"Estamos dispostos a cooperar na luta antiterrorista", diz Putin a Hollande
O presidente russo Vladimir Putin afirmou nesta quinta-feira (26) que está disposto a cooperar na luta antiterrorista na Síria, em resposta a seu colega francês François Hollande, que defende uma ampla coalizão contra o grupo jihadista EI (Estado Islâmico).
"Achamos que esta coalizão é totalmente necessária e nisso nossas posições coincidem", assinalou Putin, citando a necessidade de "unir os esforços contra um mal comum". Estamos dispostos a concretizar esta cooperação", afirmou ainda o presidente russo no início de seu encontro com seu colega francês no Kremlin.
Os dois líderes se reuniram no Kremlin, em Moscou, e Putin disse que os atentados terroristas "fazem unir" os esforços contra o EI. Em menos de um mês, a organização reivindicou o abatimento de um avião civil da companhia russa Metrojet na península egípcia do Sinai, com 224 vítimas, e os atentados de 13 de novembro em Paris, com 130.
"Aplaudo os esforços do presidente francês para criar uma ampla coalizão contra o terrorismo, que é absolutamente necessária", declarou o presidente da Rússia.
"Estou em Moscou para ver como podemos agir juntos e como vamos nos coordenar para atacar esse grupo terrorista, mas também para alcançar uma solução política que leve a paz à Síria", explicou o presidente da França. "O nosso inimigo é o Estado Islâmico, que tem territórios, um Exército e recursos, então devemos criar essa ampla coalizão. É o momento de assumirmos a responsabilidade pelo que está acontecendo", acrescentou Hollande.
Os presidentes também concordaram em trocar dados de inteligência sobre o Estado Islâmico e outros grupos militantes na Síria para ajudar a melhorar a eficácia de suas campanhas de bombardeio aéreo no país.
Após encontro no Kremlin com o presidente russo, Vladimir Putin, Hollande afirmou que eles também alcançaram um acordo para alvejar apenas o Estado Islâmico e grupos jihadistas similares.
Países ocidentais acusam Moscou de atacar principalmente grupos rebeldes apoiados pelo Ocidente que lutam contra o presidente sírio, Bashar al Assad, aliado da Rússia.
"O que concordamos, e isso é importante, é atacar apenas terroristas e o Daesh (Estado Islâmico), e não atacar as forças que lutam contra o terrorismo. Nós trocaremos informações sobre quem atingimos e quem não atingimos", declarou Hollande em uma entrevista coletiva com Putin.
A França também vai aumentar o seu apoio a grupos rebeldes que combatem o Estado Islâmico na Síria, acrescentou Hollande.
Apoio europeu
Hollande tem por ora o apoio do primeiro-ministro britânico David Cameron, que nesta quinta-feira pediu ao parlamento que seu país se some aos bombardeios contra o EI na Síria, alegando que Londres não pode "delegar sua segurança a outros países".
No momento, os britânicos só participam nos bombardeios aéreos no Iraque, dentro da coalizão antijhadista liderada pelos Estados Unidos nesse país e na Síria.
Por seu lado, a Alemanha estuda o envio de aviões de reconhecimento para ajudar na luta contra o EI na Síria, segundo o porta-voz do partido da chanceler Angela Merkel em temas de Defesa, Henning Otte.
Antes de viajar para a Rússia, Hollande conversou com o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, que confirmou seu compromisso a favor de uma estratégia global contra o terrorismo, sem explicar como concretizará esta promessa.
Maratona diplomática
O presidente francês está mergulhado numa maratona diplomática esta semana, durante a qual se reuniu com Cameron, o presidente Barack Obama, Merkel e Renzi.
A ambição de Hollande é formar uma coalizão sólida e unida frente ao grupo jihadista que realizou os atentados em Paris.
Nessa linha, tenta aproximar posições entre a coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o EI no Iraque e na Síria, e a Rússia, que por conta própria age em terras sírias com o objetivo de dar apoio ao regime de Damasco.
Obama expressou suas reservas a respeito das possibilidades de cooperação com a Rússia no conflito sírio, enquanto não acontecer uma "mudança estratégica" de Vladimir Putin, situação que transforma em algo extremamente hipotético a possibilidade de formar uma grande coalizão incluindo Moscou.
O projeto francês de maior coordenação no combate contra o EI sofreu outro revés na terça-feira, quando a Turquia, país membro da Otan e que integra a coalizão anti-EI liderada pelos Estados Unidos, derrubou um avião russo, acusado de ter violado o espaço aéreo turco na fronteira com a Síria.
Apesar do clima tenso, a diplomacia russa parece estender a mão às potências ocidentais, ao afirmar que o país está "disposto a constituir um Estado-Maior comum" contra o EI, incluindo a França, os Estados Unidos e até mesmo a Turquia. (Com agências internacionais)
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