China exige que EUA e Coreia do Sul encerrem ações e removam escudo antimísseis
O Ministério das Relações Exteriores da China cobrou nesta quarta-feira (26) que Estados Unidos e Coreia do Sul encerrem as ações que "agravem as tensões" com a Coreia do Norte e removam o sistema de segurança antimísseis THAAD, que começou a ser instalado no território sul-coreano.
"A China insiste de forma veemente que os Estados Unidos e a Coreia do Sul interrompam as ações que agravem as tensões na região e prejudiquem as estratégias de segurança da China, e cancelem a instalação do sistema THAAD, abandonando o equipamento", afirmou Geng Shuang, porta-voz do ministério.
Em Berlim, o chanceler Wang Yi reforçou o pedido chinês. "Por um lado, temos que parar as atividades nucleares da Coreia do Norte, que são uma clara violação das resoluções da ONU, mas, por outro, as manobras em grande escala em águas coreanas também devem parar pois igualmente não respeitam as resoluções quanto à questão", declarou Yi em entrevista ao lado de seu colega alemão Sigmar Gabriel.
"O perigo de que comecem novos conflitos a qualquer momento é grande, por essa razão pedimos a todas as partes que demonstrem sangue frio e evitem qualquer ato que poderá levar a novas provocações", alertou.
Além da instalação do escudo antimísseis, EUA e Coreia do Sul fizeram nesta quarta um de seus maiores exercícios militares em conjunto. Participaram 30 helicópteros, 90 tanques e veículos blindados, 30 caças e cerca de 2 mil militares participaram dos exercícios, que simulam uma resposta relâmpago a um ataque norte-coreano sobre postos de guarda da Coreia do Sul. Os dois países não realizavam exercício conjunto desde 2015.
Represálias econômicas da China
A China se opõe abertamente à instalação do escudo antimísseis porque considera que representa um fator de instabilidade regional e uma ameaça para suas próprias capacidades balísticas. Pequim reagiu de modo muito negativo ao anúncio da instalação do escudo e determinou uma série de medidas que Seul considera represálias econômicas.
Uma das medidas foi a proibição, a partir de 15 de março, das viagens de grupos de turistas chineses a Coreia do Sul, o que afeta a indústria local.
O escudo THAAD foi projetado para interceptar e destruir os mísseis balísticos norte-coreanos de curto e médio alcance durante a fase final de voo. Estados Unidos e Coreia do Sul decidiram instalar o THAAD após as negociações entre o presidente interino sul-coreano Hwang Kyo-ahn e o vice-presidente americano Mike Pence.
O ministério sul-coreano da Defesa informou nesta quarta-feira que espera aplicar a fase operacional do THAAD "o mais rápido possível", com o objetivo de ter a instalação completa até o fim do ano.
A tensão aumentou na península coreana nos últimos meses e o governo de Trump deu respostas bélicas aos testes de mísseis balísticos norte-coreanos.
Trump e vários funcionários do governo americano afirmaram que todas as opções, incluindo as militares, estão "sobre a mesa". O presidente americano declarou na segunda-feira que o Conselho de Segurança da ONU deveria "estar preparado" para impor novas sanções a Pyongyang.
Mas a Coreia do Norte não demonstra a intenção de recuar. Após um gigantesco desfile militar em 15 de abril para celebrar o 105º aniversário do nascimento do fundador do regime, Kim Il Sung, a Coreia do Norte anunciou que realizou importantes exercícios na terça-feira, por ocasião do aniversário de 85 anos da criação do exército.
A imprensa norte-coreana menciona nesta quarta-feira os "mais importantes exercícios de artilharia", supervisionados por Kim Jong-un, que aparece em diversas fotos, sorridente, diante do espetáculo. (Com agências internacionais)
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