Marçal é criminoso, mas não podemos normalizar Nunes, diz Boulos

O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) voltou a atacar os adversários Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB). Em entrevista ao Roda Viva nesta segunda-feira (26), ele repetiu que o influenciador é "criminoso" e disse que não se pode normalizar a aliança do atual prefeito com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O que aconteceu

Boulos afirmou que Marçal é "uma coisa abjeta, um criminoso, um marginal". Ele lembrou que investigações apontam ligação de aliados do adversário com o crime organizado. "A normalização do Marçal não partirá de mim jamais. (...) Um criminoso com relações do seu círculo próximo, alguns foram denunciados essa semana por trocar carro de luxo por cocaína. O presidente do partido dele é confessamente ligado ao crime organizado. Ele próprio condenado por fraude bancária", disse o psolista.

Em áudio, o presidente nacional do PRTB, principal fiador de Marçal no partido, disse ter vínculo com o PCC. Em conversa gravada em fevereiro, Leonardo Avalanche cita relações com o crime organizado e que foi o responsável por soltar o chefe do PCC André do Rap.

Ex-presidente estadual do PRTB em São Paulo foi indiciado por tráfico de drogas e associação ao crime organizado. Segundo a investigação da Polícia Civil, Tarcísio Escobar trocava carros de luxo por cocaína para a facção.

Boulos repetiu que Nunes e Marçal são "duas faces da mesma moeda por serem bolsonaristas". Ele defendeu que, apesar das diferenças de estilo com o influenciador, Nunes não pode ter o bolsonarismo normalizado. "O Ricardo Nunes é o candidato oficial do Bolsonaro (...), um cidadão que disse que o 8 de janeiro não foi golpe, que disse que o Bolsonaro acertou na pandemia, que colocou um vice indicado pelo Bolsonaro que acha que o morador da periferia tem que ser tratado diferente do morador do Jardins", declarou.

Boulos tem aumentado o tom das críticas a Nunes e Marçal, em meio a críticas da militância para que seja mais incisivo. Nesta segunda, ele publicou um vídeo referindo-se aos adversários como "armas" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O conteúdo encerra com a frase "aqui não".

No Roda Viva, ele voltou a responder os apelos para que seja mais agressivo ao revidar os ataques de Marçal. Boulos disse que que as redes sociais não são uma "uma panaceia que vai resolver tudo" e que é necessário fazer campanha nas ruas. Mais cedo, em live nas redes sociais, ele repetiu o que tem afirmado nas entrevistas ao dizer que "eleição não é concurso de quem grita mais alto".

Boulos chorou ao falar sobre as acusações de sua ligação com drogas. Ele afirmou que nunca usou drogas e desafiou Pablo Marçal (PRTB) a apresentar provas de que ele cheira cocaína.

"Eu nunca usei e desafio o Pablo Marçal, que disse que tem prova, que apresente agora", declarou Boulos durante a entrevista. O psolista classificou as acusações de Marçal como "mentira abjeta". Em mais de uma ocasião, o influenciador chamou o adversário de "aspirador de pó", em referência a um suposto uso de cocaína por parte dele.

Boulos se emocionou ao falar sobre o tema, enquanto respondia pergunta da jornalista Raquel Landim, colunista do UOL. Ele voltou a dizer que a filha chorou por comentários na escola relacionados ao assunto. "Minha filha chega, chora, como que fica. Olha o nível que chega, olha o esgoto que chega", lamentou o psolista ao comentar o episódio em que deu um tapa na carteira de trabalho mostrada por Marçal durante um debate. "Quando mexe com sua família, com quem você mais ama na vida, com criança, aí te faz perder o prumo", afirmou também o candidato, com a voz embargada.

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Aproximação com evangélicos

Boulos afirmou que se criou um "muro" entre o campo progressista e evangélicos. Ele atribuiu o distanciamento a fake news e a um estereótipo da esquerda em relação a essa denominação religiosa. "Acho que a gente precisa superar um muro que se criou entre o campo progressista e o povo evangélico", disse o psolista.

