Obama autoriza bombardeios no Iraque para "impedir genocídio"
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, autorizou nesta quinta-feira (7) bombardeios aéreos no Iraque em áreas tomadas pelo EI (Estado Islâmico) para "proteger norte-americanos" e impedir mortes de civis no país. A declaração foi dada nesta noite durante um pronunciamento na Casa Branca, em Washington (EUA).
“Já disse outras vezes que os Estados Unidos nem sempre devem agir [militarmente]. Mas, desta vez, é diferente. Podemos agir para impedir o genocídio de pessoas inocentes. Podemos proteger civis”, justificou Obama.
Segundo o presidente, os Estados Unidos realizaram nesta quinta-feira (7) o fornecimento de ajuda humanitária por meio de kits com mantimentos e medicamentos, que são lançados de aviões.
Obama frisou que uma operação por terra está descartada pelo momento, para evitar que “vidas de soldados sejam perdidas”. Para o presidente dos EUA, a saída mais viável para a crise no Iraque é que as várias comunidades que vivem no país entrem em acordo, com a formação de um novo governo. Isso deve começar, segundo ele, com a escolha de um novo primeiro-ministro pelos iraquianos. Apenas ajuda militar, prosseguiu, não irá conter o avanço do EI.
“O mundo está enfrentando muitos desafios e nossa liderança é necessária para garantir a segurança do povo norte-americano. Por isso, apoiamos nossos aliados quando estão em risco”, disse. “Não há decisão que eu tenha tomado com maior seriedade do que esta do uso de força militar”, completou.
Êxodo em massa
Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) invadiram nesta quinta-feira a maior cidade cristã do Iraque, Qaraqosh, o que provocou a fuga de milhares de pessoas. Enquanto isso, após reunião, o Conselho de Segurança da ONU pediu à comunidade internacional que apoie o governo iraquiano na luta contra os rebeldes.
De acordo com o patriarca caldeu Louis Sako, 100 mil cristãos foram obrigados a abandonar suas casas "com nada além de suas roupas", após a tomada de Qaraqosh e de outras cidades na região de Mossul (norte) pelos combatentes do EI.
Entre as localidades ocupadas estão Tal Kayf, Bartela e Karamlesh, que foram "esvaziadas de seus habitantes", denunciou o bispo Joseph Thomas, arcebispo caldeu de Kirkuk e de Sulaymaniyah.
"Esse é um desastre humanitário. As igrejas foram ocupadas, suas cruzes foram removidas", e mais de 1.500 manuscritos foram queimados, ressaltou Sako.
Sem água nem comida
Na quarta-feira, os combatentes curdos do Iraque, da Síria e da Turquia uniram suas forças em uma rara aliança para lutar contra os jihadistas no norte iraquiano e ajudar milhares de civis encurralados nas montanhas próximas. Os três grupos, cujas relações são geralmente tensas, colocaram suas diferenças temporariamente de lado em uma espécie de união sagrada.
Milhares de civis, boa parte da minoria yazidi, estão presos nas montanhas do norte do Iraque, após fugirem dos jihadistas, que em 48 horas tomaram várias cidades curdas da região de Mossul.
Sinjar, a 50 km da fronteira com a Síria, foi tomada no domingo, obrigando cerca de 200 mil pessoas a fugirem, segundo a ONU. Os jihadistas também invadiram Zumar, outra cidade perto de Mossul, de um poço de petróleo e de Rabia, um posto fronteiriço entre Síria e Iraque.
Vários líderes políticos e organizações internacionais relataram centenas de civis desaparecidos desde a chegada dos jihadistas, assim como dezenas de crianças mortas nas montanhas.
Centenas de yazidis estão buscando refúgio na Turquia, revelou uma fonte oficial turca que pediu para não ser identificada. Segundo esse funcionário consultado pela AFP, o número exato de refugiados ainda não é certo, mas outra fonte diplomática falou em algo em torno de 600 e 800 pessoas.
Os refugiados estão abrigados em um complexo de Silopi, cidade situada nas proximidades da fronteira entre o Iraque e a Turquia.
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