Faculdade de Medicina expulsa 12 alunos por faixa com apologia ao estupro
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A Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, expulsou 12 alunos de medicina que posaram para uma foto junto a uma faixa que fazia apologia ao estupro.
O que aconteceu
Além dos expulsos, 11 alunos receberam punições. Eles receberam "sanções regimentais que configuram suspensões e outras medidas disciplinares", mas não ficou claro que medidas serão aplicadas. A Faculdade Santa Marcelina não identificou nenhum dos alunos punidos.
Atlética está interditada por tempo indeterminado. "Comprometida com a transparência, os princípios éticos e morais, a dignidade social, acadêmica e a legislação vigente, a Faculdade Santa Marcelina reafirma sua postura proativa e colaborativa em relação ao assunto, perante as autoridades competentes", afirmou a instituição, em nota.
Relembre o caso
Membros da Atlética posaram para uma foto segurando uma faixa com a frase: "entra porra escorre sangue". O caso aconteceu antes de uma partida de handebol.
A foto, que circulou em grupos internos da faculdade, gerou indignação entre estudantes e corpo diretivo. Ela também contava com a presença de uma mulher, que supostamente faz parte da Atlética.
Fontes ouvidas pelo UOL afirmam que a Atlética foi responsável pela compra da faixa e pela inscrição da frase. Alunos relataram que a faixa foi feita após um treino de futsal na quinta-feira, 13, com participação direta dos atleticanos.
A Atlética publicou posteriormente uma nota oficial atribuindo a confecção da faixa aos calouros. Após repercussões internas, foi publicada uma segunda nota afirmando que o presidente e vice-presidentes da gestão 2025 foram afastados.
O Centro Acadêmico Adib Jatene e outras entidades estudantis classificaram o episódio como apologia ao estupro. A frase da faixa, segundo fontes, teria sido inspirada em uma letra de uma música da cantada por alguns dos alunos, que foi banida pela instituição em 2017. A letra fazia apologia à violência sexual e continha expressões explícitas de desrespeito, com versos como "entra porra e sai sangue" e referências à violência sexual contra mulheres. Após denúncia dos coletivos da faculdade, a música foi banida da instituição.
Faculdade teve denúncia sobre hino machista em 2017
Coletivo Feminista Francisca publicou em março de 2017 uma denúncia sobre o hino da AAAPV (Associação Atlética Acadêmica Pedro Vital). Na publicação, é dito que a música era cantada em festas e eventos da faculdade, segundo relatos de estudantes. Fonte ouvida pelo UOL reforçou que a música era amplamente conhecida e entoada em eventos acadêmicos.
Música foi banida pela atlética e outras entidades esportivas após a denúncia. Uma semana depois, o coletivo fez outra publicação agradecendo o apoio e dizendo que "a abolição da mesma [música], foi o mínimo a ser feito, tendo em vista seu conteúdo claramente violento e opressor"
Faculdade Santa Marcelina não se pronunciou oficialmente à época, apesar da repercussão. Em nota enviada ao UOL na última quarta-feira, a instituição afirmou que não teve acesso à denúncia e, por isso, não agiu.
A Faculdade Santa Marcelina esclarece que, em 2017, não teve acesso à denúncia feita pelo Coletivo Feminista Francisca sobre o teor do hino dos estudantes que participavam da Associação Atlética Acadêmica. Na ocasião, a própria associação tomou medidas imediatas, entre elas, o banimento do hino e o repúdio ao ocorrido. Faculdade Santa Marcelina, em nota enviada ao UOL
Lucimara Duarte Chaves, diretora acadêmica, afirmou que nunca tinha tido conhecimento sobre o hino ou seu teor. Depoimento foi dado na última terça-feira durante um inquérito policial instaurado para apurar os casos recentes envolvendo a universidade, ao qual a reportagem teve acesso. Ela está no cargo desde junho de 2017, portanto após a denúncia do coletivo.
A torcida Sangue Azul e Amarelo, suposta compositora do hino, se manifestou apenas após o caso recente envolvendo a faixa. Em publicação, a torcida repudiou a apologia ao estupro e afirmou que não compactua com discursos de ódio.
43 comentários
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Eliseu Rosendo Nunez Viciana
Parabéns à Faculdade por expulsá-los!
Benedito Andre Almeida Violante
como poderiam ser médicos?!?!?
Carlos Roberto de Oliveira Fonseca
Aí, sim, São Camilo! Decência é bom e todo mundo gosta! Tem muita profissão pra esses garotos mimados no mercado: açougueiro, ferrador de equino, gari, encanador, mecânico, eletricista...gente que precisa de médicos solidários diante de tanto sofrimento humano. Fico imaginando a cara de nojo de um boçal desses atendendo gente humilde em um plantão do SUS...