Em evento com evangélicos nesta segunda-feira (26), o candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) adotou tom messiânico para criticar os adversários Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) e os chamou de "falsos profetas". "Vai vir gente, falso profeta, não são poucos, vocês sabem de quem eu tô falando [...] Vai ter gente inventando as mesmas mentiras de sempre", disse Boulos. Questionado depois pela imprensa sobre quem seriam os falsos profetas, ele citou Marçal e Nunes, principais adversários e com quem o psolista tenta polarizar.

Evento foi aceno ao eleitorado evangélico, segmento em que o psolista fica atrás nas pesquisas de intenção de voto. O encontro ocorreu em um hotel na zona oeste de São Paulo e reuniu cerca de 150 pastores e fiéis progressistas de igrejas como das Assembleias de Deus, Universal e Unidos em Cristo.

'Há indícios de fraude na eleição na Venezuela'

Boulos voltou a dizer que há indícios de fraude na eleição venezuelana. "Hoje tá absolutamente claro, temos indícios bastante suficientes pra dizer que houve fraude na eleição da Venezuela. Tanto é que o Itamaraty, do governo do presidente Lula, que é um governo de esquerda, não reconheceu o governo do Maduro", declarou.

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O candidato rebateu críticas de que não se posiciona sobre a ditadura de Nicolás Maduro. "Eu tenho posição clara sobre Venezuela e, mesmo dizendo a minha posição, avaliando que houve fraude, ficam insistindo (em perguntas sobre o assunto". A Venezuela está a 4 mil km daqui", afirmou, demonstrando leve irritação com questionamentos da bancada do Roda Viva sobre o tema.

Boulos ainda comparou a situação na Venezuela a comportamentos de Marçal e Nunes que considera antidemocráticos. "Temos um candidato, o Pablo Marçal, que é avesso a qualquer tipo de democracia. Temos o atual prefeito, que diz que o 8 de janeiro não foi golpe", criticou.

'Temos milicianismo na prefeitura'

O candidato do PSOL declarou que há uma milícia se formando na prefeitura de São Paulo, "debaixo do nariz do prefeito". "Na prática, hoje, na prefeitura de São Paulo, tem uma milícia, debaixo do nariz do prefeito, que usava dependentes químicos como mão de obra do roubo pra roubarem e pagava eles em droga e em álcool, utilizava os ferros velhos clandestinos da região da Luz e da Cracolândia e a prefeitura não fiscalizava. É uma coisa que não entra na cabeça", criticou.

Segundo Boulos, o crime está "entrando" na prefeitura. "Temos um milicianismo entrando na prefeitura de São Paulo. O crime está entrando nos contratos de transporte, via milícia na Cracolândia, a coisa é séria", alertou. Ainda segundo ele, a gestão Nunes tem feito "vista grossa" para loteamentos clandestinos do crime organizado na periferia da cidade.

Operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apontou que integrantes da Guarda Civil Municipal (GCM) ligados ao PCC extorquiam comerciantes na Cracolândia. Segundo as investigações do MP, havia uma lista de pagamentos de taxa de segurança de comércios e condomínios da região.

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Ocupações

Boulos disse que vai cumprir a lei caso haja ocupação de terrenos da prefeitura, se eleito. A legislação determina que a prefeitura tem poder para desocupar áreas públicas. O candidato a prefeito ficou conhecido por liderar ocupações quando esteve à frente do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), passado usado por adversários para associá-lo ao estigma de radical. "O que for área pública, não é escolha do prefeito. É dever de ofício", declarou.

Boulos afirmou que, se eleito, sua gestão terá o "menor número de ocupações da história". "Vai ter política habitacional efetiva porque eu conheço o movimento por dentro. O movimento social faz ocupação não por divertimento, nenhuma família faz ocupação, morar numa palafita porque gosta, faz por necessidade."

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