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Média de IDH para mulheres é 8% menor do que para homens

Mães da Praça de Maio lutam pelos direitos humanos na Argentina; país vizinho ao Brasil é um dos que tem IDH para mulheres igual ou superior ao dos homens - Ricardo Núñez/EFE
Mães da Praça de Maio lutam pelos direitos humanos na Argentina; país vizinho ao Brasil é um dos que tem IDH para mulheres igual ou superior ao dos homens Imagem: Ricardo Núñez/EFE

Bruna Borges e Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

24/07/2014 02h00

A média do IDH (índice de desenvolvimento humano) para mulheres é 8% menor que a dos homens, mostra o relatório do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) divulgado nesta quinta-feira (24).

A partir de 2010, o Pnud passou a calcular o IDevG (Índice de Desenvolvimento de Gênero), que mede as disparidades entre homens e mulheres nas conquistas de desenvolvimento humano considerando dados de saúde, expectativa de vida e  educação. O índice varia entre 0 e 1, mas pode superar 1 em casos que o IDH feminino supera o masculino.

O melhor país neste índice é a Eslováquia, com valor igual a 1, o que indica que nesse país o IDH para mulheres e homens é igual (0,829). Lá, a expectativa de vida das mulheres (71,2 anos) supera a dos homens (71,5 anos), mas a renda masculina (US$ 31.554) é maior que a feminina (US$ 19.450), compensando o índice.

Há cinco países que IDevG supera 1. São eles Argentina (1,001), Suécia (1,004), Finlândia e Eslovênia (1,006) e Polônia (1,01).

O estudo revela que, entre os 148 países analisados neste indicador, apenas 16 países têm IDH para mulheres igual ou superior ao dos homens. São eles: Argentina, Barbados, Belarus (Bielorrússia), Cazaquistão, Eslovênia, Estônia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Mongólia, Polônia, Rússia, Eslováquia, Suécia, Ucrânia e Uruguai. Segundo o relatório, esse desempenho pode ser explicado pelo maior grau de escolaridade feminina e expectativa de vida do sexo feminino – em média cinco anos de vantagem.

O país com o pior desempenho nesta comparação é o Afeganistão, com índice 0,602. Neste país, o IDH para mulheres equivale a apenas 60% do índice para os homens.

O relatório também mostra que a renda nacional bruta per capita para homens é mais que o dobro da renda para as mulheres.

O Brasil não entra neste índice, pois alguns dados para seu cálculo não estão disponíveis para o Pnud.

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Desigualdade de gênero

O Pnud também calcula o IDG (índice de desenvolvimento de gênero). É um indicador que reflete desigualdades entre homens e mulheres a partir de dados sobre saúde reprodutiva, autonomia e atividade econômica, as três dimensões consideradas no cálculo. São levadas em consideração as taxas de mortalidade materna e de fertilidade na adolescência; a proporção de assentos parlamentares e o nível educacional por cada gênero; e a taxa de participação no mercado de trabalho para cada gênero. O índice varia entre 0 e 1, quanto mais próximo de zero menos desigual é o país.

A média mundial do IDG é 0,451 de um total de 149 países. Segundo o relatório, o valor reflete uma perda de 45,1% nas conquistas das mulheres nos itens apresentados acima. Quanto maior a porcentagem, mais desigual é o país.

Se considerarmos as médias regionais, países da União Europeia apresentam uma perda de apenas 12,6%, o que indica que têm menos desigualdade.

O relatório também destaca a variação por país. A desigualdade de gênero na Eslovênia é de apenas 2,1%, enquanto no Iêmen é de 73,3%.

Países árabes, da África Subsaariana e do sul da Ásia são os com maiores índices de desigualdade, com 54,6%, 57,8% e 53,9% de disparidade entre os sexos, respectivamente.

O Brasil ocupa a 73° lugar no ranking de desigualdade de gênero, seu índice é 0,376.

O representante do Pnud no Brasil Jorge Chediek criticou a baixa participação de mulheres na política brasileira. “Temos indicadores que poderiam ser bem melhores. Temos uma presidente mulher [Dilma Rousseff], o que é algo extraordinário, mas nos outros cargos de deputado e senador, por exemplo, é menor do que gostaríamos que fosse em comparação a outros países.”

Chediek pondera, no entanto, que diversos programas sociais no país estão dirigidos para as mulheres, que deverão ter impacto positivo no futuro. “Temos uma tendência de melhora de ‘empoderamento’ econômico das mulheres, mas precisamos melhorar a participação política.”