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Argentina: polícia usa gás em protesto de idosos contra medida de Milei

As forças de segurança da Argentina usaram gás e bombas contra centenas de aposentados que protestaram nas ruas de Buenos Aires nesta quarta-feira (11).

A manifestação tinha o objetivo de pressionar o Congresso argentino, que se reuniu hoje para avaliar o veto do presidente Javier Milei a um acréscimo de 8,1% nas aposentadorias.

A Argentina tem 6,5 milhões de aposentados. Seis de cada dez recebem a aposentadoria mínima, fixada em agosto em 225 mil pesos — cerca de R$ 1.000.

"Milei, lixo, você é ditadura", cantaram os manifestantes. Um forte aparato policial foi convocado. Na Argentina, manifestações em vias públicas estão proibidas.

Para derrubar o veto de Milei, era preciso ter o voto de dois terços dos deputados. O placar ficou próximo, mas não foi suficiente para reverter a decisão do presidente argentino.

Após o anúncio da decisão, gritos, bombas e sirenes de ambulâncias começaram a ser ouvidos do lado de fora do Congresso.

Alguns manifestantes, entre eles idosos, precisaram ser atendidos por resgatistas voluntários. Não há um número oficial de feridos ou detidos.

Este foi o terceiro protesto de aposentados nos últimos quinze dias. Na semana passada, a manifestação também terminou em conflito com a polícia. Duas pessoas foram detidas e mais de 30 ficaram feridas.

"Desse jeito, não dá mais", disse o aposentado Pedro Collide, de 80 anos, presente no protesto. "Esse presidente quer nos matar. Nunca vi isso. Nunca vi o pobre tão pobre."

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O pensionista Oscar De Pauli, de 70 anos, que foi ao protesto de bengala, afirmou não ter medo de um confronto. "Na minha idade, não temos mais medo. Eu fui preso político na época da ditadura por participar de movimento estudantil."

"O veto é um absurdo porque a lei pedia um ajuste que é mínimo. Parece uma vingança do presidente, que está obcecado com o ajuste fiscal e em acabar com as políticas mais progressistas. Será que ele não percebe o mal que está fazendo?", questionou De Pauli.

Idoso durante manifestação em frente ao Congresso argentino, em Buenos Aires
Idoso durante manifestação em frente ao Congresso argentino, em Buenos Aires Imagem: Amanda Cotrim/UOL

Milei mudou regras de reajuste das aposentadorias

Em março deste ano, Milei decretou que a aposentadoria seria atualizada pela inflação mensal. Além disso, se comprometeu a conceder um bônus de reforço, fixado em 70 mil pesos mensais — em torno de R$ 315.

Antes, a aposentadoria era atualizada de acordo com um índice que levava em consideração o aumento dos salários no país e a variação na arrecadação da ANSES, o INSS argentino.

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Já em agosto, o Senado argentino aprovou um projeto de lei de Mobilidade Previdenciária, que, entre outros pontos, concedia um aumento adicional de 8% nas aposentadorias, em parcela única, num contexto de inflação anual de 250%. O projeto também propunha que o reajuste na aposentadoria não dependesse apenas da inflação mensal, mas considerasse o aumento dos salários.

A proposta foi vetada por Milei no dia 2 de setembro.

"Teremos que ir para a terapia, rapazes. Porque quem ganhou a eleição foi Javier Milei", afirmou durante a votação que manteve o veto de Milei, a deputada Roxana Reyes, do partido União Cívica.

Cristian Ritondo, deputado do PRO, partido da base aliada do presidente argentino, afirmou que o responsável pela perda do poder aquisitivo dos aposentados não é Milei, que está governando há menos de um ano.

Presidente comemora manutenção do veto

Por meio do escritório da Presidência, Javier Milei emitiu uma nota comemorando a decisão dos deputados em manter o veto.

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O presidente disse que os deputados "impediram um grupo de irresponsáveis de adotar medidas populistas". Falou também que o veto teve como objetivo "evitar a destruição do superávit fiscal, um compromisso que tem custado muito esforço dos argentinos".

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