Boulos, Datena e Nunes desistem de debate após 'descontrole' de Marçal
Do UOL, em São Paulo
19/08/2024 09h04Atualizada em 19/08/2024 16h28
Os candidatos Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB) desistiram de comparecer ao debate desta segunda-feira (19) promovido pela revista Veja e a ESPM.
O que aconteceu
O principal motivo é o "descontrole" de Pablo Marçal (PRTB). Esse termo foi mencionado por interlocutores das campanhas. As equipes afirmam que o adversário quebra as regras definidas pelas organizações. Eles dizem que têm conversado com os veículos de imprensa para que seja garantido o cumprimento das regras.
Oficialmente, no entanto, o motivo para não aparecerem ao debate é a incompatibilidade de agendas. O encontro está marcado para as 11h de hoje. Na semana passada, apenas Datena não havia confirmado presença.
Apesar das três desistências, Veja manteve o encontro. O evento acontece na ESPM, na zona sul da capital, e conta com o apoio do instituto Paraná Pesquisas.
Marçal, Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo) participaram do debate e criticaram quem não foi. Nas redes sociais, Tabata disse que "adversários fugiram" e no início do debate citou a "covardia" de quem não foi. Marçal declarou que há "um problema de masculinidade, de virilidade nessa nação, por isso os homens, principalmente o que lidera a prefeitura, não tiveram coragem" de ir. Já Marina Helena se referiu aos três como "fujões".
Marçal tem recorrido a factoides para atacar adversários e sugerido propostas rasas para a cidade. As falas descontextualizadas de Marçal viram cortes publicados nas redes sociais, que acumulam milhares de curtidas e comentários. Uma das sugestões do candidato do PRTB, se eleito, é construir uma rede de teleféricos para melhorar a mobilidade.
Nos dois primeiros debates, da Band e do Estadão/Terra, Marçal polemizou. No encontro da Band, Marçal ficou descontrolado após pergunta de Tabata sobre uma condenação do empresário por furto qualificado e envolvimento em uma organização criminosa. No debate seguinte, "exorcizou" Boulos com uma carteira de trabalho e quebrou regras (leia mais abaixo).
Marçal foi condenado pela Justiça Eleitoral por insinuar que Boulos é usuário de cocaína. O candidato do PRTB perdeu em pelo menos três processos, no último sábado (17), e terá de excluir das redes os trechos do debate com a insinuação e publicar em seus perfis o direito de resposta a Boulos.
Campanhas criticam regras
As campanhas ficaram irritadas com o debate do Estadão/Terra/Faap na semana passada. Os candidatos acharam as regras confusas e acusaram a organização de mudá-las no início do debate, o que os organizadores negam. As equipes consideram também que os dois debates não permitiram discutir propostas.
O UOL apurou que as campanhas têm conversado sobre as regras com os organizadores dos debates. O objetivo é garantir que elas sejam cumpridas e os adversários que não cumprirem sejam punidos de alguma forma.
O alerta ficou mais forte após o debate Estadão/Terra/Faap. As campanhas afirmam que Marçal quebrou regras como levar objeto para o púlpito, usar celular e ter mais gente de sua equipe do que o estipulado pela organização, além de ocuparem lugares no estúdio que eram proibidos pelas equipes.
O próximo debate está marcado para o dia 1º de setembro. O encontro entre candidatos será promovido pela TV Gazeta e o portal MyNews.
As agendas dos candidatos
Nunes participa de um evento sobre segurança alimentar, às 9h50. Depois tem despacho agendado com o secretário de Governo Edson Aparecido, às 11h30. "É preciso melhorar essas regras", disse Nunes. Em agenda mais cedo hoje, o prefeito afirmou que os debates tem "acontecido tudo, menos o objetivo que é debater a cidade".
Boulos terá compromissos internos. Por volta das 10h, o candidato do PSOL participará de gravações para a campanha, conforme agenda divulgada pela assessoria de imprensa.
No sábado, o psolista disse que só participaria de debates sem "baixaria". "Debate que tenha regra bem definida, que não tenha espaço para baixaria, eu vou participar, mas os que tenham regras complicadas, nós vamos ter que avaliar", afirmou.
Datena estará na zona leste. Por volta das 10h, o tucano vai lançar uma promessa de campanha para geração de emprego. Essa é a segunda agenda na rua do apresentador — a primeira ocorreu ainda na pré-campanha.
Ao UOL, o tucano afirmou que não vai a "debate sem civilidade". "Não ir ao debate foi uma decisão de estratégia de campanha", afirmou. "É um acúmulo de debates. Não vou nesse, mas posso ir a outro."
Posso não ir a outros. Se não houver debate dentro do mínimo de propostas e civilidade, não vai ter mais debate para mim. Não quero sair mais na porrada com ninguém. O último debate foi brincadeira. É muito mais proveitoso ir a uma agenda do que ver gente brigando, discutindo. Tudo tem um limite.
José Luiz Datena, candidato
Os meios de comunicação, na minha opinião, precisam tentar se aglutinar, porque não soma nada essa quantidade de debate e ver a questão das regras. Não é possível que alguém vá a um debate, faça tantos ataques e fique no ar. Até pelo bem da democracia precisamos fazer alguns ajustes.
Ricardo Nunes, candidato à reeleição