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Ucrânia denuncia incursão militar russa e pede reunião de Conselho de Segurança

Do UOL, em São Paulo

28/08/2014 08h00Atualizada em 28/08/2014 15h27

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, acusou a Rússia de ter invadido o território ucraniano militarmente e pediu uma reunião em caráter de urgência no Conselho de Segurança da ONU. A Rússia negou.

A acusação ocorreu depois que rebeldes pró-Rússia tomaram controle da cidade de Novoazovsk, no sudeste do país, e ameaçaram tomar em seguida o porto de Mariupol, a segunda cidade mais importante da região.

Alexander Zakharchenko, líder rebelde no leste da Ucrânia, afirmou que entre 3.000 e 4.000 russos estão lutando ao lado dos separatistas.

Poroshenko cancelou uma viagem que faria hoje para a Turquia e reuniu seu gabinete para decidir que medidas adotar.

Comunicado do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia afirmou que a cidade de Novoazovs foi tomada por duas colunas de blindados russos antes de tiros de artilharia das posições ucranianas com mísseis "Grad" a partir do território do país vizinho.

"Por volta das 12h30 (horário local), duas colunas formadas por tanques e blindados que entraram na Ucrânia a partir das localidades de Veselo-Voznesensk e Maximov, na região de Rostov da Federação da Rússia, atacaram a cidade de Novoazovsk", disse a nota.

Segundo Kiev, também foram tropas russas, e não os separatistas pró-Rússia que atuam na região, que tomaram várias localidades em uma ampla faixa anexa à fronteira russo-ucraniana, de mais de cem quilômetros de extensão e 50 quilômetros de largura ao sul da cidade de Donetsk, entre Starobeshevo e Novoazovsk. 

Antes, o primeiro-ministro ucraniano havia relatado  uma crescente presença de tropas russas em território do seu país.

"A Rússia aumentou substancialmente sua presença militar na Ucrânia", disse Yatseniuk após a bem-sucedida contra-ofensiva lançada pelos separatistas pró-Rússia no leste do país e a detenção, há dois dias, de dez soldados russos em território ucraniano.

Kiev dá por certo que as tropas russas combatem já de forma constante no leste da Ucrânia, o que explicaria os recentes sucessos dos rebeldes no campo de batalha, e pediu ao Ocidente medidas mais decididas para combater a agressão russa.

"É preciso congelar os ativos e os recursos financeiros [de Moscou] até que Rússia tire suas forças armadas e armamento do território da Ucrânia", reivindicou o chefe do governo ucraniano.

As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia - Arte/UOL - Arte/UOL
As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia
Imagem: Arte/UOL

Yatseniuk apontou que "as sanções adotadas (até agora) não deram resultado", e afirmou que o Ocidente deve "congelar todos os ativos russos e paralisar todas as transações bancárias da Rússia nos países-membros da UE (União Europeia), Estados Unidos e países do G7".

O embaixador dos Estados Unidos em Kiev, Geoffrey Pyatt, denunciou a crescente intervenção direta de tropas russas no conflito armado na Ucrânia.

"Um número cada vez maior de tropas russas está diretamente envolvido em ações militares em território da Ucrânia. A Rússia enviou sistemas de defesa antiaérea de última geração ao leste da Ucrânia", escreveu o alto diplomata americano no Twitter.

O representante da Comissão Europeia em Kiev, David Stulik, escreveu nesta quarta-feira (27) em sua página no Facebook que "em 27 de agosto começou uma aberta agressão russa em território ucraniano", uma declaração que em seguida foi qualificada de "opinião privada" por Bruxelas.

Os combates entre os dois lados enfrentados no leste da Ucrânia recrudesceram nos últimos dias, no meio de uma grande contra-ofensiva lançada pelos sublevados.