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Uribe tentou intensificar diálogo com as Farc, dizem documentos divulgados no WikiLeaks

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

09/12/2010 11h37

Documentos vazados pelo WikiLeaks revelam que o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe tentou buscar um diálogo direto com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), durante o seu segundo mandato, através de reuniões secretas. Ainda de acordo com as informações divulgadas pelo site, os guerrilheiros teriam estendido a mão à embaixada americana.

Uribe deixou a presidência da Colômbia em agosto. Seu governo foi marcado por seus esforços para combater a maior guerrilha colombiana, e ele sempre sustentou que não conversaria com o grupo até que eles parassem de sequestrar civis e libertassem todos os reféns, entre eles 22 soldados e policiais. As conversas secretas, que possivelmente tiveram a Suécia como mediadora, não haviam sido divulgadas até o WikiLeaks ter acesso aos documentos secretos das embaixadas americanas.

Um documento do dia 6 de fevereiro traz detalhes do encontro de Uribe com James Steinberg, subsecretário de Estado americano e primeiro funcionário do governo Obama a visitar Bogotá, no qual o ex-presidente colombiano é descrito como “cético” sobre as negociações com as Farc enquanto o grupo encontrasse "refúgio seguro na Venezuela e fosse mantido pelo tráfico de drogas".

Em outro documento, do dia 11 do mesmo mês, é dito que uma reunião entre Uribe e representante das Farc na Suécia foi marcada, mas sem mais detalhes.

Em 14 de maio de 2009, as Farc entraram em contato com a embaixada americana, por meio de um dos membros do secretariado do grupo, Pablo Catatumbo.

No encontro com o embaixador, Catatumbo disse que "embora não trouxesse nenhuma mensagem das Farc para os Estados Unidos, gostaria de estabelecer uma relação de confiança com a embaixada para o futuro”. Segundo o documento, para Catatumbo, qualquer participação dos americanos em um processo de paz seria bem sucedido.

Uribe comentou a divulgação das informações pelo Twitter, e declarou que “seu governo aceitou muitas intervenções internacionais para tentar dialogar com os rebeldes” e que "sempre se disse pronto para o diálogo assim que se interrompessem os crimes". Ele ainda prometeu detalhar as iniciativas de sua política contra a guerrilha em seu site pessoal.

O atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que foi ministro da Defesa durante a maior parte do segundo mandato de Uribe, disse que sua política e sua postura com relação ao assunto serão as mesmas do ex-presidente.

 

*Com agências internacionais