG de doc que está na Netflix e advogados ligados ao PCC

Uma operação da Polícia Civil de São Paulo em conjunto com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), ligado ao Ministério Público de São Paulo, mira uma ONG que aparece em um documentário que está no catálogo da Netflix e advogados ligados ao PCC.

O que aconteceu

PCC usava ONG para atacar autoridades, disseminando acusações falsas para desestabilizar a opinião pública, diz a polícia. Entre os alvos, estão advogados que agiam como "verdadeiros integrantes da facção" e atuavam em várias frentes.

Polícia prendeu 12 pessoas e cumpriu 14 mandados de busca em São Paulo, Presidente Prudente (SP), Flórida Paulista (SP), Irapuru (SP), Presidente Venceslau (SP), Ribeirão Preto (SP), Sorocaba (SP), Guarulhos (SP) e Londrina (PR). Além de advogados supostamente ligados ao PCC, foram presos a presidente e vice-presidente da ONG Pacto Social & Carcerário.

ONG apareceu em documentário de 2024 da Netflix sobre o tratamento dos presos no sistema penitenciário brasileiro. O nome da operação "Scream Fake" faz referência ao nome do documentário "O Grito". Os perfis da ONG nas redes e seus serviços foram suspensos por ordem judicial.

Quem são os presos?

  1. Kethellen Camila Sousa Lemos
  2. Ricardo Marques de Oliveira
  3. Luciene Neves Ferreira
  4. Geraldo Sales da Costa (aparece no documentário da Netflix)
  5. Eric de Souza Santos
  6. Agatha Aparecida Azevedo Silva
  7. Luis Alberto dos Santos Aguiar
  8. Michael Douglas Anjos Coelho de Oliveira
  9. Luan Vitor Siqueira de Jesus
  10. Renan Bortoletto - advogado
  11. Tatiana Roberta Jesus Vieira - advogado
  12. Iria Rubslaine Gomes de Campos - advogado

O que a polícia descobriu?

Investigação começou há três anos após um visitante tentar entrar na Penitenciária II de Presidente Venceslau com mídias externas ocultas em suas roupas. Na ocasião, os equipamentos foram apreendidos e analisados. O material mostrou a atuação de quatro setores do PCC: Gravatas, Saúde, Financeira e Reivindicações.

Polícia diz que Setor de Reivindicações é o mais "preocupante". Segundo a investigação, o PCC usa a ONG e advogados da própria facção para orquestrar ataques a agentes públicos, disseminando acusações e abusos falsos em uma tentativa de desestabilizar e colocar a opinião pública contra o poder estatal.

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De um lado, integrantes da facção atentariam contra os funcionários públicos, de outro, a ONG dissemina bravatas vazias relacionadas ao sistema penitenciário, repercutindo em última análise em uma desestabilização de todo o sistema de Justiça criminal.
Investigação da Polícia Civil e do Ministério Público

ONG foi criada com a ajuda do Setor dos Gravatas e presta contas ao PCC, diz a polícia. A ONG informa à facção sobre sua atuação e de como ela vem atendendo aos seus interesses. A polícia diz que a ONG está sediada em São Bernardo (SP), mas não há qualquer evidência de que ela esteja em efetivo funcionamento.

Médicos cooptados para "plano de saúde do PCC"

A investigação também revelou que médicos e dentistas sem vínculo com o crime organizado eram cooptados para prestar atendimento particular e exclusivo a detentos faccionados. Os atendimentos aconteciam na Penitenciária II de Presidente Venceslau e Centro de Readaptação Penitenciária.

Serviços incluíam intervenções estéticas e cirúrgicas, diz a polícia. Apenas indivíduos com funções de destaque na estrutura do PCC eram beneficiados.

Atividades do Setor de Saúde eram gerenciadas por advogados do PCC.Os valores mais expressivos eram pagos por depósitos não identificados, transferências bancárias originadas de contas em nome de terceiros desconhecidos ou por transferências feitas pelo advogado diretamente ao profissional ou clínica. Todo o dinheiro envolvido nas operações era ilícito.

17 comentários

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Renato dos Santos

E o governo do PT preocupado em taxar o Pix. 

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Fernando Fonseca

A CPI das Ongs provou que apenas algumas e raras entidades não atuam pelo crime organizado, e por isso a esquerdo e o desgoverno do sistema, fizeram tudo para abafar e atrapalhar as investigações, assim como foi com o MST....

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Aton Fon Filho

Percebam que muita gente aqui  faz exatamente aquilo que o PCC ordenava que as pessoas presas agora estavam fazendo: espalhar mentiras contra o judiciário e as autoridades para jogar o povo contra elas.

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