'Nunca usei e desafio Marçal a apresentar provas', diz Boulos sobre cocaína

O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que nunca usou drogas e desafiou Pablo Marçal (PRTB) a apresentar provas de que ele cheira cocaína. Ele chorou durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, ao falar sobre o tema.

O que aconteceu

"Eu nunca usei e desafio o Pablo Marçal, que diz que tem prova, que apresente agora", disse Boulos durante a entrevista, nesta segunda-feira (26). O psolista classificou as acusações de Marçal como "mentira abjeta". Em mais de uma ocasião, o influenciador chamou o adversário de "aspirador de pó", em referência a um suposto uso de cocaína por ele.

Boulos se emocionou ao falar sobre o tema, enquanto respondia à pergunta da jornalista Raquel Landim, colunista do UOL. Ele voltou a dizer que a filha chorou por comentários na escola relacionados ao assunto. "Minha filha chega, chora, como que fica? Olha o nível que chega, olha o esgoto que chega", lamentou o psolista ao justificar o episódio em que deu um tapa na carteira de trabalho mostrada por Marçal durante um debate. "Quando mexe com sua família, com quem você mais ama na vida, com criança, aí te faz perder o prumo", afirmou também o candidato, com a voz embargada.

Boulos já havia comentado o episódio durante sabatina da CNN. "Eu sou pai de duas filhas, um cidadão inventa uma história sobre uso de droga. Minha filha chega da escola chorando, porque provocaram ela na escola com isso", afirmou na ocasião. Boulos é pai de duas adolescentes, uma de 14 e outra de 13 anos, ambas do casamento com a advogada e ativista Natalia Szermeta.

O candidato disse que "não tem sangue de barata" ao justificar o tapa na carteira de trabalho. "Eu dou aula há mais de 20 anos, chega um cidadão, que ninguém sabe exatamente como vive, de onde vem seu dinheiro, seu sustento, o que você faria no meu lugar? Não é fácil, ninguém tem sangue de barata", declarou à CNN.

Justiça Eleitoral decidiu que Marçal tem de publicar direitos de resposta a Boulos por associá-lo ao uso de droga. O juiz entendeu que as publicações nas redes sociais do empresário "extrapolam os limites da liberdade de expressão e do debate político.

Boulos diz que Marçal é criminoso e que não se pode normalizar Nunes

Boulos voltou a atacar os adversários Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB). Ao Roda Viva, ele repetiu que o influenciador é "criminoso" e que não se pode normalizar a aliança do atual prefeito com o bolsonarismo.

Boulos afirmou que Marçal é "uma coisa abjeta, um criminoso, um marginal". Ele lembrou que investigações apontam ligação de integrantes do PRTB com o crime organizado. "Um criminoso com relações do seu círculo próximo, alguns foram denunciados essa semana por trocar carro de luxo por cocaína. O presidente do partido dele é confessamente ligado ao crime organizado. Ele próprio condenado por fraude bancária", disse o psolista.

O candidato repetiu que Nunes e Marçal são "duas faces da mesma moeda por serem bolsonaristas". Ele defendeu que, apesar das diferenças de estilo com o influenciador, Nunes não pode ter o bolsonarismo normalizado. "O Ricardo Nunes é o candidato oficial do Bolsonaro (...), um cidadão que disse que o 8 de janeiro não foi golpe, que disse que o Bolsonaro acertou na pandemia, que colocou um vice indicado pelo Bolsonaro que acha que o morador da periferia tem que ser tratado diferente do morador do Jardins", declarou.

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Boulos tem aumentado o tom das críticas a Nunes e Marçal, em meio a críticas da militância para que seja mais incisivo. Nesta segunda, ele publicou um vídeo referindo-se aos adversários como "armas" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O conteúdo encerra com a frase "aqui não".

No Roda Viva, ele voltou a responder os apelos para que seja mais agressivo ao revidar os ataques de Marçal. Boulos disse que as redes sociais não são uma "uma panaceia que vai resolver tudo" e que é necessário fazer campanha nas ruas. Mais cedo, em live nas redes sociais, ele repetiu o que tem afirmado nas entrevistas ao dizer que "eleição não é concurso de quem grita mais alto".

