Tabata não engaja com web série sobre sua trajetória e revê estratégia
Tabata Amaral, candidata do PSB à Prefeitura de São Paulo, não teve o engajamento nas redes sociais esperado com a websérie "Tabata" lançada durante a pré-campanha e prepara incursões a bairros da periferia em busca de votos principalmente das mulheres.
O que aconteceu
Com o objetivo de conquistar o voto de mulheres periféricas, no final de julho ela lançou a websérie "Tabata". No YouTube, o primeiro episódio tem o maior número de reproduções: 69 mil desde o dia do lançamento, 22 de julho. Segundo o marqueteiro da candidata, Pedro Simões, metade são de mulheres.
Os outros episódios tiveram desempenho diferente em audiência. O segundo contou a história da mãe da deputada federal, Maria Renilda Amaral, e rendeu 23 mil visualizações, menos da metade que a história já conhecida do pai, que enfrentava uma crise de dependência química quando morreu.
Os demais não chegaram às 10 mil reproduções. "A série está cumprindo bem o papel de construir a história de Tabata e estamos tranquilos com esses números", responde Simões.
A equipe espera maior engajamento a partir dos próximos episódios, que falam mais de política. Outra aposta é que quando os dez episódios estiverem no ar, as pessoas se interessem por assistir a série completa e não vídeos isolados.
Agora os episódios falam mais de política e aguardamos mais visualizações. Nossa websérie tem episódios pequenos para o que se espera de uma série, mas longos para o que boa parte das pessoas está acostumada a encontrar na internet. Esse é um dos motivos para que alguns episódios sejam mais assistidos do que outros. Estamos investindo em direcionamento para a série e esperamos que em breve o número de visualizações aumente.
Pedro Simões, marqueteiro de Tabata Amaral
No total, serão nove episódios e um especial. "Também usamos cortes no Instagram, TikTok e consideramos a série para a campanha na TV. O retorno que recebemos não é só YouTube", explica o marqueteiro.
Em um mês, o engajamento nas redes de Tabata praticamente não oscilou. Desde meados de julho ela soma 1,5 milhão de seguidores no Instagram e 463,3 mil no Twitter. Tabata só cresce no TikTok: em um mês ela ganhou cerca de 20 mil seguidores e 1 milhão de curtidas.
Competição acirrada por seguidores nas redes
Em comparação com outros candidatos, o crescimento de Tabata é menor que o de Nunes, Marçal e Datena. No período entre o dia 25 de julho e 16 de agosto, ela ganhou 39,9 mil seguidores no Instagram.
Só Boulos tem um crescimento menor que o dela entre o fim de julho e meados de agosto. Quem mais cresceu nessa rede social foi Pablo Marçal (PRTB), que já era um influenciador antes da disputa e tem 12,7 milhões de seguidores atualmente, ou 770,4 mil seguidores a mais nesse período.
O atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB) ganhou 82,7 mil seguidores. Ele chegou a 967,4 mil nesta quinta, após o crescimento. Datena (PSDB) ganhou 44,6 mil seguidores, e agora soma 958,5 mil. Guilherme Boulos (PSOL) é o candidato que menos cresce nas redes: entre 25 de julho e 16 de agosto ele ganhou 26,4 mil seguidores, chegando a 2,2 milhões.
Tabata sai das redes e vai à periferia
Primeiro ato de campanha foi na periferia de São Paulo. Tabata esteve em uma escola de Brasilândia, na zona norte, onde criticou a administração de Ricardo Nunes (MDB), destacando que, a educação municipal apresenta indíces ruins, apesar de a cidade ter um dos maiores orçamentos do Brasil. À noite, ela lançou seu programa de goveno.
Conversas já começaram e ela monta equipe de voluntários para apresentar as suas propostas. Tabata tem organizado jantares, rodas de conversas e reuniões com voluntários que vão votar nela e acreditam nas suas propostas.
"Ela ainda é desconhecida", afirma o marqueteiro. A equipe quer atrair pessoas engajadas que possam reunir mais gente interessada em ouvi as propostas da candidata do PSB.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberO voto das mulheres que moram na periferia vai continuar sendo a prioridade da campanha. Para a equipe, esse voto também é o mais interessante para a personalidade política da candidata. "Ela tem proposta e o voto de mulheres periféricas é pragmático. Querem ver resultados e avaliam propostas. Homens tendem a ser mais emocionais", diz Simões.
Campanha precisa virar a chave, diz especialista
Identidade de Tabata é a educação. Para a especialista em marketing político, Claudia Guimarães, a forma como Tabata fala sobre educação se tornou uma marca da sua campanha e deve ser usada se a candidata quiser se destacar, mas o erro ocorre quando ela deixa de abordar outras questões que atingem o dia a dia dos eleitores.
Candidatos à prefeitura, governo e Presidência precisam mostrar domínio em diferentes áreas. "Embora no legislativo uma pauta única possa ser suficiente, no executivo é importante abordar uma gama mais ampla de questões. Esse é o desafio para Tabata Amaral, usar sua forte conexão com a educação para dialogar com outras preocupações dos eleitores de maneira mais ampla e integrada", explica Guimarães.
No entanto, há cuidados a serem tomados, especialmente em eleições municipais. Um exemplo ilustrativo disso foi a candidatura do Cristovam Buarque em 2006 à Presidência da República, que focou quase exclusivamente na pauta educação e acabou limitando seu apelo ao eleitorado.
Claudia Guimarães, especialista em marketing político
Deixe seu comentário