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ANÁLISE

Com Moro, Bolsonaro aglutina forças para batalha decisiva na região Sudeste

16.out.2022 - Sérgio Moro e Bolsonaro conversam antes do debate UOL/Band - Reinaldo Canato/UOL
16.out.2022 - Sérgio Moro e Bolsonaro conversam antes do debate UOL/Band Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Colunista do UOL

17/10/2022 12h00

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A performance de Jair Bolsonaro (PL) no debate da TV Bandeirantes, UOL, Folha e TV Cultura, no domingo (16), manteve viva nos bastidores da campanha eleitoral a sensação de que o resultado ainda está longe de uma definição: o presidente, mesmo atrás nas mais recentes pesquisas, mantém chances de vencer Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A menos de duas semanas da votação final, marcada para o dia 30 deste mês, a campanha do presidente à reeleição pretende concentrar esforços em abrir vantagem sobre o petista na região Sudeste. A avaliação é de que o debate e a reaproximação com o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) ajudarão a aglutinar novamente forças que foram decisivas na vitória de Bolsonaro sobre Fernando Haddad (PT) em 2018 e que estavam dispersas após o final da Lava Jato.

Moro e Bolsonaro haviam se afastado após o ex-juiz federal, senador eleito pelo Paraná, ter pedido demissão do Ministério da Justiça em 2020. Pesquisas internas em poder da campanha do presidente indicam que Moro mantém boa avaliação entre eleitores do Sudeste que não votaram em Bolsonaro no primeiro turno. No domingo, os dois estiveram juntos no debate.

Na próxima quinta-feira (20), o presidente deverá participar de um grande ato, na cidade de São Paulo, ao lado de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), seu candidato ao governo paulista. Na plateia, estarão prefeitos e vereadores do interior, além de deputados e senadores eleitos. Bolsonaro pedirá um empenho redobrado deles em busca de cada voto até o momento final. Também estão previstas ações semelhantes em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

Para o estafe de Bolsonaro, o debate foi como um jogo de futebol que termina empatado, mas que dá a um dos times — no caso, o dele — o famoso "sabor da vitória". Afinal, o presidente chegou aos estúdios da Band, em São Paulo, na defensiva, emparedado pela circulação do vídeo em que citava meninas venezuelanas e era associado à pedofilia.

Só para se ter uma ideia do potencial de estrago do vídeo, proibido de ser divulgado por decisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), horas antes do debate ainda havia dúvidas na campanha de Bolsonaro se ele deveria mesmo comparecer ao estúdio para confrontar Lula.

Portanto, é inegável que o presidente chegou para o embate em situação adversa, apesar de respaldado juridicamente pela decisão de Moraes. Ao término do primeiro bloco, após ter sido enredado por Lula na discussão sobre a tragédia da pandemia da covid-19 no Brasil, Bolsonaro deu a impressão de abatimento e descontrole, segundo um membro da campanha.

Porém, ainda na ótica de sua campanha, o presidente retomou o prumo e foi melhor do que Lula nos dois blocos seguintes ao comandar a agenda, impondo a ela o tema da corrupção e da segurança pública (após sugestão de Moro), e ao controlar melhor o seu tempo no debate, o que lhe propiciou um monólogo de quase sete minutos no final.

Ao fim e ao cabo, se não foi completamente ignorado no debate, o caso das venezuelanas acabou abordado mais pelo aspecto da defesa de Bolsonaro do que de qualquer acusação concreta por parte de Lula. Saldo considerado positivo pela campanha do atual presidente.

A expectativa permanece em relação a um possível impacto do caso das venezuelanas nas pesquisas. Nesta segunda-feira (17) à noite, está prevista a divulgação de mais uma rodada do Ipec. Conforme o Agregador de Pesquisas do UOL, Lula permanece na frente de Bolsonaro.

Na campanha de Lula, também há o entendimento de que o Sudeste pode ser decisivo. Por isso, Haddad, candidato ao governo paulista, ganhando ou perdendo a eleição, terá papel importante nesta reta final. O petista terá de desenvolver um trabalho de contenção de danos para evitar que Tarcísio crie uma onda pró-Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país.

Sobre o debate, os petistas entendem que Lula desperdiçou uma boa chance, dada a fragilidade com que Bolsonaro chegou para o encontro, mas não acham ter havido uma derrota do ex-presidente. Avaliam que o empate sempre beneficia quem está na frente das pesquisas.

Ficou também, no PT, a sensação de que Lula poderia ter feitos mais acenos ao eleitor de centro após ter recebido apoios importantes como os de João Amoêdo (Novo) e de Simone Tebet (MDB).

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