Aliados do PRTB de Marçal trocaram carros de luxo por cocaína, diz polícia
Dois antigos aliados do PRTB, partido do candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal, são investigados pela Polícia Civil por suspeita de trocar carros de luxo por cocaína para o PCC. As informações foram reveladas pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmadas pelo UOL.
O que aconteceu
A investigação da polícia mira Tarcísio Escobar de Almeida, ex-presidente estadual do PRTB, e Júlio Cesar Pereira, sócio de Escobar. Eles são homens de confiança de Leonardo Avalanche, presidente nacional do partido e principal articulador da candidatura de Marçal.
Dupla foi ligada a Francisco Chagas de Sousa, conhecido como Coringa, preso em agosto de 2020. A polícia apreendeu com ele uma arma, drogas, celular e um pen drive com "material relacionado ao controle de integrantes do PCC".
A polícia teria encontrado conversas no celular de Coringa relacionadas aos "supostos investidores no tráfico de drogas", que seriam Júlio César e Escobar. A dupla forneceria carros a Coringa, que os enviava para o Paraná para serem trocados por droga — o lucro era dividido entre eles, segundo a investigação. Alguns dos veículos também seriam usados para o transporte dos entorpecentes.
A investigação aponta que a droga não passava pelas mãos da dupla, que tinha, porém, conhecimento de que os valores eram para aquisição de entorpecentes. A compra gerava "lucro exorbitante, ou seja, que jamais aufeririam se houvesse uma mera comercialização de carros", descreve a polícia no inquérito.
O UOL apurou que um interlocutor do partido presenciou conversas entre Júlio César e Escobar negociando drogas e carros. Eles teriam duas concessionárias em Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo.
Júlio César foi classificado pelo Ministério Público também como responsável pelo tráfico de drogas e por resolver "problemas administrativos do PCC". Ele é integrante da organização criminosa e pagava mensalidades de R$ 450 a facção, segundo a investigação.
Ex-dirigente do PRTB e aliado mantinham casa de prostituição. O UOL apurou que a casa funcionava na capital paulista para vender drogas e lavar dinheiro. Atualmente, o estabelecimento não está mais em funcionamento.
Escobar e Júlio César negaram ao Estadão envolvimento com o PCC. O UOL tenta localizar a defesa dos dois. A reportagem também procurou Avalanche e a assessoria de Marçal, mas não teve resposta.
Suposto vínculo de Avalanche com PCC
Em áudio revelado pela Folha, o presidente nacional do partido de Marçal diz que tem vínculos com o PCC. "Não tem o Piauí, de [inaudível]? Não tem o chefe do PCC que está solto? Ele é a voz abaixo", afirma Avalanche, referindo-se ao seu motorista. "Ele nunca mexeu com política. Hoje ligaram para o menino, né, lá dentro da cadeia e falaram: 'Estou trabalhando pro Avalanche de motorista'."
Piauí é ex-chefe do PCC na favela de Paraisópolis (SP). O motorista do político seria, na versão dele, um aliado do criminoso na facção.
Na gravação, Avalanche diz ainda que foi responsável pela soltura de André do Rap, outra liderança do PCC. "Eu sou o cara que soltou o André. A turma não sei se vai ter contar isso. Esse é o meu trabalho, entendeu? [...] Esse é o meu dia a dia. Faço um trabalho bem discreto", teria dito o presidente do PRTB.
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Quero receberAvalanche disse não reconhecer sua própria voz na gravação e negou vínculo com facção. Já Marçal minimizou a suspeita de envolvimento do presidente PRTB. "Ainda nem foi preso", disse o empresário antes do debate da TV Bandeirantes.
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