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Para jornal local, cerco da mídia causa nova prisão a sequestradas em Cleveland

Do UOL, em São Paulo

14/05/2013 14h27

Amanda Berry, Gina DeJesus e Michelle Knight continuam presas mesmo depois de terem sido libertadas de um cativeiro em Cleveland, Ohio (EUA), onde permaneceram contra suas vontades por dez anos.  Agora elas se esforçam para ter privacidade dentro da casa de suas famílias, apesar do enorme assédio da mídia que faz plantão na vizinhança pela terra e pelo ar, segundo o "The Plain Dealer", o principal jornal do Estado americano de Ohio.

Amanda Berry, 27, Gina DeJesus, 23, e Michelle Knight, 32, foram encontradas na casa do suspeito Ariel Castro, 52, um ex-motorista de ônibus escolar, no bairro de West Side, em Cleveland, não muito longe de onde desapareceram entre 2002 e 2004. Segundo relato das vítimas, elas sofreram agressões, estupros e abortos durante os anos de cativeiro dentro da casa de de Castro.

De acordo com a análise do jornal "The Plain Dealer" foi necessário o advogado das famílias, James Wooley, dar uma  ‘bronca’ na imprensa durante coletiva no domingo (12) para evitar situações de abuso.

"A senhora Berry, a senhora DeJesus e a senhora Knight já pediram, na verdade já imploraram,  por privacidade neste momento para que possam continuar a retomar os vínculos com suas famílias. Dê-lhes o tempo, o espaço e a privacidade para que elas continuem a se fortelecer”, disse Wooley.

Além das dezenas de repórteres que permanecem nos arredores das casas de Berry e DeJesus desde o retorno delas às suas famílias, o helicóptero de um veículo de comunicação ronda diariamente a casa de DeJesus a fim de flagrá-la tomando um ar fresco, cita o jornal.

Depois que foram resgatadas, Berry, DeJesus e Knight foram levadas a um hospital local e no dia seguinte foram para a casa de familiares. Knight foi a última a sair de lá, mas depois de ter alta, seu paradeiro é desconhecido. Ela não quis ver a família.

No dia da chegada de Berry, várias emissoras de televisão norte-americanas mostraram ao vivo imagens da casa das garotas. Uma coletiva de imprensa com Berry chegou a ser divulgada, mas quem apareceu para falar com a imprensa foi a irmã da jovem, Beth Serrano, que informou que a jovem não estava preparada para contar o seu drama.

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Relações públicas tenta conter abusos

Wooley chegou às famílias por indicação da polícia e passou a ajudá-las nas questões jurídicas, como a necessidade de providenciar uma certidão de nascimento à filha de Amanda Berry nascida em cativeiro, e no que diz respeito à abordagem da mídia. Ele e um outro advogado, Henry Hilow, bem relacionado nos tribunais de Cuyahoga County, estão trabalhando de graça.

Wooley também indicou Bruce Hennes como relações públicas das jovens para atender a imprensa. Ele também está trabalhando de forma voluntária.

“Os telefonemas e e-mails da mídia do mundo todo foram implacáveis”, disse Hennes.

O relações públicas disse que há veículos de comunicação que oferecem dinheiro por histórias que envolvem o sequestro e que compreende que as jovens se tornaram celebridades.

“As pessoas querem tocá-las, falar com elas, recebê-las e compartilhar coisas com elas. É compreensível”, disse.

Mas Hennes diz esperar que as abordagens sejam feitas com respeito às vítimas. E que se as jovens quiserem receber dinheiro para dar informações com exclusividade, é um direito delas.

“A mídia tem um papel a desempenhar. Cada repórter que faz parte disso tem que decidir qual será o seu papel “, disse.

Família de acusado chora e pede perdão na TV

Em entrevista ao canal de TV CNN neste domingo (12), Pedro e Onil Castro, chamaram o irmão Ariel Castro de ‘monstro’ e disseram ser favoráveis à sua prisão. A mãe de Ariel Lillian Rodriguez disse que seu filho "é doente", enquanto os filhos Arlene Castro, 22, e Anthony Castro, 31, afirmam sentir vergonha e dizem ser favoráveis a prisão do pai.