Estado Islâmico reivindica ataque na Champs-Élysées; um policial foi morto
O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do ataque desta quinta-feira (20) na avenida Champs-Élysées, em Paris, que deixou um policial morto e dois feridos. Segundo o portal "Site", que monitora atividades extremistas na internet, a "Amaq", agência oficial do EI, disse que a ação foi cometida por um de seus soldados.
O tiroteio fechou uma das áreas turísticas mais movimentadas de Paris. O ministro do Interior, Matthias Fekl, confirmou que o atirador foi morto. Segundo o governo, os policiais eram o alvo do ataque. O presidente François Hollande disse que o ataque tem características terroristas.
A polícia afirma que o suspeito é um francês de 39 anos que vivia no subúrbio de Paris. O Estado Islâmico o identificou como Abu Yusuf al-Beljiki, "O Belga". A identidade dele não foi revelada por autoridades francesas.
De acordo com as autoridades, o autor do ataque foi condenado --em fevereiro de 2005-- a quinze anos de prisão por três tentativas de homicídio, incluindo contra dois policiais. Os crimes ocorreram após uma perseguição em 2001. O homem circulava armado em um automóvel roubado quando bateu em outro veículo, no qual estava um cadete da polícia. O homem fugiu caminhando e foi alcançado pelo motorista do veículo e seu irmão, o cadete, que acabaram feridos com disparos no tórax.
Dois dias depois, quando estava detido, feriu gravemente um policial após tomar sua arma na porta da cela.
Segundo a rede francesa BFMTV, fontes afirmaram que o atirador era conhecido dos serviços de segurança, e falou sobre sua vontade de matar policiais no serviço de mensagens instantâneas Telegram, semelhante ao WhatsApp. Segundo as primeiras investigações, o atirador era o proprietário do carro utilizado no ataque, na avenida Champs Elysées.
Em declarações após o ataque, Hollande disse que o ataque é investigado como terrorismo. "Estamos convencidos que as pistas são de ordem terrorista. O departamento antiterrorista foi acionado", afirmou. "Nós ficaremos em vigilância absoluta, principalmente em relação às eleições", acrescentou.
Uma operação estava em curso na madrugada desta sexta-feira no subúrbio de Seine-et-Marne.
O ataque
A imprensa chegou a confirmar a morte de um segundo policial, citando fontes oficiais. Mas o porta-voz desmentiu a informação e assegurou que ele segue hospitalizado.
O ataque aconteceu em frente a uma loja da rede varejista britânica "Marks & Spencer", a poucos metros do Arco do Triunfo. A região foi esvaziada pelas forças de segurança. Milhares de soldados e policiais armados foram enviados ao local para proteger pontos turísticos como a Champs-Élysées e outros alvos em potencial, como prédios do governo e sítios religiosos.
A Champs-Élysées é vista há bastante tempo como um alvo potencial de extremistas, devido ao alto número de visitantes e sua fama mundial, afirma o repórter da BBC Hugh Schofield, que está na cidade.
Às vésperas da eleição
O episódio acontece a apenas três dias das eleições presidenciais na França e pouco mais de 24 horas depois da prisão de dois supostos terroristas que estariam planejando cometer atentados contra os candidatos. Esta é a eleição presidencial mais concorrida que a França tem em décadas.
Os suspeitos foram capturados em Marselha, onde a ultranacionalista Marine Le Pen faria um comício. Além disso, os serviços de segurança estão em alerta máximo para o risco de ataques na votação do próximo domingo (23).
Logo após o ataque, Le Pen manifestou "emoção e solidariedade para nossas forças de segurança, novamente alvos de ataques", disse no Twitter.
Emmanuel Macron, que lidera as pesquisas de intenção de voto, participava de uma entrevista na TV francesa no momento do ataque. Ele dedicou "toda solidariedade às forças de segurança". "Sei que esta ameaça fará parte do cotidiano nos próximos anos", disse.
Outro candidato, François Fillon, prestou uma homenagem aos "que dão suas vidas para proteger as nossas". Fillon e Le Pen cancelaram os atos de campanha nesta sexta-feira.
Jean-Luc Mélenchon, que também tem chances de ir para o segundo turno, também se manifestou nas redes sociais. "Enviamos um pensamento emocionado à família do policial morto e dos policiais feridos", disse.
O socialista Benoît Hamon também usou o Twitter para manifestar-se sobre o incidente. "Apoio total às nossas forças de ordem contra o terrorismo", disse, apesar de a polícia ainda não confirmar que tenha sido um ato terrorista.
A França é o país da Europa que mais sofreu atentados terroristas nos últimos anos, incluindo o massacre na redação do jornal "Charlie Hebdo", que matou 12 pessoas em janeiro de 2015, e a série de ataques na capital em novembro do mesmo ano, que fez 130 vítimas. (Com agências internacionais)
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