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Crivella se recusa a responder se irá parabenizar Paes por vitória

Marcelo Crivella e sua vice, tenente-coronel Andrea Firmo, que foram derrotados por Eduardo Paes (DEM) no segundo turno das eleições municipal de 2020 no Rio de Janeiro - Herculano Barreto Filho/UOL
Marcelo Crivella e sua vice, tenente-coronel Andrea Firmo, que foram derrotados por Eduardo Paes (DEM) no segundo turno das eleições municipal de 2020 no Rio de Janeiro Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/11/2020 21h14Atualizada em 30/11/2020 11h22

No primeiro pronunciamento após o resultado da vitória nas urnas de Eduardo Paes (DEM) nas eleições municipais do Rio de Janeiro, com 64% dos votos, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) se recusou a responder se iria parabenizar o vencedor do pleito. O discurso foi feito à imprensa hoje à noite no comitê de campanha em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, diante da presença de mais de 50 apoiadores.

Fontes ligadas ao governo informaram que deve ser criado um grupo de transição e que Crivella não tem planos políticos imediatos. Ele ainda antecipou que o seu próximo desafio será apoiar a candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nas eleições de 2022.

A pergunta sobre uma eventual manifestação de cumprimento ao Paes após o pleito incomodou alguns apoiadores de Crivella. No caminho de saída do comitê de campanha, um deles disse: "Tu só vai dar parabéns ao Paes na cadeia! Quem traiu o senhor, vai pagar! Quem traiu o senhor, traiu Deus!", disse, aos gritos, após abraçar o atual prefeito do Rio.

Quando chegou ao local, Crivella foi recebido pela sua vice, a tenente-coronel do Exército Andréa Firmo, que se referiu a ele como "meu comandante". Após abraçá-lo, Andréa o cumprimentou com uma continência.

Vice de Marcelo Crivella, a tenente-coronel Andréa Firmo, bate continência para o candidato derrotado no segundo turno nas eleições municipais do Rio de Janeiro - Herculano Barreto Filho/UOL - Herculano Barreto Filho/UOL
Vice de Marcelo Crivella, a tenente-coronel Andréa Firmo, bate continência para o candidato derrotado no segundo turno nas eleições municipais do Rio de Janeiro
Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

No local, também havia secretários e mais de 50 apoiadores, a maioria deles ligados à Igreja Universal do Reino de Deus, onde Crivella pregou antes de ir ao comitê. O grupo entoava jingles da campanha, reproduzia posicionamentos de Crivella, como a afirmação de que Paes seria preso, e direcionava insultos aos repórteres no local.

Antes do pronunciamento, Crivella falou com apoiadores. "Estamos tristes, mas não estamos derrotados. Continuo com a mesma fé de sempre", disse, seguido de aplausos de fiéis.

Ele também fez elogios ao presidente Jair Bolsonaro, citado por Crivella como "herói da nação". "Ele levou uma facada, mas não perdeu o seu senso de patriotismo. É um herói vivo", elogiou.

Após falar por cerca de dez minutos, uma repórter questionou se a derrota nas urnas refletia a sua rejeição e acabou sendo vaiada pelos apoiadores. Crivella, então, deixou o local, no meio da pequena multidão, trocando questionamentos por manifestações de afeto.

Legado, vereadores e Cabral

Crivella também falou sobre a importância dos sete vereadores eleitos pelo Republicanos para que possam assegurar a continuidade do legado deixado pela sua gestão.

"O Rio não pode voltar pra trás", argumentou.

Marcelo Crivella (Republicanos) durante entrevista coletiva após a derrota para Eduardo Paes (DEM) - Herculano Barreto Filho/UOL - Herculano Barreto Filho/UOL
Marcelo Crivella (Republicanos) durante entrevista coletiva após a derrota para Eduardo Paes (DEM)
Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Em seguida, voltou a falar sobre a sua derrota nas urnas para o ex-governador Sérgio Cabral, preso desde 2016 e condenado a mais de 280 anos de prisão após denúncias da Operação Lava Jato. Nos debates, Crivella colou a imagem de Cabral a Paes pela relação de proximidade entre os dois no passado.

"Eu perdi. Mas, olhando para trás, quem perdeu foi ele", disse.

"O mesmo vai acontecer agora" retrucou um apoiador.

"Pois é", respondeu o prefeito. "Vamos torcer para as coisas darem certo. Vamos fazer uma transição correta e vamos continuar com a nossa luta", completou.

Em meio à conversa com os apoiadores, Crivella fez algumas referências bíblicas. "Deus tem planos para nós. E nós vamos cumprir esse projeto", disse, diante de aplausos e apoiadores, que deixavam de lado um apoio embasado em ideias para dar espaço a manifestações de fé. "Amém! Em nome de Jesus", repetiam, aos gritos, com as mãos estendidas para frente.