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Vitória republicana no Senado abre caminho para agenda de Trump

Susan Walsh/ AP
Imagem: Susan Walsh/ AP

Steven T. Dennis, Laura Litvan e Billy House

Da Bloomberg

09/11/2016 09h06

Os republicanos chocaram os democratas ao manter controle do Senado, armando o palco para o presidente eleito Donald Trump implementar uma ampla agenda conservadora e garantir nomes republicanos na Suprema Corte por uma geração. Isso se ele conseguir trabalhar com os chefões do partido que atacou durante a maior parte da campanha.

A eleição foi um desastre quase completo para os senadores democratas em um ano em que o mapa eleitoral era muito favorável a eles -- 10 das 11 disputas mais acirradas foram em território republicano. Há algumas semanas, eles tinham esperança que uma onda anti-Trump os levasse a conquistar maioria na casa.

Os republicanos garantiram pelo menos 51 assentos no Senado. Ainda faltam os resultados de New Hampshire e Louisiana. O partido também manteve o controle da Câmara de Deputados.

O domínio por um partido cria o potencial para mudar a cara da Suprema Corte e para o uso de procedimentos no Senado para empurrar mudanças na política tributária e no programa de saúde do presidente Barack Obama que ficou conhecido como Obamacare.

Primeiramente, Trump e seus correligionários precisam encontrar um jeito de trabalhar juntos.

'Drenar o pântano'

Diversas vezes Trump prometeu "drenar o pântano" de Washington e chamou o líder da Câmara, o republicano Paul Ryan, de "fraco e ineficiente". Ryan e o líder do Senado, o republicano Mitch McConnell, geralmente evitaram pronunciar o nome de Trump em público e, embora tenham dado apoio nominal a ele, nunca fizeram campanha a seu lado.

Os republicanos que controlarão o Senado estão profundamente divididos em questões como imigração, comércio exterior e aquecimento global.

De fato, alguns sequer se mostraram dispostos a declarar o voto em Trump e poucos defendem algumas das principais propostas dele, como a construção de um muro na fronteira com o México e a aplicação de uma alíquota de 35 por cento sobre as importações mexicanas.

O partido também enfrenta desafios significativos no Senado porque ainda não tem os 60 votos necessários para passar a maioria os projetos que os democratas rejeitam. Os republicanos podem mudar as regras para impedir que os democratas bloqueiem nomeados de Trump à Suprema Corte, incluindo o escolhido dele para substituir o falecido Antonin Scalia.

Uma vitória de Trump significa que, pela primeira vez em décadas, a Suprema Corte migrará de uma maioria escolhida por presidentes democratas para um tribunal que provavelmente terá principalmente juízes republicanos durante uma geração. Todos os três juízes mais velhos apoiam Roe versus Wade, a decisão sobre o direito ao aborto que Trump previu que será revertida pelos escolhidos dele para o mais alto tribunal do país.

Controle das duas casas

Os candidatos republicanos ao Senado foram vitoriosos em meio a um panorama eleitoral incerto e complicado pelas elevadas taxas de rejeição a Trump e sua rival democrata Hillary Clinton.

Os republicanos assumiram controle do Senado dois anos atrás, após perderem o controle para os democratas em 2006. O partido pode ampliar sua maioria em 2018, uma vez que 25 dos 33 assentos disputados são atualmente ocupados por democratas e dois independentes que costumam se aliar a eles.

Na Câmara de Deputados, os republicanos garantiram com facilidade os 218 assentos necessários para controlar a casa e perderam poucas disputas.

Apesar da margem estreita no Senado, o controle das duas casas permitirá aos republicanos efetuar grandes mudanças na legislação tributária e na política de saúde. Isso por causa de um procedimento poderoso chamado reconciliação orçamentária que permite ao Senado aprovar leis relativas a receitas e repasses garantidos com apenas 51 votos.

Os republicanos usaram esse método para aprovar os cortes de impostos do então presidente George W. Bush em 2001 e 2003. A mesma provisão ajudou os senadores democratas a aprovar a legislação de saúde conhecida como Obamacare em 2010, que Trump e praticamente todos os parlamentares republicanos concordam em derrubar assim que possível. Neste ano, os republicanos colocaram uma rejeição parcial na mesa de Obama. Ele vetou.

Desta vez, terão um presidente que promete assinar a rejeição.