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Responsável por vazamento sobre espionagem dos EUA procura asilo

Edward Snowden, 29, ex-técnico da CIA que trabalhou como consultor da Agência Nacional de Inteligência (NSA, na sigla em inglês), assumiu responsabilidade pelos recentes vazamentos sobre a espionagem norte-americana - Ewen MacAskill/The Guardian/AP
Edward Snowden, 29, ex-técnico da CIA que trabalhou como consultor da Agência Nacional de Inteligência (NSA, na sigla em inglês), assumiu responsabilidade pelos recentes vazamentos sobre a espionagem norte-americana Imagem: Ewen MacAskill/The Guardian/AP

Do UOL, em São Paulo

09/06/2013 21h41Atualizada em 10/06/2013 09h31

Edward Snowden, ex-técnico da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) e ex-consultor da Agência Nacional de Inteligência (NSA, em inglês) que assumiu o vazamento de dados de espionagem nos Estados Unidos, disse neste domingo (9) em uma entrevista ao jornal "Washington Post" que pensa em buscar asilo.

"Tenho a intenção de pedir asilo a qualquer país que acredite na liberdade de expressão e se oponha a que a privacidade global seja a vítima", afirmou Snowden.

O técnico revelou voluntariamente que é a fonte utilizada pelos jornais britânico "The Guardian" e norte-americano "The Washington Post", que revelaram dois programas de espionagem que permitem consultar diariamente registros de ligações nos Estados Unidos e extrair informação de servidores de gigantes da internet com o objetivo de espionar estrangeiros suspeitos de terrorismo.

Snowden está atualmente em Hong Kong, para onde viajou em 20 de maio após deixar seu trabalho como consultor da NSA no Havaí uma vez colhida a informação e copiados os documentos recentemente divulgados.

Snowden disse ao "The Washington Post" que não vai se esconder e que "permitir que o governo norte-americano intimide seu povo com ameaças de represálias por revelar más ações é o oposto de interesse público".

O diretor nacional de Inteligência, Jamer Clapper, falou no sábado (8) que a NSA pediu ao Departamento de Justiça uma investigação para determinar o responsável ou os responsáveis pelos vazamentos e as consequências penais desses fatos, que disse afetarem seriamente a luta antiterrorista dos EUA.

Snowden explicou que não se arrepende de ter divulgado a informação classificada como "altamente secreta" e acredita que o vazamento fez com que os norte-americanos agora entendam "que têm o poder de decidir por eles mesmos se estão dispostos a ceder sua privacidade a um estado de vigilância constante".

Identidade revelada

O engenheiro da computação de 29 anos trabalhou durante quatro anos para a NSA como empregado de várias companhias beneficiárias de contratos de defesa, sendo a última delas Booz Allen Hamilton, da qual teve acesso à informação secreta.

O jovem esteve uma década ligado à inteligência norte-americana, primeiro como engenheiro da computação da CIA, baseado em Genebra, e depois como consultor em várias empresas externas de defesa que colaboram com a NSA, segundo revelou ao "The Guardian".

O jornal afirmou que decidiu divulgar sua identidade por vontade expressa de Snowden, que acredita que não fez "nada de mau" e não tem medo do que possa lhe acontecer, apesar do julgamento do soldado Bradley Manning, fonte dos vazamentos do Wikileaks.
 
"Quero que o foco de atenção sejam os documentos e o debate que espero que gerem entre os cidadãos de todo o mundo sobre o tipo de mundo em que querem viver", disse em entrevista publicada pelo site do jornal.
 
"Minha única motivação é informar o público do que fizeram em seu nome e o que se faz contra ele", acrescentou.
 

"Terei de me sacrificar pelo resto da minha vida"

O atual espião afirmou que deixou a namorada no Havaí sem contar a ela onde iria, e se disse ciente do risco que corre, mas pensou que toda a mobilização em torno da sua descoberta faria o risco valer a pena.
 
"Meu primeiro medo era que viessem atrás da minha família, dos meus amigos, da minha namorada. Qualquer um que me conhecesse", admitiu.
 
"Terei de me sacrificar pelo resto da minha vida. Eu não posso me comunicar com eles. As autoridades deverão agir de forma contundente contra qualquer um que me conheça. Isso me mantém sempre em alerta."
 
Ele falou sobre o quão corajoso foi largar uma vida confortável no Havaí, onde ganhava cerca de 16 mil dólares por mês.
 
"Eu estou disposto a me sacrificar porque eu não posso, em sã consciência, deixar que o governo dos Estados Unidos destrua a privacidade, a liberdade de Internet e os direitos básicos de pessoas em todo o mundo, tudo em nome de um maciço serviço secreto de vigilância que eles estão desenvolvendo." 
 

Denúncia de espionagem

O jornal "The Guardin" revelou na semana passada que os serviços secretos de segurança norte-americanos já rastreiam chamadas de telefones celulares da operadora Verizon e informações da internet oriundas de companhias como o Google e o Facebook.
 
A informação a respeito dos serviços secretos desencadeou um interminável debate nos Estados Unidos e no exterior sobre o crescimento do alcance da NSA, que expandiu seus serviços de vigilância dramaticamente na última década. Agentes norte-americanos garantem que a NSA atua dentro da lei. (Com agências internacionais)