De ex-Rota a Luísa Mell: cresce pressão sobre Nunes para escolha do vice

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), vem sendo pressionado pelos partidos aliados a escolher de uma vez quem será o vice em sua tentativa de se reeleger nas eleições deste ano: os nomes vão de um bolsonarista que comandou a Rota a figuras populares como Luísa Mell e o filho do missionário evangélico R.R. Soares.

O que aconteceu

O favorito para ficar com a vaga é um ex-comandante da Rota indicado por Jair Bolsonaro (PL). Para emplacar o coronel aposentado da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo —que dirigiu a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo)—, o ex-presidente descartou apoio à candidatura do correligionário Ricardo Salles, seu ex-ministro do Meio Ambiente.

O PL também ofereceu outras opções a Nunes. Uma delas é a vereadora Sonaira Fernandes (PL), aliada do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e a vereadora Rute Costa, que trocou o PSDB pelo PL de olho na vaga.

O ex-comandante da Rota, porém, acaba de ganhar o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Após pressão bolsonarista, Tarcísio, que nos bastidores preferia emplacar Sonaira, sua ex-secretária da Mulher, declarou na terça (11) apoio ao ex-comandante da Rota. O nome sofre resistência dentro do MDB, que preferia um nome que fosse menos associado ao bolsonarismo.

Tarcísio saiu do muro e pediu que a escolha por Mello ocorra "o mais rápido possível". "Vou estar fechado com o presidente Bolsonaro e entendo que, até pela mudança de cenário, mais do que nunca, é importante fazer esse acerto, esse arranjo o mais rápido possível", disse ele na terça (11) em coletiva de imprensa. "Vamos estar juntos com o coronel Mello Araújo e com Ricardo Nunes."

Ex-comandante da Rota, Ricardo Nascimento de Mello Araújo presidiu Ceagesp no governo Bolsonaro
Ex-comandante da Rota, Ricardo Nascimento de Mello Araújo presidiu Ceagesp no governo Bolsonaro Imagem: Reprodução/Instagram/@melloaraujo10 19.nov.2023

Tarcísio quebrou o silêncio em razão da pré-candidatura de Pablo Marçal (PRTB). Depois que o coach conservador entrou na briga, as pesquisas de intenção de voto indicaram que parte do voto bolsonarista poderia migrar para ele.

Após a manifestação de Tarcísio, o presidente da Câmara Municipal entrou no jogo de pressão. Milton Leite (União Brasil), que havia oferecido o próprio nome para a vaga de vice, apresentou na terça em coletiva de imprensa uma lista de opções do União Brasil que vai da ativista pet Luísa Mell ao evangélico filho de R.R. Soares, o deputado estadual André Soares.

Com a jogada, Leite também fragiliza a pré-candidatura do deputado federal Kim Kataguiri (União-SP). Leite chegou a dizer que Kim "não deixa o União independentemente do resultado".

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Leite, então, fez uma lista de opções para a vice. "A [cantora gospel e vereadora de Boituva] pastora Sandra Alves, Luísa Mell, filiados nossos. General Peternelli [ex-deputado federal e militar da reseva], se quiser o capitão Alison [da PM] nós temos, o deputado André Soares, filho do R.R. Soares, nós temos. Temos uma pastora negra, temos todos os perfis. Rubinho [Nunes, vereador]", enumerou.

Sabemos do peso do PL, do peso do ex-presidente Bolsonaro, mas nós temos voto, sabemos o quanto disputamos na urna, queremos ser a maior bancada de vereadores.
Milton Leite, presidência da Câmara Municipal

Após a repercussão da notícia, Luísa Mell negou intenção de se candidatar. "Isso não existe, não serei candidata a vice-prefeita, é especulação. Se um dia eu for candidata a alguma coisa, eu vou vir aqui falar para vocês", afirmou em uma rede social.

Boulos já tem vice

Guilherme Boulos e Marta Suplicy
Guilherme Boulos e Marta Suplicy Imagem: Yuri Murakami/Fotoarena/Folhapress

Outros nomes já ventilados perderam força. Também já foram cotados a delegada Raquel Gallinati (PL), o delegado Osvaldo Nico (sem partido) e o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos).

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O MDB cogitou uma candidatura "puro sangue". Mas o preferido do partido, o secretário municipal de Relações Internacionais, Aldo Rebelo, desistiu da disputa.

A pressão para Nunes adiantar sua escolha aumentou desde que Guilherme Boulos anunciou sua vice. O pré-candidato do PSOL escolheu a ex-prefeita Marta Suplicy, que deixou a gestão Nunes—onde comandava a pasta de Rebelo— para voltar ao PT para disputar a eleição.

Nunes preferia anunciar sua escolha nas convenções partidárias, em julho. A pressão, no entanto, pode antecipar sua decisão.

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