Após estagnação nas pesquisas, Bolsonaro faz intensivão de campanha

Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) retornou ao Brasil na última noite enfrentando estagnação nas pesquisas e a possibilidade de o rival Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer a eleição no primeiro turno. Para evitar a materialização deste cenário, o presidente programa um intensivão de agendas de campanha para os próximos dias.

Serão cinco cidades em três dias numa maratona que termina na TV aberta. No sábado, às 18h15, está prevista a participação no debate do SBT. Bolsonaro esteve na Inglaterra e nos Estados Unidos para participar do funeral da rainha Elizabeth 2ª e da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), respectivamente. O retorno aos atos de campanha nesta volta ao Brasil começa amanhã pelas duas maiores cidades da Amazônia: Belém e Manaus.

A viagem pelo Norte começa pela capital do Pará e acaba na do Amazonas. No dia seguinte, sexta-feira, ele estará em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Como o SBT tem sede em Osasco, na Grande São Paulo, o sábado será dedicado ao estado com mais habitantes e votos.

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Bolsonaro estaciona nas pesquisas. A pesquisa do Ipec divulgada na segunda-feira (19) mostrou Lula na frente, com 47% das intenções de voto. O candidato à reeleição aparece na sequência, com 31%. Mais que a distância, o resultado é preocupante para a campanha de Bolsonaro porque indica uma estagnação.

Ele apareceu com a mesma pontuação da pesquisa anterior. Além disso, o percentual de intenção de votos nos levantamentos feitos em agosto indicava 32% para Bolsonaro. Isto significa que o pagamento do Auxílio Brasil e a queda nos preços dos combustíveis não se traduziram em votos. A estagnação dele junto com a falta de avanço dos demais rivais permitem que Lula tenha chances de vencer o pleito no primeiro turno.

No mesmo palco que Lula. Bolsonaro aposta na dobradinha motociata e comício em Belém para a largada deste intensivão. A combinação é a considerada ideal pela campanha para o candidato pedir votos. A programação começa no aeroporto e vai até o Porto Futuro, parque urbano que ele inaugurou em 2020. Terminada a agenda, o destino é Manaus.

Na capital do Amazonas, Bolsonaro vai participar de um evento do Ministério das Comunicações. O último ato de quinta-feira é um comício no Espaço Via Torres. Trata-se do mesmo local onde Lula discursou quando esteve em Manaus em 1º de setembro. A presença dos dois principais concorrentes na eleição para presidente renderá uma comparação de fotos que pode ser explorada na última semana de uma campanha que se desenha difícil para o candidato.

Lula e Bolsonaro em Minas na sexta. Na sexta-feira, o presidente irá a duas cidades mineiras: Divinópolis e Contagem. Neste último município, está programado um evento chamado "Mulheres pelo Brasil". A previsão é de participação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

O presidente também passará por Divinópolis, cidade que é reduto eleitoral de Cleitinho Azevedo (PSC), candidato ao Senado aliado do presidente. Minas Gerais é tão importante na corrida presidencial que Bolsonaro deverá voltar ao estado na próxima semana.

O primeiro evento de campanha de Bolsonaro foi realizado em Juiz de Fora (MG) no dia 16 de agosto. Outra prova da relevância do eleitorado mineiro é que Lula também estará lá na sexta-feira. O ex-presidente tem agenda de campanha prevista para Ipatinga.

Sábado em Campinas e na TV aberta. O sábado do presidente está reservado para dois compromissos no estado de São Paulo. O primeiro é uma agenda com o candidato a governador e aliado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em Campinas. Os dois estão em momentos decisivos da corrida eleitoral.

Enquanto Bolsonaro estagnou na segunda colocação e assiste Lula pregar pelo voto útil para levar no primeiro turno, Tarcísio viu a aproximação do governador e candidato a reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB). Pela pesquisa Ipec divulgada ontem, ambos estão em empate técnico. Em um levantamento com dois pontos percentuais de margem de erro, Tarcísio tem 22% e Rodrigo 18%.

Críticas por transformar viagem internacional em palanque. Havia a expectativa entre aliados que Bolsonaro usasse a viagem à Inglaterra e aos Estados Unidos para eventos de magnitude global para se portar como um estadista. A previsão não se confirmou.

A passagem por Londres para o funeral da rainha se tornou um palanque eleitoral. Além disso, houve uma entrevista ao SBT em que o candidato à reeleição voltou a levantar dúvidas sobre o sistema eleitoral. Na ONU, ele usou o discurso de abertura da Assembleia-Geral para criticar Lula.

Agora Bolsonaro está livre para fazer campanha sem ouvir queixas. O intensivão na campanha indica que ele vai aproveitar todas as oportunidades.