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ANÁLISE

Debate e horário eleitoral reforçam: comunicação de Lula precisa melhorar

Ex-presidente Lula (PT) durante debate presidencial organizado por UOL, Band, Folha e TV Cultura - Renato Pizzutto/Band
Ex-presidente Lula (PT) durante debate presidencial organizado por UOL, Band, Folha e TV Cultura Imagem: Renato Pizzutto/Band

29/08/2022 12h01

Esta é parte da versão online da newsletter UOL nas Eleições 2022 enviada hoje (29). Na newsletter completa, Alberto Bombig traz mais detalhes sobre a impressão deixada por Jair Bolsonaro no início do horário eleitoral e fala sobre a dúvida de Rodrigo Garcia (PSDB), governador candidato à reeleição em São Paulo, entre atacar ou não o presidente. Quer receber a newsletter completa, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, na semana que vem? Cadastre-se aqui.

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O primeiro debate entre os candidatos a presidente da República, promovido pela TV Bandeirantes, UOL, Folha e TV Cultura, no domingo (28), serviu como um balizador do que esperar das campanhas presidenciais daqui até o primeiro turno, no dia 2 de outubro próximo.

Nos bastidores do evento, a impressão final foi de que a campanha do líder das pesquisas até aqui, conforme o Agregador de Pesquisas do UOL, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda não está azeitada na área da comunicação e de que o petista não conseguiu transmitir para o eleitor a vibração apresentada na entrevista ao Jornal Nacional (TV Globo), na semana passada.

O sentimento entre assessores, políticos e especialistas em marketing eleitoral é de que a performance do petista, assim como seus primeiros programas no horário eleitoral de TV e de rádio, deixou a desejar em impacto, em vigor.

Sobre a propaganda do petista na TV, a avaliação geral é de que, na estreia, faltou emoção, ousadia e assertividade, marcas das antigas campanhas eleitorais do PT. A crítica a Bolsonaro e ao governo do presidente também ficou aquém do necessário: foi considerada muito sutil. A área da comunicação da campanha vem sendo uma problema para o partido.

Portanto, apesar do desempenho ruim de Jair Bolsonaro (PL) no debate, permanece a sensação de que será difícil a eleição ser decidida no primeiro turno e de que será uma campanha eleitoral tensa, com grandes riscos de violência física nas ruas. Até no espaço montado nos estúdios da TV Bandeirantes para receber convidados houve bate-boca entre André Janones (Avante), apoiador de Lula, e o bolsonarista Ricardo Salles (PL).

No estúdio, frente a frente, os presidenciáveis mostraram suas estratégias para conquistar o voto dos eleitores, expuseram suas virtudes e também suas fragilidades.

Em linhas gerais, Lula foi emparedado pelo tema da corrupção. Jair Bolsonaro começou no ataque, mas perdeu o controle com a agressão à jornalista Vera Magalhães. A partir desse ponto, o presidente voltou a falar apenas para sua bolha, provavelmente para usar esses trechos em suas redes sociais.

Lula, diferentemente do que ocorreu na entrevista ao JN, ainda não encaixou um discurso para tratar do tema da corrupção nos governos petistas. Quando o assunto foi levantado por Bolsonaro, no primeiro bloco do debate, o petista teve seu pior desempenho da noite.

Segundo assessores e políticos petistas que estavam nos bastidores, a expectativa era no sentido de Lula responder aos ataques levantando escândalos do governo Bolsonaro, como o caso dos pastores no Ministério da Educação. O ex-presidente, no entanto, preferiu não particularizar a discussão.

Com Lula emparedado pelo tema de corrupção e Bolsonaro pelo da violência contra as mulheres, Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) conseguiram, finalmente, uma espaço nobre para marcarem suas posições como candidatos da chamada terceira via, ou seja, daqueles que rejeitam os dois líderes das pesquisas.

Segundo o Datafolha, Tebet foi quem se saiu melhor no debate. A senadora e candidata do MDB foi mais dura com Bolsonaro, mas também delimitou claramente suas diferenças em relação a Lula. Quando instada pelo próprio ex-presidente petista, sobre corrupção, ela disse que o problema vem de governos passados.

Ciro Gomes, como de costume, foi quem mais apresentou ideias e propostas. Porém, errou ao subir demais o tom contra Bolsonaro em um dos blocos finais. Felipe d'Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil) aproveitaram a chance de se apresentarem aos eleitores.

A julgar por esse primeiro encontro, a campanha eleitoral ainda promete fortes emoções.

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