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Diretora do Datafolha: Clima hostil atrapalhou a captar voto bolsonarista

Colaboração para o UOL

04/10/2022 09h52Atualizada em 04/10/2022 12h35

Diretora das pesquisas Datafolha, Luciana Chong disse hoje ao UOL News que o clima de hostilidade nas eleições 2022 pode ter atrapalhado o desempenho de pesquisas de intenção de voto. O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, teve um índice de votos no primeiro turno maior do que apontavam os levantamentos, o que intensificou os ataques às instituições que realizam as sondagens.

"A gente está vendo uma dificuldade de captar a intenção de voto do bolsonarismo. A gente vai controlando a amostra para minimizar isso. A gente pergunta em quem votou em 2018. Mas há dificuldade. No último mês, os ataques em relação às pesquisas, aos institutos, ao Datafolha especialmente, criou um clima de hostilidade e agressividade em relação aos pesquisadores. Em um ambiente normal, com outras condições, a gente teria captado algo mais do Bolsonaro na véspera."

A diretora afirmou que procura formas de contornar o problema. "Nunca tivemos essa dificuldade e vamos ter que contornar. Não sabemos como, estamos estudando, porque não é uma tarefa simples."

Chong também avaliou que o crescimento de Bolsonaro provavelmente aconteceu porque eleitores dispostos a votar em Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) mudaram de ideia. Na última pesquisa, 13% dos ouvidos admitiram que não estavam 100% decididos, principalmente entre os prováveis eleitores de Ciro e Tebet.

Novas pesquisas do Datafolha serão divulgadas na sexta-feira (7).

Áreas controladas e questão territorial dificultaram captação no RJ

Luciana Chong comentou os resultados das eleições para governador no Rio de Janeiro. O instituto não havia apontado a vitória de Cláudio Castro (PL) no 1º turno, constatada no domingo. A diretora identifica uma dificuldade específica no estado.

"Há uma dificuldade territorial de conseguir chegar a todos lugares e de fato fazer a pesquisa para que seja totalmente representativa. Tem a dificuldade de entrar em áreas controladas. O pesquisador tem que se deslocar, não pode ficar em um lugar e, de alguma forma, isso interfere", afirmou.

Josias: Comitê de Bolsonaro acredita que votos que faltam sairão de São Paulo

O colunista Josias de Souza também participou do UOL News e comentou a estratégia de Bolsonaro para o 2º turno da eleição presidencial. Ele afirma que a campanha do presidente entende que os votos de São Paulo serão decisivos.

"Bolsonaro convocou Tarcísio de Freitas para uma conversa e está concentrado na região Sudeste. Ele ficou na frente do [ex-presidente e também candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT)] Lula em São Paulo, mas com uma diferença menor que em 2018. Ele prevaleceu no Rio de Janeiro, mas já chamou Cláudio Castro para uma conversa. E, por último, a única praça em que Bolsonaro perdeu no Sudeste foi Minas Gerais, e o presidente já obteve apoio do Romeu Zema. Então ele está concentrando esforços na região Sudeste. E São Paulo é visto como vital pelo comitê da reeleição."

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