Polícia detém ex-mulher de suspeito em busca de dados sobre ataque em Nice
A polícia francesa deteve nesta sexta-feira (15) a ex-mulher do franco-tunisiano Mohamed Lahoujaiej Bouhlel, identificado como o motorista do caminhão que atropelou uma multidão em Nice na noite de ontem, deixando ao menos 84 mortos. A informação foi confirmada pelo procurador francês François Molins.
Molins não detalhou as circunstâncias envolvendo a detenção e nem explicou se a mulher está sendo tratada como suspeita de ter participado do ataque de alguma maneira ou se está apenas sendo interrogada.
O procurador também afirmou que o suspeito alugou o caminhão no último dia 11, e deveria ter devolvido dois dias depois. Bouhlel dirigiu o veículo por 2 km pela avenida e atirou repetidamente em três policiais quando foi confrontado em frente a um hotel. Durante a troca de tiros, o caminhão ainda continuou por cerca de 300 metros, e a polícia "encontrou o motorista morto no banco de passageiros", segundo Molins.
Na cabine do caminhão foram encontradas duas armas automáticas e munição. Também foram apreendidos, no baú, dois fuzis AK-47 e M16, além de armas e uma granada, que ainda estão sendo analisados. A polícia ainda apreendeu a carteira de motorista.
"Todos os materiais estão sendo analisados. Precisamos determinar se havia cúmplices ou conexções com organizações terroristas islâmicas", disse o procurador.
Segundo Molins, o suspeito nasceu em Túnis e morava em Nice, onde trabalhou como motorista e entregador. Ele era conhecido por um histórico de violência e roubos, acusações que vinham desde 2010, e foi preso por uso de uma arma no último mês de janeiro. Em março, a acusação lhe gerou uma condenação de seis meses.
Apesar disso, as forças de segurança não tinham nenhuma indicação de que ele havia se radicalizado, de acordo com Molins.
"Solitário e silencioso"
Morador de um bairro operário de Nice, Mohamed Lahouaiej Bouhlel estava se divorciando e tinha problemas com sua família na Tunísia, supostamente originária de Sousse, onde há um ano 38 turistas morreram em um atentado nas praias de dois hotéis. Ele tinha três filhos.
Os depoimentos de moradores da região divulgados pela imprensa mostram um homem com antecedentes criminais por atos violentos - especificamente violência doméstica -, roubo e outros crimes menores, embora não estivesse no radar dos serviços antiterroristas. Há apenas 15 dias, entrou na mira da Justiça, segundo o canal "BFM TV", por ter dormido ao volante.
Ele começou o jejum do mês do Ramadã, mas não chegou a terminar. Segundo vizinhos, ele gostava de temperos e de frequentar casas noturnas com mulheres. Os depoimentos também dão conta de que ele recebeu permissão para dirigir veículos pesados há poucas semanas e que passava por dificuldades financeiras.
Lahoujaiej Bouhlel não era uma pessoa aparentemente muito religiosa. Seus vizinhos comentam que era uma pessoa muito "solitária e silenciosa", que vestia frequentemente bermuda e costumava andar de bicicleta e em uma pequena caminhonete que estacionava perto do apartamento. (Com agências internacionais)
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