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Rebeldes ameaçam atacar regime sírio "como nunca" em 48 horas se violência não cessar

Do UOL, em São Paulo

10/04/2012 11h36Atualizada em 10/04/2012 12h41

O coronel Qassem Saad al Deen, do opositor Exército Livre Sírio (ELS), disse hoje que a organização armada pode “atacar o regime sírio em 48 horas de uma forma como nunca fizemos antes” se as forças pró-ditador Bashar al Assad não suspenderem as hostilidades.

O anúncio é feito no dia em que expira o prazo proposto por Kofi Annan, emissário da Organização das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, para que as tropas sírias retirem suas unidades militares das cidades.

Anteriormente, Saad al Deen havia afirmado que a oposição está comprometida com o cessar-fogo, mas apenas se as tropas sírias fizerem o mesmo. Segundo ele, os rebeldes continuarão lutando se Assad não retirar suas tropas e tanques das cidades até quinta.

O plano de paz estipula o fim da violência por parte de todos os envolvidos, a retirada das forças armadas das cidades e o restabelecimento da autoridade do Estado em todo o território. Tanto o regime sírio como o ELS têm até hoje para aplicar essa iniciativa e retirar as tropas das cidades, e até o dia 12 para pôr fim de forma definitiva às hostilidades.

Mentiras e mortes

O número dois do ELS, Malek Kurdi, negou hoje que o regime esteja retirando suas tropas das cidades e assegurou que a única ação empreendida foi mudar de lugar os tanques em algumas localidades.

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“O Exército nem recuou nem vai recuar suas tropas. Conhecemos suas mentiras à comunidade internacional. Ele continua com seus massacres, detenções e ataques a cidades”, denunciou Kurdi.

Segundo a rede opositora Comitês de Coordenação Local, nesta terça morreram pelo menos 45 pessoas, a maioria delas crianças e mulheres. Destas baixas, 25 ocorreram durante bombardeios do regime no bastião opositor de Homs (centro).

Também houve mortes nas províncias de Idleb (norte), Hama (centro), Deraa (sul), Dir Zur (leste) e na periferia de Damasco.

Os Comitês acrescentaram que no município de Marea, na província nortista de Aleppo, soldados de segurança e atiradores invadiram a cidade, saquearam e destruíram várias casas, além de prender um número indeterminado de moradores.

As autoridades sírias por enquanto não confirmaram as informações.

Síria e Rússia

Em entrevista coletiva, o chanceler russo, Serguéi Lavrov, frisou que o prazo para a retirada total das tropas sírias das cidades não termina nesta terça. “Neste primeiro passo, o Conselho (de Segurança da ONU) chamou o governo para começar a retirada das unidades militares de uma forma clara, que seja possível de ser vista, mas não retirá-las em sua totalidade”, disse Lavrov, ao lado do chanceler sírio, Walid al Mualem.

“Sobre o definitivo e completo cessar-fogo, deve ser cumprido por todas as partes sob uma eficaz supervisão internacional”, continuou.

Já Mualem informou ao seu par russo que parte das tropas do regime de Bashar al Assad foram retiradas da cidade de Homs.

O chanceler também acusou a Turquia de armar a oposição e ajudá-la a entrar no território sírio. “A Turquia apoia grupos armados ilegais sírios. Entrega armas e contribui para a entrada ilegal de militantes na Síria”, disse Mualem. “Isto é contrário ao plano de Annan.”

Emissário especial

Annan, por sua vez, desembarcou nesta terça na Turquia para visitar os campos de refugiados sírios na fronteira entre os dois países. A visita ocorre um dia após disparos efetuados da Síria ferirem quatro sírios e dois turcos em território da Turquia.

O emissário da ONU e da Liga Árabe para a Síria pretende visitar campos em Hatay, província turca na fronteira com a Síria que abriga muitos refugiados. Também deverá sobrevoar de helicóptero a área de Kilis, onde ocorreu o incidente de segunda.

Em entrevista coletiva no aeroporto de Hatay, o ganense afirmou que "ainda é cedo para se dizer que o plano fracassou. Ele ainda está sobre a mesa".

Annan afirmou ainda que recebeu informações de que o Exército sírio já estava se retirando de algumas áreas, mas indo para outras que não tinham sido atacadas antes. Ele fez um apelo pelo fim da violência de todas as partes. (Com AFP, EFE e Reuters)