Aproximação com evangélicos

Boulos afirmou que se criou um "muro" entre o campo progressista e evangélicos. Ele atribuiu o distanciamento a fake news e a um estereótipo da esquerda em relação a essa denominação religiosa. "Acho que a gente precisa superar um muro que se criou entre o campo progressista e o povo evangélico", disse o psolista.

Em evento com evangélicos nesta segunda-feira (26), o candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) adotou tom messiânico para criticar os adversários Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) e os chamou de "falsos profetas". "Vai vir gente, falso profeta, não são poucos, vocês sabem de quem eu tô falando [...] Vai ter gente inventando as mesmas mentiras de sempre", disse Boulos. Questionado depois pela imprensa sobre quem seriam os falsos profetas, ele citou Marçal e Nunes, principais adversários e com quem o psolista tenta polarizar.

Evento foi aceno ao eleitorado evangélico, segmento em que o psolista fica atrás nas pesquisas de intenção de voto. O encontro ocorreu em um hotel na zona oeste de São Paulo e reuniu cerca de 150 pastores e fiéis progressistas de igrejas como das Assembleias de Deus, Universal e Unidos em Cristo.

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"Há indícios de fraude na eleição na Venezuela"

Boulos voltou a dizer que há indícios de fraude na eleição venezuelana. "Hoje tá absolutamente claro, temos indícios bastante suficientes pra dizer que houve fraude na eleição da Venezuela. Tanto é que o Itamaraty, do governo do presidente Lula, que é um governo de esquerda, não reconheceu o governo do Maduro", declarou.

O candidato rebateu as críticas de que não se posiciona sobre a ditadura de Nicolás Maduro. "Eu tenho posição clara sobre Venezuela e, mesmo dizendo a minha posição, avaliando que houve fraude, ficam insistindo (em perguntas sobre o assunto". A Venezuela está a 4 mil km daqui", afirmou, demonstrando leve irritação com questionamentos da bancada do Roda Viva sobre o tema.

Boulos ainda comparou a situação na Venezuela com comportamentos de Marçal e Nunes classificados por ele como antidemocráticos. "Temos um candidato, o Pablo Marçal, que é avesso a qualquer tipo de democracia. Temos o atual prefeito, que diz que o 8 de janeiro não foi golpe", criticou.

"Temos milicianismo na prefeitura"

O candidato do PSOL declarou que há uma milícia se formando na Prefeitura de São Paulo, "debaixo do nariz do prefeito". "Na prática, hoje, na Prefeitura de São Paulo, tem uma milícia, debaixo do nariz do prefeito, que usava dependentes químicos como mão de obra do roubo pra roubarem e pagava eles em droga e em álcool, utilizava os ferros velhos clandestinos da região da Luz e da 'cracolândia' e a prefeitura não fiscalizava. É uma coisa que não entra na cabeça", criticou.

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Segundo Boulos, o crime está "entrando" na prefeitura. "Temos um milicianismo entrando na prefeitura de São Paulo. O crime está entrando nos contratos de transporte, via milícia na 'cracolândia', a coisa é séria", alertou. Ainda segundo ele, a gestão Nunes tem feito "vista grossa" para loteamentos clandestinos do crime organizado na periferia da cidade.

Operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apontou que integrantes da Guarda Civil Municipal (GCM) ligados ao PCC extorquiam comerciantes na "cracolândia". Segundo as investigações do MP, havia uma lista de pagamentos de taxa de segurança de comércios e condomínios da região.

Ocupações

Boulos disse que vai cumprir a lei caso haja ocupação de terrenos da prefeitura, se eleito. A legislação determina que a prefeitura tem poder para desocupar áreas públicas. O candidato a prefeito ficou conhecido por liderar ocupações quando esteve à frente do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). "O que for área pública, não é escolha do prefeito. É dever de ofício. Eu poderia ser processado pelo Judiciário", declarou.

Boulos afirmou que, se eleito, sua gestão terá o "menor número de ocupações da história". "Vai ter política habitacional efetiva porque eu conheço o movimento por dentro. O movimento social faz ocupação não por divertimento, nenhuma família faz ocupação, morar numa palafita porque gosta, faz por necessidade."

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