Paes sela apoio de bolsonaristas enquanto comemora votos do PSOL
Na reta final do segundo turno para a prefeitura do Rio, Eduardo Paes (DEM) comemorou a formalização do apoio do PSD fluminense à sua candidatura, na tarde de hoje. A parceria com o partido é considerada "inusitada" na capital fluminense, já que a legenda teve o delegado Fernando Veloso como vice-candidato na chapa encabeçada por Luiz Lima (PSL) nessas eleições.
A afinidade de Lima com os ideais defendidos pela família Bolsonaro e a defesa das pautas relacionadas à segurança pública feitas por Veloso indicavam uma simpatia com Crivella, que é apoiado pelo chefe do Executivo. Apesar disso, Paes — que tem evitado nacionalizar a campanha ou associar o seu nome a figuras de Brasília — compareceu ao evento e foi rodeado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como o próprio Veloso, o senador Carlos Portinho, o deputado federal Hugo Leal e vereadores recém eleitos.
O ex-prefeito lamentou a morte do senador Arolde de Oliveira, no mês passado por covid-19, afirmou que terá os três vereadores da legenda em sua base, caso seja eleito, e comemorou o voto crítico declarado por alguns membros do PSOL — isso, depois de lamentar a ausência no evento do vereador eleito e ex-PM Gabriel Monteiro, que foi contaminado pelo coronavirus.
O adversário direto na disputa, Marcelo Crivella (Republicanos), não escapou de ataques. "O bispo nos fez perder a fé", afirmou ao comentar a administração do adversário.
Apesar de considerado "inusitado", o apoio foi feito graças a uma "costura política" em Brasília. Para a decisão do PSD, foram levadas em conta as recentes pesquisas de intenções de votos que mostram Paes à frente na disputa eleitoral.
Em Brasília, a cúpula do governo foi consultada e ouviu que Paes "não é considerado um inimigo do clã Bolsonaro". A partir daí, a interlocução entre as partes passou a ser conduzida pelo deputado federal Hugo Leal e pelo senador Carlos Portinho, que substituiu Arolde no Congresso.
Por ser intimamente ligado a Cesar e Rodrigo Maia, Paes não se tornou alvo de Bolsonaro, que tornou explícito o seu apoio a Crivella. Pelo contrário: em uma live, o presidente chegou a defini-lo como um "bom gestor". Tudo para não incomodar o chamado "centrão", que compõe parte da sua base de apoio e que tem interesse em ver o DEM retomar a prefeitura da capital fluminense.
Apesar do apoio, o discurso oficial é de que não haverá distribuição de cargos para membros do PSD em um eventual mandato.
"Agora todo partido que declarar apoio terá que receber cargos? Esse fisiologismo não existe. Alguém duvida que o PSOL será oposição, caso eu seja eleito? Não, né. Mas, alguns estão aí, declarando voto anti-Crivella, em meu favor", disse Paes aos jornalistas. "É mais fácil que os vereadores do Republicanos do Crivella me apoiem do que os sete do PSOL", ironizou.
Ao lado de Paes, na sede do PSD carioca, estavam algumas das principais figuras do partido no estado. Além de Portinho e Hugo Leal, já citados, estavam de mãos dadas com o ex-prefeito dois dos três vereadores eleitos pela sigla nesse ano: Jones Moura e Rogério Rocal.
O terceiro, o ex-PM e youtuber Gabriel Monteiro, não estava presente. "Lamento a ausência dele, que está com covid, gostaria dele aqui, nesse momento de união", afirmou.
Como o UOL mostrou na última semana, Paes já trabalha para que o DEM garanta a presidência da Câmara. O vereador Carlo Caiado (DEM) é o favorito para assumir o cargo, independente do resultado da eleição. Caso Paes vença, ele deve comandar a base de apoio ao governo. Caso perca, será o líder da oposição contra Crivella.
Com poucos dias até a eleição e arregimentando apoios, Paes viu outro quadro inusitado se desenhar na tarde de hoje ao ouvir as palavras de apoio do senador Carlos Portinho, defensor de primeira hora do bolsonarismo, que fez oposição aberta a Crivella. "Não há outro candidato no Rio. Hoje você tem um senador em sua defesa", concluiu para aplausos de eleitores do partido.
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